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livros

- Publicada em 03 de Janeiro de 2020 às 03:00

Geórgicas de Virgílio

No grande poema, Virgílio se serve do gênero da poesia didática para tratar matéria agrária

No grande poema, Virgílio se serve do gênero da poesia didática para tratar matéria agrária


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
Virgílio, poeta romano clássico nascido em 70 a.C. e falecido em 19 a.C., é considerado um dos maiores nomes da literatura latina e foi autor de três grandes obras: Éclogas, Geórgicas e Eneida. Geórgicas é considerada, literariamente, sua obra mais perfeita. O poeta e tradutor inglês Dryden (1631-1700) disse que as Geórgicas eram "o melhor poema do melhor poeta".
Virgílio, poeta romano clássico nascido em 70 a.C. e falecido em 19 a.C., é considerado um dos maiores nomes da literatura latina e foi autor de três grandes obras: Éclogas, Geórgicas e Eneida. Geórgicas é considerada, literariamente, sua obra mais perfeita. O poeta e tradutor inglês Dryden (1631-1700) disse que as Geórgicas eram "o melhor poema do melhor poeta".
A Ateliê Editorial, em parceria com a Fapesp, acaba de lançar cuidadosa edição bilíngue encadernada, com 368 páginas, de Geórgicas com tradução de Manuel Odorico Mendes, organização de Paulo Sérgio de Vasconcellos e anotações e comentários do Grupo de Trabalho Odorico Mendes, sediado na Universidade Estadual de Campinas. A obra faz parte da Coleção Clássicos Comentados, coordenada pelo professor Plínio Martin Filho.
No grande poema, Virgílio se serve do gênero da poesia didática para tratar matéria agrária: os cuidados com a terra e o plantio; a arboricultura; a criação de gado; o cultivo das abelhas, importante para uma sociedade que usava o mel como adoçante. Vestindo a máscara de professor de temas agrários, Virgílio vai muito além e trata de questões que envolvem o ciclo da vida e da morte a que todos os seres estão submetidos.
O poeta fala da difícil luta pela sobrevivência numa Idade de Ferro, os horrores da guerra civil, a força avassaladora do amor e poderes e limites da poesia. Nesse poema encontra-se a mais famosa versão do episódio de Orfeu e Eurídice, fonte de inspiração para tantos artistas.
O texto latino das Geórgicas é apresentado ao lado da tradução de Odorico Mendes e a edição é ricamente anotada para esclarecer alusões mitológicas e o vocabulário técnico e preciso que o tradutor emprega em sua versão. Haroldo de Campos escreveu que Odorico é o "patriarca da tradução criativa" no Brasil.
Nessa ótima e oportuna edição para o leitor brasileiro, estão apresentadas análises minuciosas dos modos vários e instigantes com que o tradutor busca recriar em português efeitos de som, ritmo e ordem das palavras que encontra no original de Virgílio.

Resoluções para 2020

Está bem, está bem, vou vestir só roupas novas (não precisam ser caras) no dia 31 de dezembro de 2019 (estou escrevendo esta coluna no dia 24). É um velho hábito que tenho, vai que dá certo no ano que vem. Já deu resultado em alguns anos, ao que me lembre. Algumas peças de roupa, ao menos, têm que ser brancas, em respeito a velhas tradições africanas. Vou comer lentilhas, grãos de uvas frescas ou passas, bebericar espumante, pular sete ondas, presentear Iemanjá, ficar com sementes de romã secas no bolso, colocar uma nota de dinheiro na carteira e outra no sapato, comer carne de animais que fuçam para a frente, pular da cadeira com o pé direito, usar cueca vermelha para o Inter ser campeão e criar uma simpatia nova, tipo gritar "Vou me dar bem!!!" umas trinta vezes, ali pela meia-noite.
Se der e me lembrar, vou fazer um mistura de mel, água morna com sal grosso e reservar. Depois passo no corpo e deixo secar. Aí pego um litro de água com pétalas de flores do campo e folhas de manjericão e arremato a simpatia, que vai funcionar, com certeza. Ao menos simbolicamente, vou atirar pela janela e jogar no lixo tudo o que não prestou em 2019. Vou jogar fora, principalmente, as resoluções de dezembro de 2018 que não deram em nada. Resoluções, promessas e esperanças precisam ser renovadas, por eleitores e eleitos, quem não sabe?
Falando sério, para 2020, resolvi que vou dormir como um justo, comer pouco e em silêncio como um austero monge trapista, fazer olimpicamente exercícios diários com prazer hedonista, ouvir, com audição fina, música da boa como bossa nova e jazz. Principalmente, e, claro, tranquilo, vou seguir me dedicando a atividades amorosas, que no final dos anos, das décadas, dos séculos e dos milênios o amor é que tem que sair vencedor. Se não venceu ainda, é porque o final, aquele final mesmo, ainda não chegou. Em 2020 prometo me amar mais e aos outros e ter ainda mais paciência com todo mundo. Não resolvo amar todo mundo, que é complicado, mas paciência com todo mundo acho que dá. Ou não. Vamos ver.
Apesar de estar aposentado e de fazer 66 anos em 2020, pretendo seguir trabalhando umas horas por dia. Sou de origem totalmente italiana e, na terra de Dante, idoso é só com 75. Exercício intelectual e físico faz bem e, pelo visto, o alemão ainda não tomou conta da minha cabeça. Ao menos não totalmente. Comecei trabalhar lá pelos dezoito. Em 2022, se tudo der certo, vou completar cinquenta anos de serviço. Jubileu de ouro. Barbada. Que tal uma festa de uma semana na Bahia para comemorar as décadas de labor?
Ano que vem vou viajar mais, propriamente dito, que já cansei de viajar nas paisagens das paredes do meu quarto e não estou pensando em mandar pintá-las e nem em mudar os quadros. Viajando dou um descanso para mim e para os outros, que de repente podem até sentir algumas saudades do viajante.
Ano que vem vou fazer algumas coisas que não sei bem quais são e só quero saber no gostoso calor do momento em que vão acontecer. Não sei também quando vai ser o momento e nem quero saber.

Lançamentos

O livro traz poemas de seus oito livros publicados entre 1999 e 2016

O livro traz poemas de seus oito livros publicados entre 1999 e 2016


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
  • Manuscrito do Fogo - Antologia Poética (Ardotempo, 224 páginas) (acima), da poeta e cronista paulista Mariana Ianelli, traz poemas de seus oito livros publicados entre 1999 e 2016. "Emboscada no silêncio/ Eu preparo a rosa inútil/ Com as horas que salvei/ Do desperdício." são versos que estão na obra da poeta premiada.
  • Versus Tintos (Class, 120 páginas) é a segunda obra poética individual de Paulo Rodrigo Ohar, autor de Os olhos da noite, nascido em Porto Alegre em 1967. Apresentado pelo poeta Diego Petrarca, o volume apresenta versos como: "Reflexos esmaecidos/ Tecidos nas lembranças/ Do que pensamos que/ Um dia fomos".
  • Comigo no cinema - Reflexões depois do The End (L&PM, 230 páginas), da cronista Martha Medeiros, traz textos inspirados em filmes. Cinema é a segunda paixão de Martha, quase igual à primeira, a literatura. Cinema é emoção, pauta, terapia, cenas eternas e espelho, diz ela. É a melhor diversão, dizemos todos.

A propósito...

É isso, meus amados, fiéis e pacienciosos sete ou oito leitores. São as resoluções previstas e não previstas para o Ano-Novo. Como disse o outro, vida é o que acontece aí nas praças e nas ruas enquanto você está em casa no sofazão, tomando cerveja, consumindo as drogas dominicais da TV, fazendo planos, contas, revisando extratos, pensando se está feliz ou não, se achando o máximo, chorando a morte da bezerra ou se achando a vítima, o patinho mais feio do universo. Queridos, amo vocês, obrigado pela companhia e pela paciência, feliz tudo e vamos ver se em dezembro de 2020 a gente larga um pouco essas resoluções de fim de ano, que às vezes não resolvem nada, mas que fazem parte. Parte de um todo que nunca termina, um todo poderoso interminável, tipo Deus e eternidade. (Jaime Cimenti)