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242 anos de porto alegre

- Publicada em 24 de Março de 2014 às 00:00

Capital aposta no turismo de eventos


IVO GONÇALVES/PMPA/JC
Jornal do Comércio
As oportunidades promovidas pela Copa do Mundo trouxeram para Porto Alegre mais do que a expectativa temporária, mantida apenas durante a realização do Mundial. O evento esportivo, considerado o maior do planeta, impulsionou segmentos que, depois de instalados, tornam-se parte da estrutura da cidade, ficam como legado, termo que tem sido explorado à exaustão, mas que representa bem o setor hoteleiro.

As oportunidades promovidas pela Copa do Mundo trouxeram para Porto Alegre mais do que a expectativa temporária, mantida apenas durante a realização do Mundial. O evento esportivo, considerado o maior do planeta, impulsionou segmentos que, depois de instalados, tornam-se parte da estrutura da cidade, ficam como legado, termo que tem sido explorado à exaustão, mas que representa bem o setor hoteleiro.

Os investimentos em ampliação da rede aumentaram em mais de 53% o número de leitos disponíveis na Capital, que passaram de 13 mil em 2007, ano que foi anunciada a realização da Copa do Mundo no Brasil, para 20 mil neste ano. E, apesar de estarmos em um ano atípico, o boom hoteleiro mantém-se forte.

De acordo com o superintendente do Porto Alegre Convention & Visitors Bureau, José Amilton Lopes, a perspectiva é de que, nos próximos dois anos, a quantidade de leitos chegue a 24 mil. “Porto Alegre não precisaria ter mais hotéis. É desafiador esse cenário, mas o mercado aposta nesse crescimento. Os investidores olham para Porto Alegre com a perspectiva de que a cidade tem espaço para evoluir”, pontua. O desafio está colocado: como adequar oferta e demanda para além da Copa do Mundo?

A resposta possível, e que ganha cada vez mais evidência no mundo todo, vem de um setor específico do ramo, o turismo de eventos e negócios. O segmento – conhecido também como Mice (Meetings, Incentives, Conventions e Exhibitions, ou, em português, Encontros, Incentivos, Convenções e Exposições) – é disputadíssimo. A cidade que recebe um evento de grande porte garante o movimento de toda uma cadeia, que engloba acomodações, gastronomia e uma série de serviços, com um ganho a mais: atrai um perfil diferenciado de turista, que tem um consumo médio maior do que os demais.

 “Todas as pesquisas a que temos acesso, feitas até por órgãos públicos, apontam que o turista de eventos investe quase o dobro do que um visitante corporativo ou de lazer. O corporativo gasta, em média, R$ 150,00 por dia, enquanto que o de eventos deixa na cidade R$ 320,00”, dimensiona Lopes. Além do ganho econômico, o superintendente do CVB ressalta que há ainda um ganho de conhecimento para a cidade que sedia congressos e seminários. “O evento, quando vem, deixa capital de conhecimento, porque a incidência de participação no local é maior, e o conhecimento se dissemina muito mais.”

Segmento de negócios atrai riquezas para a metrópole gaúcha

Assim como a Copa do Mundo, o Mice também traz para o País uma leva de visitantes internacionais. De acordo com avaliação do Ministério do Turismo, a principal razão da vinda de estrangeiros para o Brasil é o lazer, seguido de negócios, eventos e convenções, com a mesma distinção de gastos apontada pelo Convention Bureau de Porto Alegre. Em 2012, o gasto médio por turista estrangeiro que visitou o País a lazer foi de US$ 73,77 contra US$ 120,25 do visitante que veio a negócios ou para participar de eventos. 

Porto Alegre, nesse cenário, está entre os principais destinos do País. No período avaliado, entre 2006 a 2012, oscilou entre a terceira e a quarta posição do ranking, liderado por São Paulo e Rio de Janeiro. A posição da capital gaúcha tem sido disputada com Curitiba, mas as duas cidades tiveram resultado bem próximo em 2012. Curitiba respondeu por 4,4% da demanda no segmento e Porto Alegre foi responsável por 4,1% do total. Ambas ainda ficam muito abaixo das líderes São Paulo (48,3%) e Rio de Janeiro (23,9%).

O que determina a preferência por uma ou outra cidade é a capacidade de sediar o evento, o que pressupõe não só uma rede hoteleira estruturada, amparada por serviços de qualidade, mas também a presença de espaços que comportem um grande número de pessoas. “O turismo de negócios e eventos já é um segmento avançado em Porto Alegre. Isso não é de hoje, houve uma decisão deliberada do trade turístico com a área pública de investir nesse setor. Atingimos um patamar importante, mas, para crescer, precisamos seguir investindo”, detalha o secretário municipal de Turismo, Luiz Fernando Moraes.

No ranking mundial do International Congress and Convention Association (ICCA), que acompanha a realização de eventos associativos internacionais, o Brasil ocupa a 7ª posição. Quando avaliado apenas o cenário nacional, de acordo com a mesma entidade, Porto Alegre ocupa posição entre as principais cidades do País. Em 2004, 2007 e 2008, a Capital recebeu, respectivamente, 14, 12 e 13 eventos do segmento, o que fez com que figurasse na 4ª posição da listagem. Em 2012, foram 12 eventos, mas a cidade ocupou o 7º lugar.

“Porto Alegre é muito importante para a América do Sul, está próxima da Argentina e do Uruguai, e tem infraestrutura para sediar eventos internacionais”, ressalta o presidente do ICCA na América Latina, Santiago Gonzalez.

Futuro centro de convenções vai assegurar mais competitividade

Para Moraes, investimento colocará a cidade em outro patamar. ANTONIO PAZ/JC
A Capital, nesse contexto, busca competitividade. Tendo o Centro de Exposições da Fiergs como o maior espaço para locação e realização de feiras, a Capital carece de mais equipamentos, não só para comportar uma quantidade maior de participantes (segundo o secretário municipal de Turismo de Porto Alegre, Luiz Fernando Moraes, o teatro do local comporta, sentadas, 1,8 mil pessoas) como também para que a cidade consiga receber eventos grandes simultaneamente.
 
Essa mesma preocupação se expande para todo o País, demanda que gerou, no ano passado, investimentos específicos do PAC do Turismo na construção de centros de convenções por todo o Brasil. Com recursos totais de R$ 461 milhões, 11 cidades já garantiram aporte para ampliar equipamentos locais. Duas cidades receberam os maiores estímulos: São Paulo e Porto Alegre, que garantiram R$ 60 milhões, cada uma.
 
 “A capacidade empreendedora é fundamental na hora de avaliar quais cidades receberão os investimentos, e Porto Alegre tem esse perfil de gente que empreende, que dará utilidade a esse espaço”, justifica o diretor de produtos de destinos do Ministério do Turismo (MTur), Marcelo Lima Costa.
 
O secretário de Turismo da Capital revela que a administração municipal projeta um espaço que demandará ainda mais recursos, tendo custo final de aproximadamente R$ 120 milhões (o dobro do garantido pelo Mtur). “Queremos construir um espaço de 27 mil metros quadrados, com possibilidade de expansão. Isso significa triplicar a capacidade em relação ao maior equipamento que temos instalado na cidade, disponibilizando uma área de convenções capaz de receber 4 mil pessoas sentadas ao mesmo tempo. Esse investimento nos coloca em outro patamar”, pontua o secretário municipal de Turismo, Luiz Fernando Moraes.

Investimentos público e privado reforçam potencial da cidade 

A soma de esforços das iniciativas pública e privada, que investem em obras na Capital, culminará com uma Porto Alegre mais atrativa para recepção de eventos nacionais e internacionais. A rede hoteleira e de serviços conta com mudanças viárias, em curso, para resolver problemas de mobilidade urbana. “O cidadão porto-alegrense reclama, hoje, dessas obras, porque atrapalham mesmo, mas é algo temporário, diferente de cidades que já estão saturadas, como São Paulo e Rio de Janeiro, que acabam perdendo competitividade por esse problema”, avalia o superintendente do Porto Alegre Convention & Visitors Bureau, José Amilton Lopes.
Outros projetos aguardados com ansiedade pelo grupo é a conclusão de propostas que ampliem a oferta de lazer na Capital, já que essa condição também é avaliada por entidades na hora de escolher a cidade que sediará um evento. “Talvez a gente não tenha equipamentos âncoras, ainda, que motivem turistas para conhecer a cidade, mas temos dois investimentos importantes, que possivelmente irão mudar essa ideia e contribuir muito para o lazer, que são o Cais Mauá revitalizado e a urbanização de toda orla. Equipamentos como o Cais têm um apelo que a gente já conhece pelas experiências no mundo. A nossa orla também nos dará outra contribuição nesse sentido”, comenta o secretário municipal de Turismo, Luiz Fernando Moraes.
Além de aportar o crescimento da rede hoteleira e de serviços, a iniciativa privada busca impulsionar a Capital para a conquista de mais eventos. Neste mês, o Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (SindPoa) e o Porto Alegre Convention & Visitors Bureau assinaram um termo de convênio no valor de R$ 300 mil para este ano. O montante será usado para a elaboração de projetos para captação de eventos no município. A parceria pode ser reafirmada em 2015, com investimento de mesmo valor.
“O empresariado sabe que, sem esse investimento, não teremos como conseguir captar eventos, e esse investimento é importante para dar musculatura às nossas ações”, afirma Lopes, detalhando que o Convention Bureau é uma entidade sem fins lucrativos. Passado o período da Copa do Mundo, Porto Alegre continuará recebendo eventos importantes. A Conferência Internacional de Educação Musical é um dos maiores eventos do segundo semestre e ocorre entre 20 e 25 de julho, com público estimado de 3 mil pessoas, sendo que, destas, 1,2 mil virão de fora do País. 
Consagrada como cidade que recebe visitantes pela qualidade dos serviços privados de saúde, Porto Alegre será sede, em novembro, do 44º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervicofacial, que atrairá 4 mil pessoas (1,6 mil estrangeiros). De acordo com o secretário municipal de Turismo, a saúde movimenta o turismo da cidade e surpreende pela quantidade de turistas atraídos pela excelência médica. “Os hospitais começaram a fazer um levantamento e se surpreenderam com o potencial dessa área. Temos muitas pessoas que vêm de regiões que não têm tantos centros de referência em saúde, como o Uruguai, mas também é grande a quantidade de pessoas que vêm dos Estados Unidos, em busca de atendimento com qualidade semelhante a do país de origem, mas com preços melhores.”
Turismo de Negócios em Porto Alegre 
  • Número de participantes: 127.410 (2011) 93.520 (2012) 150.132 (2013)
  • Pernoites: 181.536 (2011) 109.168 (2012) 229.756 (2013)
  • Impacto econômico: R$ 44 milhões (2011) R$ 74 milhões (2012)  R$ 97,4 milhões (2013). Fonte: Porto Alegre Convention & Visitors Bureau
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