Com a desist�ncia do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB) de lan�ar candidatura � presid�ncia nas elei��es deste ano, a maior beneficiada deve ser a pr�-candidata Marina Silva (Rede). Essa � a an�lise do diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino. "Pela sa�da de Barbosa, n�o por uma migra��o de votos, mas pela divis�o dos seus 10%, � poss�vel que Marina Silva seja a maior beneficiada", afirmou Paulino.

Em entrevista � R�dio CBN na manh� desta quarta-feira, ele citou dados da �ltima pesquisa Datafolha, que mostram que Joaquim Barbosa alcan�ava 10% das inten��es de voto e era citado espontaneamente por 17% dos eleitores. Marina � a mais lembrada entre os candidatos ao Planalto, com 26%.

Por outro lado, Jair Bolsonaro (PSL), que ocupa o topo das pesquisas atr�s do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), n�o deve ser beneficiado e j� teria atingido o teto das inten��es de voto. "Se ele n�o ampliar um pouco mais o discurso e a forma como aborda as quest�es, sem ficar muito na seguran�a p�blica, acredito que ele n�o deve passar dessa faixa dos 20%", diz.

Paulino avalia que h� motivo para os demais pr�-candidatos comemorarem a desist�ncia de Barbosa, uma vez que ele tinha potencial de crescimento na corrida eleitoral, podendo roubar votos tanto da direita quanto da esquerda.�A pesquisa tamb�m indicou que o ministro aposentado era visto como um perfil conciliador, distante da polariza��o entre direita e esquerda, o que ampliaria seu potencial junto ao eleitorado.

Paulino destaca que nunca antes houve um n�mero t�o elevado de eleitores sem defini��o de candidato - brancos e nulos chegam a 24%; e indecisos, a 4% - a poucos meses do in�cio da campanha eleitoral, o que mostra o desafio dos candidatos para atrair votos.

Segundo ele, a popula��o busca identifica��o e propostas fact�veis para resolver problemas nos servi�os p�blicos e seguran�a, al�m do aumento da oferta de empregos. Com o jogo em aberto, h� 3 ou 4 candidatos com chance de avan�ar para o segundo turno da disputa.

O descontentamento do eleitor tamb�m se reflete no alto �ndice de rejei��o ao governo de Michel Temer (PMDB), que avalia se tentar� a reelei��o ou apoiar� outro candidato de centro.

Na �ltima semana, o presidente conversou por telefone com o ex-governador de S�o Paulo Geraldo Alckmin, pr�-candidato pelo PSDB, que tem se mantido estagnado nas �ltimas pesquisas de inten��o de voto, oscilando entre 6% e 8% na �ltima pesquisa Datafolha.�Segundo Paulino, por�m, o candidato que tiver o apoio de Temer deve ser prejudicado na disputa. "Qualquer candidato que seja associado ao governo ter� mais a perder do que a ganhar", declarou.

Vice na chapa encabe�ada por Marina Silva (Rede) em 2014 e atual vice-presidente de Rela��es Governamentais do PSB, o ex-deputado Beto Albuquerque enxerga o risco de um racha profundo na legenda caso o projeto de uma candidatura pr�pria ao Pal�cio do Planalto seja de fato abandonado. Reconhecendo que o partido foi surpreendido pela desist�ncia do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa de concorrer, Beto ressaltou que o apoio a qualquer um dos nomes hoje colocados para a corrida presidencial seria prejudicial para o conjunto do partido.

"Seja Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva ou qualquer nome hoje colocado, o PSB ganharia de um lado e perderia do outro. Precisamos de uma solu��o que n�o atrapalhe nossos 10 candidatos nos estados", disse Beto. "Infelizmente, n�o temos outro Joaquim Barbosa na manga, n�o temos outro Eduardo Campos. Mas � essencial que encontremos uma maneira de manter uma candidatura pr�pria", destacou, mencionando o ex-governador de Pernambuco morto em 2014, em um acidente de avi�o.

A disputa interna do PSB passa em especial pelo alinhamento de diret�rios regionais ao governador de S�o Paulo e candidato � reelei��o, M�rcio Fran�a, e ao comando do partido em Pernambuco, do governador Paulo C�mara.

O PSB tamb�m contava com a candidatura pr�pria como forma de assegurar um desempenho positivo nas disputas para a C�mara e para o Senado. Sobre permitir que os diret�rios regionais da legenda caminhem livremente com outras candidaturas, o ex-parlamentar emendou: "Liberar as bases para fazer o que quiserem seria uma decis�o analfabeta politicamente".

Beto Albuquerque reafirmou que ser� candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul. Ele chegou a colocar seu nome como pr�-candidato a presidente no in�cio do ano, antes das conversas do partido com Barbosa se intensificarem. Nesta ter�a, o socialista refor�ou que n�o se colocar� novamente � disposi��o do partido para a tarefa. "Eu j� fiz meu sacrif�cio em 2014. Sou candidato ao Senado e n�o abrirei m�o. Mas � essencial que algum colega se coloque. Qualquer nome bem preparado tem condi��es de cumprir esse papel." Uma sa�da, disse, seria um nome do PSB de Pernambuco se apresentar para a disputa, para que a legenda possa capitalizar o legado de Eduardo Campos e Miguel Arraes no estado.

Prefeitos e vice-prefeitos do PSB ga�cho estiveram reunidos durante almo�o�nesta quarta-feira, em Porto Alegre,�para manifestar apoio � candidatura de Beto Albuquerque ao Senado Federal na elei��o deste ano. Na atividade, os mandat�rios presentes tamb�m assinaram manifesto de apoio � candidatura �nica, pelo PSB, de Beto ao Senado. Em abril, por�m, o ex-prefeito de Porto Alegre Jos� Fortunati filiou-se oficialmente ao partido, ap�s sua sa�da do PDT. A condi��o de Fortunati para a filia��o foi sair como candidato a senador pela sigla, que aceitou lan�ar os dois nomes no pleito deste ano.