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FÓRUM SOCIAL TEMÁTICO

- Publicada em 23 de Janeiro de 2014 às 00:00

Economista sugere troca de meta de inflação por crescimento


MARCOS NAGELSTEIN/JC
Jornal do Comércio
O economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Fernando Ferrari Filho defendeu ontem, em Porto Alegre, a mudança do foco de atuação da política econômica brasileira. Em vez de se preocupar tanto com metas de inflação, Ferrari propôs que se adotem metas de crescimento. Para o economista, a média anual de 6,7% do nível de correção de preços desde a adoção do modelo, após a crise cambial de 1999, não é razão de alarme, e a indexação da economia não tem gerado maiores danos. O professor de macroeconomia apontou que o problema que deve concentrar ações da equipe econômica é o crescente déficit externo.
O economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Fernando Ferrari Filho defendeu ontem, em Porto Alegre, a mudança do foco de atuação da política econômica brasileira. Em vez de se preocupar tanto com metas de inflação, Ferrari propôs que se adotem metas de crescimento. Para o economista, a média anual de 6,7% do nível de correção de preços desde a adoção do modelo, após a crise cambial de 1999, não é razão de alarme, e a indexação da economia não tem gerado maiores danos. O professor de macroeconomia apontou que o problema que deve concentrar ações da equipe econômica é o crescente déficit externo.
Ferrari, um dos convidados do painel sobre os impactos da atual crise do sistema capitalista nas economias emergentes, promovido pela Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL) no Fórum Social Temático (FST) 2014, advertiu que a fragilidade das contas externas exige maior fluxo de reservas e estão no visor das agências de classificação de risco. “Inflação não é o problema da economia, mas da oposição e da imprensa”, opinou o professor, que aponta debilidades internas como combustível à saída de dólares. A alteração da prioridade não implicaria realimentar o processo inflacionário do passado, mas resgatar as medidas que podem elevar o desempenho médio do Produto Interno Bruto (PIB) além de 2% a 2,5% ao ano.
A ação no câmbio, que experimentou muita volatilidade em 2013, foi criticada por Ferrari, que citou o baixo investimento (privado e público) na atividade produtiva, renda per capita média baixa e dependência cada vez maior a commodities para gerar saldo comercial como gargalos. “É a maldição dos recursos naturais”, definiu o economista. Para Ferrari, o Banco Central deve adotar o câmbio administrado e controle de capitais. “Em vez disso, o BC fica brincando com o IOF”, criticou. O esgotamento do modelo baseado em consumo, balizador da receita contracíclica do governo Lula e mantido na era Dilma Rousseff no pós-crise de 2008, foi indicado como parte do componente da  desaceleração da atividade. “Além disso, o BC trabalha com PIB potencial de até 3%, entendendo que crescimento acima disso gera inflação”, lembrou.
Ferrari, um acadêmico de influência keynesiana (herança do inglês John Keynes, que defendia a ação do Estado na economia, principalmente nas crises), apresentou a uma plateia de sindicalistas que resistiu por mais de duas horas no abafamento da Usina do Gasômetro, resoluções para reposicionar a economia brasileira. O professor ressaltou que é preciso conciliar inclusão social com equilíbrio da balança externa, indicando a importância da ação institucional para executar medidas. O ambiente institucional foi ressaltado como positivo pelo jornalista e assessor parlamentar do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), André Santos, desde o primeiro governo Lula, 2003 a 2006. Santos citou a criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social como mecanismo para apoio a medidas.
O escritor e consultor sindical Ernesto Germano Pares elencou os efeitos da atuação de companhias transacionais para a geração de trabalho e renda e os riscos da movimentação financeira. “Estima-se que os capitais financeiros somem mais de US$ 600 trilhões, para um PIB de US$ 60 trilhões. Cem companhias dominam 70% do mercado mundial”, traçou Pares, indicando que os efeitos da crise são sentidos nos países ricos e emergentes.
Um dos problemas é a queda na renda média e o aumento da pobreza e, ao mesmo tempo, concentração da riqueza em uma centena de bilionários. As elevadas taxas de desemprego em nações da Europa e maior protecionismo e instabilidade política também estão no conjunto da crise do sistema. “No mercado de trabalho, houve deterioração das relações, com perda de direitos e terceirizações”, citou o consultor sindical.
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