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HISTÓRIAS DO COMÉRCIO E DOS SERVIÇOS

- Publicada em 05 de Agosto de 2013 às 00:00

Café Haiti mantém tradição no Centro da Capital


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
Na entrada do Café Haiti, as bancadas para tomar um cafezinho e prateleiras recheadas de guloseimas dão ao lugar uma aparência de minimercado. Do meio para trás, após passar pela roleta, os clientes sentam em volta de dois grandes balcões em U, enquanto os garçons circulam pelo centro, anotando e entregando pedidos. O sistema de atendimento, adotado em 1956, já se tornou o diferencial do Café Haiti, e o proprietário João Antonio Longoni Klee nem pensa em mudar. “Mantemos esse formato mais por tradição. Hoje, 90% das lancherias têm mesa, qualquer fast food é com mesa. Eu tenho medo de mexer. Está dando certo assim, por que mudar?”
Na entrada do Café Haiti, as bancadas para tomar um cafezinho e prateleiras recheadas de guloseimas dão ao lugar uma aparência de minimercado. Do meio para trás, após passar pela roleta, os clientes sentam em volta de dois grandes balcões em U, enquanto os garçons circulam pelo centro, anotando e entregando pedidos. O sistema de atendimento, adotado em 1956, já se tornou o diferencial do Café Haiti, e o proprietário João Antonio Longoni Klee nem pensa em mudar. “Mantemos esse formato mais por tradição. Hoje, 90% das lancherias têm mesa, qualquer fast food é com mesa. Eu tenho medo de mexer. Está dando certo assim, por que mudar?”
O Café Haiti foi um dos primeiros em Porto Alegre a adotar este “sistema de atendimento expresso”, como é chamado por Klee. Na época, eram só ele e o Café Matheus, da avenida Borges de Medeiros - o Matheus da Rua da Praia não tinha bancos, os clientes eram atendidos em pé. Mesmo as três reformas pelas quais passou o prédio mantiveram intactos os balcões em U: só mudaram as cores e os móveis.
Klee é de uma família tradicional do ramo de alimentação de Porto Alegre. Aliás, já nasceu sobre um café: na Confeitaria Paris, que ficava na Rua dos Andradas em frente ao antigo Grande Hotel, onde hoje está o prédio da Caixa Econômica Federal. Fundada em 1946 pelos avós maternos de Klee, o italiano Paschoal Longoni e a libanesa Assma Chemale Longoni, a cafeteria ficava no térreo do prédio e a residência da família no andar superior. Pouco tempo mais tarde, a Paris foi transferida para a rua Riachuelo, onde está até hoje, e Paschoal começou a ampliar os negócios e marcar o nome da família no comércio da Capital. Em 1949, compraram a Padaria Popular, na rua Coronel Genuíno e, no ano seguinte, fundaram ali dois empreendimentos: a Biscoitos Plic-Plac e a Café Haiti.
Paschoal havia importado máquinas de torrar café da empresa italiana Haiti Corporation. O nome era uma homenagem ao país que tinha o então considerado melhor grão de café do mundo. Buscando associar a sua indústria à qualidade das máquinas italianas, Paschoal chamou de Haiti seu café. Comprovando a aptidão da família para os negócios, não demorou para o Haiti fazer sucesso em Porto Alegre. Tanto que, anos depois, foi necessário instalar uma nova e ampla fábrica no bairro Anchieta, perto do aeroporto Salgado Filho.
O empreendedorismo seguiu rendendo novos negócios. A família já tocava também a Casa Touro quando, em 1954, começou a construir um prédio na avenida Otávio Rocha, perto do resistente Mercado Público, para uma nova cafeteria. Escolheram o mesmo nome da indústria e, em julho de 1955, inauguraram o Café Haiti. O comando do estabelecimento ficou com Klee seu pai, João Klee, que assumiu a gerência. Em 1978, criaram a Churrascaria Hereford, ao lado da Confeitaria Paris. O sucesso da Hereford os levou a planejar um novo restaurante e, em 1986, criaram o Devon, depois chamado Durham, que ficou com a família por 11 anos.
Após terem se desfeito da Confeitaria Paris e dos restaurantes e de mais de 30 anos trabalhando juntos, a família resolveu se separar. A indústria de café e a Plic-Plac foram vendidas para a Cia Zaffari em 1986 e estão atualmente desativadas. O Café Paris permaneceu sob o comando de Klee e seu pai, até que este se afastou pela idade. Com mais de 40 anos dedicados à cafeteria, Klee tornou-se o único membro da família a continuar no negócio e, junto de seu sócio Anselmo Weis e seus cerca de 50 funcionários, mantém o Haiti e toda sua tradição no Centro de Porto Alegre.

Para ficar satisfeito

“Com esse preço eu dou acesso a todas as classes. Uma pessoa que ganha um salário-mínimo pode comer aqui”. Conhecedor de seu público - e das vontades das pessoas – o proprietário do Café Haiti, João Antonio Klee, aposta no preço e na quantidade para atrair os clientes. Nada de lanchinho: as porções são generosas, “para ficar satisfeito”, e os doces são chamados de “mata-fome”, nome que dispensa explicações. O Café Haiti abre às 6h30 e fecha às 22h, de segunda a sábado - domingo e feriado é das 10h às 18h30. No inverno, o carro-chefe é a canja. Nos outros dias, é o quarteto: batata frita, arroz, bife e ovo. Além do café expresso, é claro.
Klee estima que mil pessoas passem diariamente pelo Café Haiti. Com o tempo, João viu a idade dos frequentadores baixar e hoje tem nos jovens o grande público. “Evidentemente não concorremos com redes de fast food como McDonald’s e Pizza Hut. A gente trabalha num nicho particular e tradicional, observando a característica do mais antigo sem deixar de ser moderno”.
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