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242 anos de porto alegre

- Publicada em 28 de Março de 2014 às 00:00

À espera do clima da Copa do Mundo


MARCOS NAGELSTEIN/JC
Jornal do Comércio
O prefeito José Fortunati encerra a série de cinco reportagens publicadas pelo Jornal do Comércio na Semana de Porto Alegre. Nesta entrevista, Fortunati admite que há pouco entusiasmo com a Copa do Mundo pela falta de empolgação com a Seleção Brasileira. “Aqui vivemos em função da dupla Grenal.” Aos 58 anos, o prefeito relaciona virtudes locais como a diversidade étnica e o verde da cidade, que tem esquentado confrontos e interrompido obras. Cobra de quem é contra a derrubada de algumas árvores, mas não se rebela em relação ao avanço de construções e da poluição. Admite que saúde é a área que considera a pior na sua gestão.
O prefeito José Fortunati encerra a série de cinco reportagens publicadas pelo Jornal do Comércio na Semana de Porto Alegre. Nesta entrevista, Fortunati admite que há pouco entusiasmo com a Copa do Mundo pela falta de empolgação com a Seleção Brasileira. “Aqui vivemos em função da dupla Grenal.” Aos 58 anos, o prefeito relaciona virtudes locais como a diversidade étnica e o verde da cidade, que tem esquentado confrontos e interrompido obras. Cobra de quem é contra a derrubada de algumas árvores, mas não se rebela em relação ao avanço de construções e da poluição. Admite que saúde é a área que considera a pior na sua gestão.
Jornal do Comércio – Como o senhor define a Porto Alegre aos 242 anos?
José Fortunati – Porto Alegre é uma das boas cidades para se viver no mundo. O nosso estágio de desenvolvimento humano é bastante positivo, mesmo com as deficiência do País. Temos a riqueza étnica, que nem sempre valorizamos. Se mudássemos essa postura, atrairíamos mais investimentos e turismo. Somos muito tímidos na divulgação do que temos. Além disso, somos a capital ambiental do Mercosul, com nossas 619 praças (eram 580 quando assumi), oito grandes parques e três unidades de conservação, além de 1,3 milhão de árvores plantadas nas ruas e projetos de sustentabilidade, da coleta seletiva e o Programa Integrado Socioambiental (Pisa), que elevará de 27% a 80% o tratamento do esgoto em 2015.
JC – O que ficará pronto das obras para a Copa?
Fortunati – Retiramos as obras de mobilidade da matriz de responsabilidades em 2013. Quando falo de Copa é o estádio Beira-Rio e o entorno. O viaduto é enorme, acompanho o passo a passo e vai ficar pronto. Do HPS, ficará pronta a parte do atendimento de urgência e emergência, que era a previsão.
JC – O clima de Copa na cidade não está demorando?
Fortunati - Em Porto Alegre, não, pois a “seleção gaúcha” não está em campo. Vivemos em função da dupla Grenal e não da Seleção Brasileira. A Seleção não nos empolga, esta é a verdade. Mas independentemente disso, a cidade terá visibilidade, todas as delegações de seleções que jogarão aqui já nos visitaram. No momento certo, o Estado vai viver o futebol.
JC – As reações ao cortes de árvores traduz a força ambiental de Porto Alegre?
Fortunati - A preservação é importante, mas há um componente ideológico que tenta vender a ideia de que a prefeitura não preserva o verde. Pega-se algo caro e tenta-se estigmatizar em cima de algumas árvores para atacar a gestão. Quando falo de sustentabilidade ambiental, o gargalo do trânsito causa poluição maior e essas pessoas não estão preocupadas com isso.
JC – É o caráter ideológico?
Fortunati - Manifestações pontuais não são o caso. Mas há um grupo que depreda placas, prédios históricos, que usa algo legítimo e transforma em cavalo de batalha. Não sou contrário à discussão da preservação de árvores e do verde.
JC – O boom da construção e de shopping centers ameaça a marca ambiental?
Fortunati – É natural que com crescimento populacional e da economia a cidade se transforme. É simples dizer que não se pode mais construir, mas para quem? Insisto: temos de fazer unidades do programa Minha Casa Minha Vida para baixa renda, mas as pessoas que são contra as construções não querem no seu local, mas no Lami ou na Restinga. Temos de separar o que é discussão séria sobre desenvolvimento dos que querem manter o status quo. Na mudança do Plano Diretor, baixamos o limite de altura dos bairros com volumetria excessiva. Estamos listando prédios que não podem ser derrubados para construir outros mais elevados, e estamos sendo criticados. E não vejo quem nos ataca, no outro lado, nos defendendo. Algumas pessoas, não todas, se movem por interesses que não os da cidade.
JC – Quais as principais demandas do OP?
Fortunati – Não existe um interesse único, mas uma riqueza de visões. Faço incursões nas comunidades, acompanho o Orçamento Participativo (OP), que contabilizou a presença de 17 mil pessoas. Problema é quando um pequeno grupo tenta impor uma visão totalitária. Na licitação do transporte coletivo, um pequeno grupo queria a estatização, mas nas plenárias do OP, com mais de 300 a 400 pessoas por encontro, não emergiu esta vontade, mas demanda por ar condicionado e outras sobre o serviço. Ouço quem vem ao diálogo, não quem tenta impor pela força.
JC – E quando começa a construção do metrô?
Fortunati – Até 10 de abril, teremos o resultado da Proposta de Manifestação de Interesse (PMI). Depois prepararemos o edital de licitação, que deve ser lançado no segundo semestre. Acredito que o resultado saia este ano. No que depender da prefeitura, as obras começam em 2015.
JC – O OP completa 25 anos. Há ajustes a fazer?
Fortunati – O OP é um dos instrumentos mais fortes de participação moderna que a cidade tem. O Banco Mundial o considera modelo de transparência. Somos uma das poucas cidades cujas decisões das plenárias são deliberativas e não apenas consultivas. Descobrimos, em 2013, 1,2 mil demandas paradas ou perdidas desde 1989. Depuramos e atualizamos a necessidade nas regiões, o que fortaleceu o OP, cujas obras e serviços estão na lei orçamentária para serem cumpridos.
JC – Não é pouco 17 mil pessoas decidindo o OP entre 1,4 milhão de habitantes?
Fortunati – Não considero pouco. Discute-se se fazemos o OP presencial ou pela internet ou os dois, mas não me convenci disso, pois mataremos a discussão entre os moradores. Fazemos campanhas e transmitimos as plenárias pela web. Não podemos obrigar ninguém a comparecer.
JC – Os jovens estão indo ao OP?
Fortunati – Sim, mas estamos pensando em criar o OP da juventude, pois sabemos que as demandas gerais (habitação, serviços) lideram na alocação de recursos. Estamos trabalhando para formatar um OP Jovem, com recursos reservados. Em 2013, não deu, vamos tentar em 2015.
JC – Qual é o maior problema da Capital hoje?
Fortunati – A saúde, e a razão é porque atendemos cada vez mais pacientes do Interior, quando o convênio com a União prevê 45% de fora e 55% da Capital (hoje é 70% do Interior e 30% locais), e tivemos queda de repasse de verbas em 2013. O outro problema está na informatização, devido à pendência judicial, mas que vamos desatar mudando o software de marcação de consultas. Sai o Aghos e entra o E-SUS, do governo federal. Não posso ficar até o ano de 3.000 discutindo na Justiça. Seremos a capital referência no País, a pioneira a usar o E-SUS, que entra em 2014. Parte do investimento será federal. O Aghos está instalado, mas o TCE entende que não houve licitação. Vamos zerar tudo e começar com novo sistema.
JC - O Sistema Integrado de Administração Tributária (Siat) também virou problema. Como sair desse imbróglio?
Fortunati – Tenho convicção de que todas as iniciativas do Siat foram feitas com extrema boa fé. Nada se pode dizer que beneficiou A ou B. Sem o Siat, deixamos de arrecadar R$ 100 milhões - até R$ 80 milhões sem a Nota Fiscal Eletrônica (NFE), e outros milhões de reais no IPTU. Levamos ao Ministério Público uma proposta que daria solução, que depende do Judiciário.
JC – Depois de novo déficit em 2013, o orçamento de 2014 será mais realista?
Fortunati – Em 2013, cortamos R$ 101 milhões com enxugamentos. Atuamos em cima do real e não do orçamento projetado, mas o déficit ficou em R$ 149,1 milhões. O orçamento de 2014 será o mesmo de 2013, pois nos ajustamos às dificuldades do segundo semestre do ano passado.
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