A Polícia Federal (PF) no Paraná concluiu acordo de delação premiada com o ex-ministro Antonio Palocci (hoje ex-PT), homem de confiança, na área econômica e política, das gestões petistas de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016). Fontes na PF confirmaram que a colaboração premiada do ex-ministro foi acertada entre as partes. O político procurou a corporação após sua negociação com o Ministério Público Federal (MPF) não avançar. PF e MPF travam uma disputa no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre quem pode assinar acordos de colaboração e sobre o modelo a ser utilizado.
O ex-ministro vai falar aos delegados da Lava Jato da Superintendência da PF de Curitiba, onde está preso desde 2016. Palocci foi detido na 35ª fase da operação, batizada de Omertá, após o delegado Filipe Hille Pace mapear as movimentações da "planilha Italiano" no banco de dados do departamento de propina da Odebrecht.
Ainda não se tem notícia sobre a abrangência do conteúdo da delação de Palocci, mas o ex-ministro deve revelar detalhes dos esquemas de corrupção dos quais participou durante os governos de Lula e Dilma, entre 2003 e 2015. Um dos temas a serem explicados pelo ministro são as contratações por grandes empresas de sua consultoria, a Projeto Consultoria Empresarial e Financeira.
Desde o início das investigações contra Palocci, a PF suspeita do uso da empresa para recebimentos de valores provenientes de esquemas de corrupção em órgãos públicos comandados pelo PT, entre eles, a Petrobras.
Relatório da Receita Federal anexado à Operação Omertá revelou que a Projeto recebeu R$ 81,3 milhões de 47 empresas entre 2006 e 2015. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, na ação penal sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula pela Odebrecht, Palocci incriminou o ex-presidente ao detalhar supostos encontros entre o petista e o empreiteiro Emílio Odebrecht para tratar de vantagens indevidas.