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JC Logística

- Publicada em 22 de Junho de 2018 às 01:00

Após greve, mercado de caminhões deve crescer

Afrânio Kieling, Presidente do Setcergs e da Fetransul.

Afrânio Kieling, Presidente do Setcergs e da Fetransul.


CLAITON DORNELLES /JC
Jefferson Klein
Provavelmente, nunca a figura do caminhão esteve tanto no imaginário dos brasileiros quanto neste ano em que houve a greve dos caminhoneiros. Neste segundo semestre, quem deve ter o veículo dentro do seu foco são as próprias companhias transportadoras. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs) e da Federação das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul (Fetransul), Afrânio Kieling, aposta no incremento das vendas de caminhões nos próximos meses devido à valorização do produto como bem estratégico para o transportador.
Provavelmente, nunca a figura do caminhão esteve tanto no imaginário dos brasileiros quanto neste ano em que houve a greve dos caminhoneiros. Neste segundo semestre, quem deve ter o veículo dentro do seu foco são as próprias companhias transportadoras. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs) e da Federação das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul (Fetransul), Afrânio Kieling, aposta no incremento das vendas de caminhões nos próximos meses devido à valorização do produto como bem estratégico para o transportador.
Jornal do Comércio - De que forma a paralisação dos caminhoneiros refletiu no mercado de caminhões?
Afrânio Kieling - Cada um tem seu entendimento, o Setcergs tinha empresas associadas que pensavam que ter caminhões próprios não era algo bom, o bom era usar os caminhões dos (caminhoneiros) autônomos. Agora, o entendimento é que é positivo ter caminhões próprios e entre os motivos está a implantação do frete mínimo realizada após a greve, que valorizou o caminhão.
JC - Mas, a greve não afetou a produção dos caminhões também?
Kieling - Sim. As montadoras estão sem caminhões, porque todos os fornecedores de peças desmobilizaram-se. Os veículos precisam de vidros, bancos etc.
JC - Qual foi o posicionamento da Fetransul e do Setcergs em relação à greve dos caminhoneiros?
Kieling - Nós nunca fomos a favor da greve, de maneira alguma, mas entendemos que as reivindicações eram justas. A política da Petrobras (quanto aos preços do óleo diesel), na minha opinião, não era boa. Agora, o Setcergs queria que os associados saíssem das garagens. Mas, como eles iriam circular se estavam sendo bloqueados?
JC - Qual a sua avaliação sobre as medidas que o governo tomou após a greve?
Kieling - A gente vê que o governo está bem intencionado, tu sentes a boa intenção, tem que acomodar todo mundo, porque é o papel do governo. Tabelar não é bom, ninguém gosta de tabelar, mas ter um preço mínimo, como um salário-mínimo, ninguém ganhando menos do que um patamar definido, é algo saudável para o mercado. Não se pode ter valores tão baixos. O que nós entendemos é que aquela política com o diesel (com aumentos constantes) era algo equivocado.
JC - O senhor assumiu o comando da Fetransul recentemente, qual a sua meta dentro da entidade?
Kieling - A ideia é formar e manter um forte relacionamento com todas entidades empresariais e governamentais. Não podemos criticar por criticar. Queremos construir.
JC - As eleições podem impactar diretamente o mercado de logística?
Kieling - Acho que não. Na minha avaliação pessoal, se o PIB chegar a 2,5% vai até faltar transporte. Nos últimos três anos, o mercado esteve muito parado, e houve uma retração muito grande. A idade média da frota de caminhões é muito alta e temos que baixar. Por isso eu acho que o mercado de caminhões no Brasil terá um crescimento muito forte.
JC - O Setcergs e outras entidades que representam as empresas transportadoras são alvos de investigações quanto a um suposto locaute (a chamada greve dos patrões) durante a paralisação dos caminhoneiros. Como está essa questão?
Kieling - O Setcergs foi citado nesse locaute e respondemos às questões que foram colocadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O que precisa ficar claro é que nosso setor, no âmbito de entidades, nunca fez locaute. Agora, vamos supor se o João, o Pedro ou o Antônio, independentes, fazem suas barreiras, cada um tem que responder por seus atos pessoalmente. Mas, as entidades aconselhavam que as empresas colocassem seus caminhões para rodar. Atribuir essa greve aos empresários do setor do transporte não corresponde com a verdade.
JC - O Setcergs foi discutir em Brasília as multas decorrentes da greve?
Kieling - Estamos trabalhando (Fetransul e Setcergs) quanto às multas aos caminhoneiros, empresas do Rio Grande do Sul, indistintamente de todos. Levamos essa questão tanto ao ministro dos Transportes (Valter Casimiro Silveira) como da Casa Civil (Eliseu Padilha). Mas, o entendimento é que isso é algo que saiu da esfera do governo e entrou na do Judiciário. Cada companhia terá que fazer sua defesa e mostrar seu ponto.
JC - O senhor crê que a política antiga a respeito do diesel, até mesmo por um eventual reflexo do resultado da eleição, poderá retomar ao que era antes?
Kieling - Se Jesus Cristo estivesse aqui, não teríamos como saber. Não tem como saber, estamos no meio de muitas mudanças, no final de um governo, para iniciar outro. Isso causa muita apreensão, como planejar alguma coisa?
JC - Um assunto que se discute quanto à tecnologia no setor dos transportes é o desenvolvimento de caminhões autônomos. O senhor vê essa solução sendo adotada no Brasil?
Kieling - Na Europa é possível implementar essa solução muito mais rapidamente, porque há estradas perfeitas, com sinalizadores. No Brasil, para que isso venha a se tornar uma realidade, é preciso, primeiro, criar uma infraestrutura para esses caminhões trabalharem, pois é preciso ter balizadores.
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