O domingo de sol e a elevação da temperatura em Porto Alegre contribuíram com a festa que ocorreu antes do jogo entre a Argélia e a Coreia do Sul, às 13h, no estádio Beira-Rio. O Caminho do Gol vai do início da avenida Borges de Medeiros, perto do Mercado Público, até a subida do Viaduto Dom Pedro I. Na multidão de pessoas que rumava para o estádio e para a Fan Fest, uma mistura de camisetas das seleções argelina, sul-coreana, argentina e brasileira, além das vestimentas com as tradicionais cores da dupla Grenal. Os idiomas ouvidos, que, na semana passada, se resumiam ao inglês e ao português, se somaram a línguas árabes, ao francês e ao espanhol.
Entre os torcedores das seleções que iriam jogar, a maioria era da Argélia. Animados, argelinos figuravam com bandeiras, chapéus e roupas com as cores branca, verde e vermelha. “One, two, three, viva Algerie”, gritava um grupo entusiasmado, chamando para engrossar o coro os muitos curiosos que passavam. Os personagens eram atração confirmada entre os brasileiros, que os puxavam o tempo todo para tirar fotos.
Segundo Mem-Hasil Mohamed, de 30 anos, seu grupo já esteve em Belo Horizonte, onde o time perdeu para a Bélgica por 2 a 1, e deve ir nesta semana para Curitiba, para assistir, na quinta-feira, ao jogo contra a Rússia. Sobre Porto Alegre, somente elogios. “Magnífica cidade, magníficas pessoas. Fomos muito bem recebidos neste belo município, os brasileiros são muito gentis”, comentou Mohamed. A expectativa dos torcedores é de que passem para a segunda fase. “Mas quem vai ganhar a Copa é o Brasil”, prevê o argelino.
O sonho do argelino Houari Triki, de 38 anos, era conhecer o País. Agora, se concretizou. “O Brasil é magnífico, é um lugar continental. Muita cultura, ambiente ótimo. Vim aqui e posso confirmar que o Brasil é, mesmo, um sonho”, emocionou-se ao falar, relembrando a partida entre Brasil e Argélia na Copa do Mundo de 1986, quando os canarinhos ganharam por 1 a 0. Foi a única vez que as duas seleções se enfrentaram em copas.
Mais tímidos, porém igualmente alegres, os coreanos Gunho Kim, Sangwon Jeon e Sewook Kown, todos de 23 anos, ficarão no País durante três semanas. Estão gostando muito de Porto Alegre e se hospedam em um hotel no Centro. “Vamos ganhar a partida por 5 a 0 contra a Argélia”, prometiam. Não deu. O jogo com a Rússia, na semana passada, também não terminou com vitória – empataram em 1 a 1. A festa, porém, continua – na quinta-feira, ainda há esperança de conquistar uma vaga na segunda fase, se a seleção vencer a Bélgica.
Transmissão da partida entre Argélia e Coreia do Sul leva 35 mil à Fan Fest
Durante a partida entre Argélia e Coreia do Sul, a terceira da Copa do Mundo realizada em Porto Alegre, cerca de 35 mil passaram pela Fan Fest, no Anfiteatro Pôr-do-Sol. Visivelmente, a maioria era de porto-alegrenses curiosos pelo jogo que ocorria logo ao lado, no estádio Beira-Rio. Entre os espectadores, poucas vestimentas ou acessórios demonstravam a preferência por alguma das seleções, ambas de países distantes com pouca tradição no futebol.
O amor pela Coreia do Sul, contudo, fez com que mãe e filhas se trajassem com as cores do país e fossem torcer no local. “Eles são lindos!”, exaltam as meninas Carla e Rafaela Ramos Keller, em coro. Elas foram à concentração da seleção, na zona Norte de Porto Alegre. “Foram amáveis, educados, nos trataram com muito carinho, nos chamaram para tirar foto”, conta Márcia Ramos, mãe das garotas.
A afetividade foi tanta que a família pôde conviver com os atletas, que ofereceram camisetas e brindes do time, que estavam sendo estreadas na Fan Fest. As jovens gostam dos costumes sul-coreanos há cerca de três anos. “Adoramos a cultura e a música deles”, explica Rafaela. Sobre o futebol do país, não se mostram tão entusiasmadas. “A gente está torcendo, né”, pondera.
O argentino Nestor Bellini veio a Porto Alegre para assistir ao jogo entre Argentina e Nigéria, que será na próxima quarta-feira. Na Fan Fest, porém, vestia uma camiseta da Argélia, presenteada por um amigo. “Argélia está jogando bem. Sinto-me identificado com a Argélia por muitas coisas. O nome Argentina, por exemplo, tem a mesma raiz que o nome Argélia”, comenta.
O resultado da partida não importava tanto para Bellini. “Estou desfrutando. Vim mesmo foi para conhecer Porto Alegre e adorei. As pessoas são muito amáveis, me encanta a dinâmica cultural da cidade e os bares, que têm uma estética interessante. Se vê que os porto-alegrenses estão aproveitando o Mundial”, comenta o argentino, oriundo de Paraná, da província de Entre Ríos.