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Cultura

- Publicada em 04 de Maio de 2018 às 08:15

Do filho para o pai: texto de Kafka inspira peça que marca 25 anos do Teatro da Vertigem

Montagem que mostra turbulenta relação entre pai e filho é uma das atrações do Palco Giratório Sesc

Montagem que mostra turbulenta relação entre pai e filho é uma das atrações do Palco Giratório Sesc


LIGIA JARDIM/DIVULGAÇÃO/JC
Cristiano Vieira
Uma das mais celebradas companhias brasileiras de artes cênicas, o Teatro da Vertigem comemora 25 anos de trajetória com a peça O filho, uma das principais atrações do Palco Giratório Sesc 2018. A montagem mostra a turbulenta relação entre pai e filho a partir do texto de um ícone da literatura: Franz Kafka. Sessões de domingo a quarta-feira, às 20h, e na quinta-feira, às 18h e às 21h, sempre no Ginásio do Sesc (Protásio Alves, 6.220).
Uma das mais celebradas companhias brasileiras de artes cênicas, o Teatro da Vertigem comemora 25 anos de trajetória com a peça O filho, uma das principais atrações do Palco Giratório Sesc 2018. A montagem mostra a turbulenta relação entre pai e filho a partir do texto de um ícone da literatura: Franz Kafka. Sessões de domingo a quarta-feira, às 20h, e na quinta-feira, às 18h e às 21h, sempre no Ginásio do Sesc (Protásio Alves, 6.220).
A diretora Eliana Monteiro explica que Kafka e seu pai tinham uma relação muito conturbada. Em 1919, o escritor redigiu uma carta para o pai, mas nunca a enviou. Esse material virou um documento vivo da relação conflituosa entre ambos e foi adaptado para a peça por Alexandre Dal Farra com dramaturgia de Antônio Duran.
Na encenação, o corrosivo acúmulo de raiva e frustração é expandido quando o filho também se torna pai. Mas o espetáculo extrapola a atmosfera opressiva do lar, atualizando as noções de vigilância e punição para além das paredes domésticas e investigando as estruturas essenciais do homem e sua busca desesperada de sentido.
"Kafka nunca saiu de casa e morreu aos 42 anos. Sempre me perguntei: mas a vida dele com o pai era tão ruim assim? Naquela época, a questão do patriarcado era muito forte - ele (Kafka) nunca conseguiu se desvencilhar disto", conta Eliana. "Por que ele nunca foi embora? Talvez por fraqueza, imagino", complementa.
Eliana pondera que, na atualidade, a relação familiar está diluída, com uma configuração completamente diferente. Mudaram, inclusive, as relações de poder na estrutura familiar. "Temos uma certa descartabilidade das pessoas. Por isso a cenografia de O filho é importante", conta Eliana.
Acostumado a encenar peças em locais como igrejas e galpões, o Teatro da Vertigem manteve a tradição em O filho: o desenrolar de tudo acontece em um grande ginásio de esportes, com a plateia no centro, rodeada por colchões antigos, móveis velhos, armários etc. "O público fica confinado dentro do cenário, sentado em sofás, acompanhando tudo em 360º. Ele (o público) vive essa experiência de estar cercado de objetos de memória que não são dele, mas de outras famílias", diz a diretora.
Para Eliana, mais do que rediscutir as relações familiares na contemporaneidade, O filho vai mais fundo e foca mesmo na tensão entre os dois homens: pai e filho. Neste ponto, o texto de Kafka é mais um que ficou martelando na cabeça da diretora - o Teatro da Vertigem já havia encenado O castelo (2010), também a partir da obra de Kafka.
Novamente, o cenário era inspirador e (muito diferente): a fachada envidraçada de um grande prédio. Agora, é um ginásio inundado de mobília afetiva e carregada de memória que recebe o Teatro da Vertigem. Os ingressos custam entre R$ 10,00 e R$ 20,00, à venda nas unidades do Sesc do Rio Grande do Sul ou pelo site do Palco Giratório.
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