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Empresas & Negócios

- Publicada em 25 de Junho de 2018 às 01:00

Centro Social Padre Pedro Leonardi ministra curso de Gastronomia para moradores da Restinga

O chef italiano Carandini leva sua experiência gastronômica internacional aos participantes das aulas

O chef italiano Carandini leva sua experiência gastronômica internacional aos participantes das aulas


/fotos MARCO QUINTANA/JC
Pedro Carrizo
O aroma do vinho de mesa sendo derramado sobre a assadeira repleta de ossos, legumes e temperos tomava a cozinha do Centro Social Padre Pedro Leonardi, na Restinga Velha, trazendo a certeza de que algo saboroso estava por vir. Atentos, os alunos acompanhavam o surgimento de um dos molhos mais conhecidos da tradicional culinária francesa: o demi-glace, de cor amadeirada e espessura densa, que serve de base para guarnecer carnes bovinas.
O aroma do vinho de mesa sendo derramado sobre a assadeira repleta de ossos, legumes e temperos tomava a cozinha do Centro Social Padre Pedro Leonardi, na Restinga Velha, trazendo a certeza de que algo saboroso estava por vir. Atentos, os alunos acompanhavam o surgimento de um dos molhos mais conhecidos da tradicional culinária francesa: o demi-glace, de cor amadeirada e espessura densa, que serve de base para guarnecer carnes bovinas.
Desde abril, todas as quartas-feiras, jovens e adultos da Restinga Velha participam do curso de auxiliar de cozinha, proporcionado, gratuitamente, pelo Centro Social, onde aprendem segredos da culinária e novas opções de renda.
Se da cozinha de Francine Ariane, 26 anos, saía o básico para alimentar os três filhos, agora, com os novos temperos e aptidões, o sabor de cada almoço tem gosto de novidade. "Meus pequenos estão adorando os testes culinários que tenho feito. O bom é que já estou me preparando para o mercado de trabalho a cada prato servido dentro de casa", diz Francine, moradora da Restinga e desempregada atualmente.
"O curso também tem me trazido noções de organização, limpeza e armazenamento dos produtos na cozinha. Se, um dia, puder trabalhar e conseguir sustentar minha família com a culinária, será muito bom", acrescenta a mãe. Entre os pratos favoritos que ela aprendeu estão a massa caseira e a focaccia - pão de origem italiana, em geral, coberto com sal grosso, azeite e alecrim.
Para o estudante Matheus Boulanger, 17 anos, o prato que irá ficar na memória é a massa carbonara. Ele memorizou cada passo da receita, desde a quantidade correta de farinha até o ponto certo para a crocância do bacon. "Eu e meu irmão fazemos, somos os cozinheiros lá de casa, mas nossa cozinha é bem mais modesta do que essa", diz Boulanger, que é considerado um dos prodígios do curso. Ele e o irmão participam das aulas juntos, aperfeiçoando a culinária da família e reafirmando algumas certezas que o garoto já cultivava.
Foi a mãe do estudante que ficou sabendo do curso no Centro Social e mobilizou os irmãos cozinheiros para porem a mão na massa. "Ela sempre soube que eu queria fazer gastronomia, e, agora, também tenho um pouco mais de certeza. Acredito que tenho vocação para a vida na cozinha e que esse será meu futuro", diz Boulanger, que está fazendo seu primeiro curso de auxiliar de cozinha e segue em busca de novas formas para executar sua "cozinha intuitiva".
Todo bom aprendiz tem por trás um bom mentor, e, no caso da capacitação proporcionada pelo Centro Social Padre Pedro Leonardi, o conhecimento na cozinha fica a cargo do chef italiano Jacopo Carandini. Ele está há seis anos no Brasil e diz que, acima de tudo, cozinhar é uma paixão, "o trabalho demanda sacrifícios e é uma função estressante, tanto física como mentalmente, por isso tem que gostar do que faz. É impressionante ver que todos os alunos têm essa paixão. Todos pegam firme".
Carandini ressalta que a ideia não é formar cozinheiro de elite, mas bons auxiliares de cozinha. "O crescimento de cada um vai ser depois, em cada restaurante. O importante é dar uma oportunidade no mercado de trabalho. Adoraria contratar alguns deles ao final do curso", salienta o chef, que também tem uma empresa de eventos no bairro Ipanema.
Os alunos já aprenderam o mise en place - técnicas básicas de organização das cozinhas, corte de carnes - e, no final de cada aula, fazem um novo prato acompanhados por Carandini. De acordo com o chef, a ideia é seguir com novas turmas e acrescentar um curso de garçom para aumentar a oportunidade no mercado de trabalho. "A cozinha me abriu o mundo, porque a língua nessa profissão é internacional. Trabalhei na Inglaterra sem falar inglês, na Espanha sem falar espanhol e meu português ainda está ruim. Na cozinha, não precisa, basta sentir."
Para além do fazer na cozinha, que é a parte favorita dos alunos, a teoria também acompanha as aulas de quarta-feira na Restinga Velha. "A gente ensina as boas práticas na cozinha, além do valor nutricional de cada alimento", diz a nutricionista do curso, Vanessa Amaro. Ela explica que outro importante conhecimento dado aos futuros cozinheiros são as grandes quantidades exigidas nos restaurantes, e que diferem muito das práticas mais caseiras. "Nesta semana, temos um evento da ONG para 500 pessoas, e os alunos vêm nos ajudar. O método organizacional é bem diferente, e é importante que eles saibam e estejam preparados para esses desafios."
Somado ao curso de auxiliar de cozinha, que tem vagas limitadas para 20 pessoas, o Centro Social Padre Pedro Leonardi também promove diversas outras ações de inclusão social de crianças, adolescentes e adultos de baixa renda. Localizado na Igreja Nossa Senhora Aparecida, o centro disponibiliza biblioteca comunitária, salas de aula, auditório, quadra de esportes com pista de skate e um restaurante comunitário, que distribui diariamente almoços de graça aos mais desfavorecidos da Restinga Velha.
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