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Turismo

- Publicada em 08 de Setembro de 2015 às 00:00

Financiamento é opção para quem quer viajar


Jornal do Comércio
Crise na economia e variação cambial não são ingredientes que contribuem para o turismo, uma vez que boa parte dos consumidores tem perdido poder de compra. Enquanto as pessoas da classe A mudam o rumo das viagens, trocando destinos internacionais por cidades brasileiras, a classe média adia a decisão na compra de pacotes turísticos. Mas, para aqueles que não querem abrir mão de viajar, o financiamento pode ser uma saída, quando bem planejado.

Crise na economia e variação cambial não são ingredientes que contribuem para o turismo, uma vez que boa parte dos consumidores tem perdido poder de compra. Enquanto as pessoas da classe A mudam o rumo das viagens, trocando destinos internacionais por cidades brasileiras, a classe média adia a decisão na compra de pacotes turísticos. Mas, para aqueles que não querem abrir mão de viajar, o financiamento pode ser uma saída, quando bem planejado.

Desde 2005, o governo federal incentiva o setor por meio da articulação de linhas de crédito junto a bancos. Na Caixa Econômica Federal (CEF), o limite de crédito concedido de acordo com a análise deve ser de no mínimo R$ 2 mil. Já no Banco do Brasil (BB), o máximo que o usuário pode financiar é até R$ 10 mil. Com economia desaquecida, a ferramenta é uma das apostas para o segundo semestre de 2015.

No ano passado, a CEF emprestou R$ 270,3 milhões nesta modalidade para brasileiros, mais do que o dobro do valor de 2010, quando foram tomados R$ 133 milhões em crédito. O produto é o Cartão Turismo Caixa, um financiamento que pode ser feito em até 48 meses e que cobre despesas com meios de hospedagem, companhias aéreas, restaurantes, agências de viagens, locadoras de automóveis e parques temáticos. “O Ministério do Turismo (Mtur) tem o papel de incentivar essas linhas para que mais brasileiros viajem pelo País e mais empresários invistam no turismo”, afirma o coordenador-geral de investimentos do Mtur, Marcio Vantil.

Na mesma linha da Caixa, um crediário do Banco do Brasil parcela a compra de pacotes de viagem, passagens aéreas e hospedagem. No ano passado, foram concedidos cerca de R$ 1,14 milhão em créditos a correntistas, um gasto médio alto, de cerca de R$ 3,4 mil por pessoa. “Ficou difícil viajar para as classes média e baixa.

O financiamento abre uma possibilidade para quem foi prejudicado pelo cenário econômico, sendo uma alternativa para que essas pessoas não deixem de realizar um sonho ou de descansar”, avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Sul (ABIH-RS), Abdon Barreto Filho. O dirigente destaca que os baixos custos de viagens vinham possibilitando, nos últimos anos, que milhões de pessoas fossem incorporadas ao mercado de turismo. 

Segundo pesquisa recente do MTur, entre os entrevistados que manifestaram intenção de viajar, 73% escolheram destinos nacionais, especialmente da região Nordeste. O mesmo estudo aponta que, até 2014, o setor de turismo vinha se mantendo em alta no País, com um salto de 186,1 milhões de viagens domésticas, em 2010, para 206 milhões no ano passado. Paralelamente, o MTur também articula linhas de crédito para a iniciativa privada junto a bancos, como BB, CEF, Bndes, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste. Somente em 2014, esse trabalho resultou em R$ 13,38 milhões em financiamentos para construção de hotéis, locação de veículos, agências de turismo, parques temáticos e outras empresas do setor.

Para Barreto Filho, o fato de a economia estar desaquecida causa um desequilíbrio, com mais oferta que demanda. “Com novos investimentos, Porto Alegre é um exemplo de cidade onde o número de leitos em hotéis é maior que a procura”, diz. Para o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, o mercado tem apostado no setor, “o que reforça que o turismo reúne todas as condições de ajudar o Brasil a enfrentar a crise”. “Apesar do cenário adverso, o setor tem registrado indicadores positivos em diversas atividades. Chegou a hora do Brasil encarar o turismo como um vetor do desenvolvimento econômico”, pontua Alves.

“Ainda não sentimos impacto positivo com o estímulo aos financiamentos”, aponta o presidente da ABIH-RS. “O financiamento é uma alternativa para o consumidor de classe média, mas tem juros, o que torna mais vantajoso pagar à vista e obter descontos”, pondera o presidente da regional Sul da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-RS), Danilo Kehl Martins. “As pessoas estão com medo de se comprometerem com prestações. A falta de perspectiva é que é o problema”, admite.

Parcelamento sem juros pode ser mais vantajoso

Mesmo que o financiamento seja uma alternativa para quem quer viajar, é preciso lembrar que o planejamento é sempre importante, destaca o educador financeiro Cláudio Henrique Tenroler. Ele adverte que tomar empréstimo para viajar é uma forma de “viver fora do padrão”, e que não é salutar para o orçamento doméstico. “O ideal é se adequar à realidade e planejar as férias a curto ou médio prazo”, aconselha Tenroler. Para o especialista, o principal problema do financiamento é ter de pagar juros. “É o mesmo que jogar dinheiro fora”, define.

Tenroler frisa que, mesmo que um passeio de férias seja programado, sempre há os gastos extras, e que, em geral, é comum que se desembolse mais que o esperado. “Uma boa conversa é o adequado, primeiro para diagnosticar as finanças, equilibrando o que tem para receber e pagar nos próximos meses, e definindo quais são as férias que se pode bancar”, ensina. 

Se, por exemplo, viajar para um destino sairá R$ 15 mil e este valor é alto para a família, a melhor atitude é escolher um local mais em conta, e, a partir daí, economizar mensalmente, para criar uma reserva financeira para as férias. O especialista considera que, por mais “tentador” que seja, financiar uma viagem é o mesmo que “jogar despesa para a frente”. “Depois, quando chega na hora de pagar, provavelmente se toma mais crédito, criando um círculo vicioso”, reforça.

No Rio Grande do Sul, as agências de viagens costumam trabalhar com parcelamentos em até 10 vezes sem juros, destaca o presidente da Abav-RS, Danilo Kehl Martins. “Este financiamento do governo não deslancha mais, porque tem juros, encarecendo o produto final”, destaca o dirigente. “O parcelamento é muito significativo, eu diria que de 70% a 80% dos consumidores aderem a essa forma de pagamento nas agências”, calcula Martins. 

De acordo com a Assessoria de Imprensa da CVC Turismo, a maioria dos clientes não responde bem a parcelamentos acima de oito meses. A agência é um exemplo de empresas que trabalham com 60% a 70% do público optando por pagamentos em parcelas de até 10 vezes sem juros.

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