Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Colunas#A voz do Pastor

Coluna

- Publicada em 01 de Julho de 2010 às 00:00

A capela do Hospital de Clínicas


Jornal do Comércio
Capela é uma igreja destinada à devoção particular. Tem seu centro no tabernáculo, onde se guarda o Santíssimo Sacramento, e é ornada de algumas imagens, modelos e protetores dos devotos. Sua ereção requer a autorização do bispo local, mediante um ofício, solicitando este benefício. Reveste-se, por isso, de oficialidade.

Capela é uma igreja destinada à devoção particular. Tem seu centro no tabernáculo, onde se guarda o Santíssimo Sacramento, e é ornada de algumas imagens, modelos e protetores dos devotos. Sua ereção requer a autorização do bispo local, mediante um ofício, solicitando este benefício. Reveste-se, por isso, de oficialidade.

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre obteve, há mais de 30 anos, o privilégio de uma capela. Naquela ocasião, ofereceu um recinto apropriado para favorecer a devoção de seus usuários. Em junho, correu voz de que a direção do hospital teria mandado desativar este lugar sagrado, privando-o da característica cristã. Até hoje, porém, a direção não fez chegar um documento oficial neste sentido. Portanto fica tudo apenas na notícia jornalística. A única pessoa competente para desativar a capela católica, erigida sob sua direção, a pedido da direção do hospital de então, é o arcebispo.

Portanto, se a atual direção do hospital julgasse inoportuna a permanência da capela, não lhe caberia mandar aos seus funcionários desativá-la. Deveria dirigir um ofício à Mitra Arquidiocesana expondo suas razões para um eventual diálogo. É o que não foi feito. A capela é de competência do arcebispo. Mandar descaracterizá-la, tirando-lhe sua característica própria, sem consultar a Mitra, constitui uma afronta.

O fato de substituir, no hospital ou em qualquer repartição pública, o Cristianismo, que plasmou nossa nacionalidade, com seus símbolos, por uma religião oriental, conhecida por Nova Era - em inglês, New Age - não é nem democrático nem coerente. Na verdade, não se trata de conceder liberdade religiosa, que não está em questão, mas de privilegiar uma religião praticamente inexistente entre nós e que em nada influiu nossa cultura.

Se a direção tivesse notificado a Cúria de que não há mais católicos interessados neste recinto sagrado, concedido há mais de 30 anos, e quisesse disponibilizá-lo para outra religião, com mais adeptos, não haveria reação. Mas privar os católicos de sua capela, oficialmente credenciada há tanto tempo, para cedê-la a uma religião sem rosto, que não se quer revelar publicamente, soa como desaforo. A população porto-alegrense criou um laço de afeto por aquele lugar. Despojá-la tão arbitrariamente só pode causar mágoa.

A Constituição garante liberdade religiosa. Também para os católicos. Diálogo é reconhecer a identidade de cada religião, na proporção de sua população e de sua influência na cultura brasileira. O Hospital Moinhos de Vento, de propriedade luterana, por exemplo, acolheu, com muito carinho, em sua capela, a presença da eucaristia para poder ser levada aos enfermos católicos ali baixados. Isto é gesto de hospitalidade ecumênica!

O acordo entre o Brasil e a Santa Sé, assinado no dia 13 de novembro de 2008, pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio da Silva, e pelo Papa Bento XVI, em Roma, e ratificado em 2009 pelo Congresso Nacional, plenamente dentro dos princípios da Constituição brasileira, garante à Igreja Católica, no artigo 8, o direito de assistência espiritual a seus fieis internados em estabelecimentos de saúde, assistência social, educação e em penitenciárias. Pelo art. 7, proporciona proteção aos lugares de culto, assegurando que não demolirá nem ocupará edifício, dependência ou objeto de culto católico. No art. 14, empenha-se pela destinação de espaços físicos para fins religiosos. Este acordo agora foi desrespeitado!

Não se trata de privilégios para a Igreja, mas de um reconhecimento da obra benemérita que realiza em prol dos cidadãos. Sabe-se que a religião constitui fator fundamental de uma boa convivência humana, de saúde e de bem-estar social. O que se concede à Igreja Católica, pelo acordo, não redunda em prejuízo para as demais confissões religiosas. Não se pretende fazer prosélitos, mas atender adequadamente aos próprios fiéis, que são cidadãos brasileiros.

O que mais dói no caso do Hospital de Clínicas não é o desrespeito para com a Igreja Católica, nem a exclusão das imagens, mas a expulsão de Cristo, presente no sacrário, do seu recinto. Isto não pode deixar ninguém insensível!

Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO