Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

- Publicada em 02 de Maio de 2018 às 22:30

Compromisso com a esperança (I)

A Igreja "não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça" (Papa Bento XVI - Deus Caritas Est, 28). Por isso, nós, bispos da Igreja Católica Apostólica Romana "olhamos para a realidade brasileira com o coração de pastores, preocupados com a defesa integral da vida e da dignidade da pessoa humana, especialmente dos pobres e excluídos". Reunidos recentemente (11-20/04), em Aparecida (SP), para a nossa Assembleia Geral, oferecemos às nossas comunidades, e a todas as mulheres e homens de boa vontade, algumas reflexões, com o intuito de colaborar no processo eleitoral que se aproxima.
A Igreja "não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça" (Papa Bento XVI - Deus Caritas Est, 28). Por isso, nós, bispos da Igreja Católica Apostólica Romana "olhamos para a realidade brasileira com o coração de pastores, preocupados com a defesa integral da vida e da dignidade da pessoa humana, especialmente dos pobres e excluídos". Reunidos recentemente (11-20/04), em Aparecida (SP), para a nossa Assembleia Geral, oferecemos às nossas comunidades, e a todas as mulheres e homens de boa vontade, algumas reflexões, com o intuito de colaborar no processo eleitoral que se aproxima.
Do Evangelho nos vem a consciência "de que todos os cristãos, incluindo os pastores, são chamados a preocupar-se com a construção de um mundo melhor" (Papa Francisco - Evangelii Gaudium, 183), sinal do Reino de Deus.
Neste ano eleitoral, o Brasil vive um momento complexo, alimentado por uma aguda crise que abala fortemente suas estruturas democráticas e compromete a construção do bem comum, razão da verdadeira política. A atual situação do País exige discernimento e compromisso de todos os cidadãos e das instituições e organizações responsáveis pela justiça e pela construção do bem comum.
Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque, ao revelar raízes cada vez mais alastradas e profundas. Nem mesmo os avanços em seu combate conseguem convencer a todos de que a corrupção será definitivamente erradicada. Cresce, por isso, na população, um perigoso descrédito com a política. A esse respeito, adverte-nos o Papa Francisco que, "muitas vezes, a própria política é responsável pelo seu descrédito, devido à corrupção e à falta de boas políticas públicas" (Laudato Sì, 197). De fato, a carência de políticas públicas consistentes, no País, está na raiz de graves questões sociais, como o aumento do desemprego e da violência que, no campo e na cidade, vitima milhares de pessoas, sobretudo, mulheres, pobres, jovens, negros e indígenas.
Além disso, a perda de direitos e de conquistas sociais, resultado de uma economia que submete a política aos interesses do mercado, tem aumentado o número dos pobres e dos que vivem em situação de vulnerabilidade. Inúmeras situações exigem soluções urgentes, como a dos presidiários, que clama aos céus e é causa, em grande parte, das rebeliões que ceifam muitas vidas. Os discursos e atos de intolerância, de ódio e de violência, tanto nas redes sociais como em manifestações públicas, revelam uma polarização e uma radicalização que produzem posturas antidemocráticas, fechadas a toda possibilidade de diálogo e conciliação.
Nesse contexto, as eleições de 2018 têm sentido particularmente importante e promissor. Elas devem garantir o fortalecimento da democracia e o exercício da cidadania da população brasileira. Constituem-se, na atual conjuntura, num passo importante para que o Brasil reafirme a normalidade democrática, supere a crise institucional vigente, garanta a independência e a autonomia dos três poderes constituídos - Executivo, Legislativo e Judiciário - e evite o risco de judicialização da política e de politização da Justiça.
É imperativo assegurar que as eleições sejam realizadas dentro dos princípios democráticos e éticos para que se restabeleçam a confiança e a esperança tão abaladas do povo brasileiro. O bem maior do País, para além de ideologias e interesses particulares, deve conduzir a consciência e o coração tanto de candidatos, quanto de eleitores.
 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO