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Economia

- Publicada em 16 de Maio de 2018 às 21:46

Crise no setor leiteiro preocupa produtores durante a Expoleite

Melhoria nos preços do leite ainda não se refletiram na atividade

Melhoria nos preços do leite ainda não se refletiram na atividade


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Guilherme Daroit
Reflexo da crise nos preços que atinge a cadeia nos últimos anos, o clima é de preocupação entre os produtores de leite no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, onde foi aberta ontem a Expoleite/Fenasul. Os criadores argumentam que, mesmo com a recuperação dos valores causados pela entressafra - alta acumulada de 9,58% no valor de referência entre fevereiro e abril, segundo o Conselho Paritário Produtores/Indústria de Leite do Estado (Conseleite) - ainda não conseguem fechar as contas no azul. A falta de recursos é apontada como motivo também para a redução de cerca de 35% na presença de vacas, que não chegam a 90 na feira.
Reflexo da crise nos preços que atinge a cadeia nos últimos anos, o clima é de preocupação entre os produtores de leite no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, onde foi aberta ontem a Expoleite/Fenasul. Os criadores argumentam que, mesmo com a recuperação dos valores causados pela entressafra - alta acumulada de 9,58% no valor de referência entre fevereiro e abril, segundo o Conselho Paritário Produtores/Indústria de Leite do Estado (Conseleite) - ainda não conseguem fechar as contas no azul. A falta de recursos é apontada como motivo também para a redução de cerca de 35% na presença de vacas, que não chegam a 90 na feira.
"Tivemos muitas dificuldades porque não tivemos o apoio desejado para subsidiar os custos dos produtores. Com isso, algumas cooperativas e produtores realmente não vieram", comenta o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando), Jorge Fonseca da Silva. De 136 animais expostos no ano passado, neste ano a contagem está em 86, o que Silva classifica como satisfatório "dentro do possível".
A expositora Maria Celoi Araújo Aires, da Cabanha Nika, de Glorinha, levou oito vacas a Esteio, sem expectativa de venda dos animais. "Com o preço baixo do leite, até a venda de animais está baixa, porque ninguém quer comprar", comenta Maria, que conta, porém, já ter recebido propostas novamente nos últimos dias. O motivo é que, de preços que não chegavam a R$ 1,00 por litro há poucos meses, a criadora recebe, atualmente, R$ 1,15, mudança que já permite, segundo Maria, pagar pelo menos a comida dos animais. "Mas ainda não dá para pagar as contas", continua, estimando em R$ 1,50 o preço necessário para tornar a atividade rentável.
Itamar Tang, da Granja Tang, de Farroupilha, calcula em R$ 1,40 por litro o limite para empatar os custos. Atualmente, Tang recebe R$ 1,21 por litro, e afirma estar no vermelho há seis meses, mantendo a família com poupança de tempos mais favoráveis. "A maioria dos criadores pensa em largar a atividade, que é das mais trabalhosas do campo e não tem valorização", conta Tang. O produtor credita a crise à queda no consumo por conta da recessão e à inexistência de cotas de importação do leite em pó de países vizinhos, notadamente o Uruguai.
Descrevendo a situação como o "limite dos limites", Tang reclama que não pode calcular o preço de venda a partir de seus custos, que afirma terem subido acima do preço do leite nas últimas semanas. "Há um teto, claro, não queremos R$ 2,00 por litro, mas todos têm que poder viver. Não se vive só de paixão", continua Tang.
Representante da indústria, o secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, acredita que o setor reflete a crise econômica geral, além de admitir que a cadeia falhou em não ter criado alternativas que a protegessem da recessão. O maior problema, aponta, é o fato de que quase a totalidade da produção ser vendida no mercado interno.
Palharini aposta em iniciativas como a adoção do Prêmio para o Escoamento da Produção (PEP) para queijos e leite em pó. As entidades do leite pedem um preço mínimo de R$ 13,95 ao quilo do leite em pó, mesmo nível praticado nas compras governamentais realizadas em 2017, para fazer frente a um mercado internacional que paga entre R$ 10,00 e R$ 11,00 por quilo do produto, segundo o executivo. Com isso, o governo ajudaria a escoar 50 mil toneladas de leite em pó a um custo (R$ 100 milhões) abaixo do necessário para compras governamentais de 10 mil toneladas, por exemplo (cerca de R$ 140 milhões). Palharini, que irá a Brasília amanhã em busca de nova negociação, afirma esperar a adoção do mecanismo para o fim do primeiro semestre ou o início do segundo.
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