O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB) anunciou ontem que não disputará a eleição para a presidência da República.
Em mensagem publicada em sua página no Twitter, Barbosa diz que tomou a decisão por razões pessoais. "Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a presidente da República. Decisão estritamente pessoal", escreveu.
Barbosa havia se filiado ao PSB na data limite para disputar eleições, em 7 de abril. À época, fez um tímido anúncio em sua conta do Facebook, disponível apenas para amigos. Desde então, ele e a legenda vinham fazendo mistério sobre as reais pretensões da candidatura.
O ex-ministro, que ficou conhecido por ter sido relator do mensalão, apareceu em terceiro lugar no último Datafolha, com 8% a 10% das intenções de voto, a depender do cenário. Ele ficava atrás apenas do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e da ex-ministra Marina Silva (Rede).
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse ter recebido um telefonema de Barbosa no início da manhã comunicando a decisão. "Ele agradeceu muito a receptividade do PSB, mas disse que havia refletido muito e que não iria ser (candidato)", afirmou Siqueira. Segundo o presidente, Barbosa não alegou nenhuma razão específica para a decisão, e afirmou que o ex-presidente do STF agiu dentro do que havia sido combinado. Apesar de o partido agora ter que decidir o que vai fazer diante da ausência de um candidato, Siqueira afirmou que não pretende convocar uma reunião de emergência.
Na semana passada, Barbosa telefonou para amigos e familiares para perguntar a opinião deles sobre a candidatura. Segundo relatos, ele disse que tomaria uma decisão no fim de semana, mas demonstrava sinais de que desistiria. Para eles, três fatores pesaram na decisão: o receio de exposição de sua família, o seu problema de saúde e o receio de ser engolido pela estrutura partidária do PSB.
Segundo eles, o ministro se dizia incomodado com a possibilidade de ter de alterar as suas propostas para se adequar à sigla e que sua imagem fosse explorada de maneira indevida pela legenda.
Com a desistência do ex-ministro da Suprema Corte, ganhou força no PSB a possibilidade de um acordo com o PDT em torno do apoio à pré-candidatura de Ciro Gomes.
A desist�ncia do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB) da corrida presidencial deste ano torna o cen�rio eleitoral um pouco mais previs�vel, uma vez que � pouco prov�vel que novos nomes com potencial de encarnar o "novo" na pol�tica surjam at� julho. A avalia��o � do cientista pol�tico da Funda��o Getulio Vargas (FGV) Claudio Couto.
"Sempre pode aparecer um novo S�lvio Santos, algu�m que j� esteja filiado a algum partido, mas n�o vejo hoje nome mais ou menos �bvio para esse papel. O �nico nome que sobrava al�m do (apresentador de TV Luciano) Huck era o de Barbosa", disse o professor, lembrando que o dono do SBT chegou a cogitar, brevemente, se lan�ar candidato nas elei��es de 1989. "Sem Barbosa, a elei��o agora tende a caminhar num sentido mais tradicional", emendou.
Para o cientista pol�tico, todas as candidaturas postas no momento ganham, de certa forma, com a sa�da de Barbosa do pleito de outubro, uma vez que ele tinha grande potencial de crescimento e atra�a eleitores dos dois lados do espectro pol�tico. No entanto as mais favorecidas, teoricamente, seriam as do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que dividia com o jurista o posto de candidatura "antissistema".
"Quem deve estar esfregando as m�os agora � o Ciro. � positiva a retirada do Barbosa, porque o PSB fica sem nenhum candidato competitivo nesse momento. Acho o mais natural, dado o posicionamento dos dois partidos", disse Couto.