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Conjuntura

- Publicada em 25 de Maio de 2018 às 12:51

Fiergs, Fecomércio-RS e Farsul: três visões sobre o futuro do Estado

Lideranças das federações, Petry, Bohn e Gedeão veem incerteza política inibindo o crescimento do País

Lideranças das federações, Petry, Bohn e Gedeão veem incerteza política inibindo o crescimento do País


/FREDY VIEIRA/JC
Apresentar à sociedade uma visão plural e ampla sobre a situação econômica do Brasil e do Rio Grande do Sul, com opiniões de lideranças que conhecem os gargalos e as potencialidades de cada setor. Esse foi o objetivo do painel realizado na manhã do dia 15 maio, no salão de eventos do Jornal do Comércio, com os presidentes da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry; da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn; e da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira. As lideranças foram recebidas pelo diretor-presidente do JC, Mércio Tumelero, e pelo diretor de Operações, Giovanni Tumelero.
Apresentar à sociedade uma visão plural e ampla sobre a situação econômica do Brasil e do Rio Grande do Sul, com opiniões de lideranças que conhecem os gargalos e as potencialidades de cada setor. Esse foi o objetivo do painel realizado na manhã do dia 15 maio, no salão de eventos do Jornal do Comércio, com os presidentes da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry; da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn; e da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira. As lideranças foram recebidas pelo diretor-presidente do JC, Mércio Tumelero, e pelo diretor de Operações, Giovanni Tumelero.
O evento integrou a programação comemorativa aos 85 anos do JC, fundado em 25 de maio de 1933. Ao longo de uma hora de debates e questionamentos dos editores do JC, os presidentes das entidades propuseram temas para a consolidação de uma agenda de desenvolvimento do Estado, abordando questões como infraestrutura e prioridades da máquina pública.
O diretor-presidente do JC destacou que o propósito do encontro foi discutir e buscar soluções para os problemas que atrapalham o avanço regional. "O debate com entidades, empresários e lideranças do nosso Estado sempre foi o perfil do Jornal do Comércio. Por isso promovemos essa conversa na comemoração dos 85 do jornal e, em fevereiro, com os empresários José Galló (CEO da Lojas Renner) e Clovis Tramontina (diretor-presidente do Grupo Tramontina), sobre empreendedorismo", disse Mércio Tumelero.
O editor-chefe do jornal, Guilherme Kolling, que conduziu o bate-papo, enfatizou ainda que as questões abordadas sempre estiveram em destaque nas pautas do jornal. "O tema do desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul norteia a atuação do JC desde a sua fundação, como boletim das cargas que entravam e saíam do porto da Capital", salientou.
Entre os assuntos debatidos no encontro esteve o processo eleitoral de 2018, do qual depende, segundo os líderes, o rumo da economia nos próximos anos. "O primeiro colocado nas pesquisas está na cadeia, e do segundo ainda nem conhecemos as propostas. Isso demonstra o quanto o cenário eleitoral está incerto, o que faz com que todos os setores andem devagar", destacou Petry. Todos os debatedores concordaram que as incertezas geradas pelas eleições freiam a retomada do crescimento, aguardada com ansiedade por todos os segmentos. Mesmo assim, acreditam que será a oportunidade de eleger propostas comprometidas com o desenvolvimento, com a responsabilidade fiscal e com as reformas.
As reformas, aliás, estiveram presentes na pauta do debate. Segundo os líderes, elas são condição fundamental para que o País possa retomar o crescimento e os investimentos em áreas prioritárias, como infraestrutura. "A precariedade da infraestrutura custa muito a todos os setores, incluindo o agronegócio. A logística para o transporte das safras é ineficiente. Mas por que não há dinheiro para investir? Porque o Estado está inchado. Precisamos de reformas para reduzir o tamanho da máquina", sentenciou Gedeão Pereira.
Tirar o Estado da condição de empresário para que concentre seus esforços e recursos nas funções intransferíveis, como educação, saúde e segurança. Essa foi mais uma necessidade urgente, apontada pela totalidade dos debatedores. "Temos que avançar nas privatizações e concessões para reduzir o tamanho do Estado. Até mesmo o Banrisul deve ser privatizado, pois não é função de um patrimônio público pagar juros", salientou Bohn.

Homenagens à trajetória do JC marcaram a fala final

Nas considerações finais do painel, destacando os pontos mais relevantes da conversa, os presidentes das entidades deixaram o protocolo de lado e homenagearam o aniversário do Jornal do Comércio, ressaltando a importância da longevidade do veículo para a comunicação do Rio Grande do Sul. Leitores diários do JC, todos reafirmaram o carinho pelo jornal, que aprenderam a acompanhar ainda na juventude, quando cada um iniciava sua trajetória de liderança e empreendedorismo.

A opinião de Gilberto Petry


FREDY VIEIRA/JC
Privatizações
"Precisamos desmistificar as privatizações. O povo não está preocupado se esta ou aquela empresa estatal são da população ou não. Quer, sim, a garantia do serviço prestado. Ou então alguém vai dizer que tudo bem ficar sem luz, afinal a CEEE é do povo? Ou alguém abastece o carro só por que a gasolina é da Petrobras? O Estado fez os investimentos iniciais corretamente, mas agora deve vender essas estatais para focar seus recursos no que realmente é função pública."
Déficit fiscal
"O País precisa resolver, ou nosso crescimento não se consolida. O governo concede benefícios demais, subsídios que não se justificam. Não temos na esfera pública um rigoroso controle fiscal. E isso é urgente."
Desoneração do ICMS e carga tributária
"A vigência da lei termina em 31 de dezembro de 2018. E vamos lutar para que ela não seja prorrogada. É claro que o governo não quer perder receita, mas isso é um problema dele. Nós precisamos nos preocupar com a nossa indústria, que não é competitiva em função da pesada carga tributária. Nossa proposta é que não haja nenhum aumento, pois já temos carga tributária de primeiro mundo."

A opinião de Luiz Carlos Bohn


FREDY VIEIRA/JC
Reformas
“As reformas são condição fundamental para o desenvolvimento do País. Grande parte dos orçamentos públicos está comprometida com folha e Previdência, deixando quase nenhuma margem para investimentos. O resultado são serviços públicos ruins, ineficientes. Também é preciso combater privilégios, especialmente dos servidores públicos, que têm benesses como estabilidade e licença-prêmio, que só oneram os caixas dos governos.”
Mínimo regional
“Na origem da lei, os estados puderam criar um mínimo regional para as categorias que não têm convenção coletiva. O Rio Grande do Sul foi o primeiro a criar, estabelecendo um valor 25% acima do piso nacional. Porém a finalidade da lei foi distorcida, e o mínimo passou a valer para todos. Hoje, não tem sentido existir o mínimo regional, pois atrapalha a convenção coletiva. Precisamos enfrentar esse tema, pois essa lei tem que acabar. Aumento de salário vem com produtividade e com valor agregado ao trabalho.”

A opinião de Gedeão Pereira


FREDY VIEIRA/JC
Infraestrutura
“A maior reivindicação do agronegócio hoje é a infraestrutura. E estamos muito longe de ser atendidos. Até temos BRs e RSs razoáveis, mas as estradas municipais, que ligam as propriedades, estão em estado caótico, porque as cidades não têm dinheiro para investir. Ao chegar ao porto do Rio Grande, as safras precisam esperar o momento certo para que o navio atraque, em função do atraso nas obras de dragagem do canal. Para cada navio que sai de Rio Grande com carga inferior à sua capacidade por problema de calado, perdemos de R$ 1,00 a R$ 1,50 em cada saco de soja. O crescimento do agronegócio já demonstra fadiga devido à inoperância das três esferas do Estado.”
Mínimo regional
“Não acho que o salário-mínimo seja alto, porém o que se paga em cima dele é altíssimo. É tudo tão oneroso que o empresário paga muito, e o trabalhador recebe pouco.”
Desoneração do ICMS e carga tributária
“Insistimos na redução do tamanho do Estado para que a carga tributária também possa ser menor. O Estado não gera nada. Quem gera são os setores que representamos aqui. Mas a tributação excessiva mata cada vez mais empresas, minando a competitividade em todos os tipos de negócio.”
Embargos à carne brasileira
“Diante da previsão de aumento da população mundial para 9,5 bilhões de seres humanos até 2050, o Brasil se tornou um player fundamental para a produção de alimentos. Porém, para atender a essa extraordinária demanda, precisamos estar muito preparados. Eventos como a salmonela do frango ou os abcessos na carne bovina, provocados pela vacina da aftosa, não podem acontecer. O Brasil já resolveu essas deficiências, mas a preocupação com a sanidade deve ser constante se quisermos continuar abastecendo o mundo com os nossos produtos agrícolas.”