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- Publicada em 26 de Setembro de 2020 às 10:52

Pesquisadores brasileiros concluem maior banco de dados genômicos de idosos da América Latina

Dados de idosos darão subsídios para que os pesquisadores consigam identificar mutações genéticas responsáveis por doenças

Dados de idosos darão subsídios para que os pesquisadores consigam identificar mutações genéticas responsáveis por doenças


FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC/
O maior banco de dados genômicos de idosos da América Latina foi concluído por pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células Tronco (CEGH-CEL) do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP). Ao todo, 1.171 idosos, com média de idade de 72 anos e não aparentados, tiveram o DNA analisado por cientistas. Os voluntários foram selecionados por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP através o Projeto Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE), em parceria com a FAPESP. Os resultados do estudo estão disponíveis na plataforma bioRxiv.
O maior banco de dados genômicos de idosos da América Latina foi concluído por pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células Tronco (CEGH-CEL) do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP). Ao todo, 1.171 idosos, com média de idade de 72 anos e não aparentados, tiveram o DNA analisado por cientistas. Os voluntários foram selecionados por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP através o Projeto Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE), em parceria com a FAPESP. Os resultados do estudo estão disponíveis na plataforma bioRxiv.
Os dados, reunidos em um repositório de acesso aberto, darão subsídios para que os pesquisadores consigam identificar mutações genéticas responsáveis por doenças, além de estimar a incidência na população e encontrar novas formas que levem ao envelhecimento saudável. Em entrevista à Fapesp, a professora do IB-USP e coordenadora do CEGH-CEL, Maryana Zatz, elogiou a conclusão do trabalho. “É o maior banco de DNA de pessoas idosas da América Latina e de uma população altamente miscigenada como a brasileira, resultado de um trabalho iniciado há mais de 10 anos”.
Com o sequenciamento dos genomas, os pesquisadores identificaram 76 milhões de mutações genéticas, das quais dois milhões estavam ausentes em bancos de dados internacionais, segundo informações da Agência Fapesp. Uma das explicações identificadas pelos cientistas para essa lacuna diz respeito ao fato de populações altamente miscigenadas estarem sub-representadas nos bancos genômicos, o que, segundo os cientistas, pode limitar o acesso de pessoas de ascendência não europeia aos benefícios da medicina de precisão e a testes com maior acurácia, aumentando potencialmente as disparidades de saúde. “O número excessivo de variantes não descritas indica que nossas populações parentais não estão representadas nesses bancos e reafirma a importância de sequenciar o genoma de brasileiros, especificamente, para reduzir as assimetrias de representatividade nos bancos genômicos internacionais”, apontou Michel Naslavsky, professor do IB-USP e primeiro autor do estudo.
A questão da ancestralidade genética dos idosos mostrou ainda uma variabilidade que, segundo o estudo, abrange desde um único ancestral a uma mistura de dois ou mais, com maior predominância, nesta ordem, de europeus, africanos, ameríndios e do leste asiático. Essa diversidade genética é, inclusive, oposta à de países como os Estados Unidos, por exemplo.
Foram catalogados ainda 2 mil elementos genéticos móveis (partes genômicas que podem se deslocar para diferentes partes do genoma), mais de 140 novos alelos de genes HLA ( que se diversificam na forma e com vários alelos diferentes) e segmentos genômicos, totalizando entre 60 e 70 milhões de pares de bases que não haviam sido referidos em sequenciamentos do genoma humano realizados até o momento. O número equivale a 2% das sequências do genoma humano completo, composto por 3 bilhões de pares de bases. Ainda que pareça pequeno, esse montante de regiões genômicas sem referência representa uma parte expressiva do genoma humano de brasileiros que ainda não estavam nas bases genômicas internacionais e podem contribuir, inclusive, para explicar diferenças genéticas e o surgimento ou aparecimento de doenças. “Estamos enriquecendo os genomas de referência globais com os dados da população brasileira. A partir de agora, ao sequenciar o genoma de brasileiros será possível alinhar com o genoma de referência global e com o do nosso projeto”, avaliou Naslavsky.
A criação de um banco genômico brasileiro já era vista como uma necessidade pelos cientistas, pois a população não estava, até então, representada nos bancos de dados internacionais. Os cientistas focaram em estudar genomas de idosos porque uma das metas era avaliar a incidência de doenças associadas ao envelhecimento, como mal de Parkinson, Alzheimer, hipertensão e câncer, por exemplo.
Para demonstrar a importância do trabalho, foram comparadas quase 400 mutações gênicas identificadas nos idosos apontadas como causadoras de doenças (patogênicas) nos bancos genômicos públicos para verificar se correspondiam a essa classificação.
Além dessas, os pesquisadores também compararam mutações associadas a doenças autossômicas recessivas (causadas pela herança de duas cópias alteradas de um mesmo gene, sendo uma proveniente do pai e outra da mãe), identificadas nos idosos para estimar a incidência delas na população brasileira. Entre as doenças estão a fibrose cística (mais comum entre os europeus), a anemia falciforme (mais prevalente entre os africanos), surdez relacionada ao gene GJB2 e a febre familiar mediterrânea.
Para Naslavsky, os dados gerados pela pesquisa podem facilitar o diagnóstico de doenças e ajudar, no futuro, um melhor desenvolvimento da medicina de precisão.
O artigo denominado “Whole-genome sequencing of 1,171 elderly admixed individuals from the largest Latin American metropolis (São Paulo, Brazil)”, pode ser lido na plataforma bioRxiv em www.biorxiv.org/content/10.1101/2020.09.15.298026v1.
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