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Contas Públicas

- Publicada em 15 de Abril de 2018 às 21:19

Rio Grande do Sul registra oitavo déficit anual seguido

Feltes (e) e Tonollier destacam importância da renegociação de débitos

Feltes (e) e Tonollier destacam importância da renegociação de débitos


Luiza Prado/JC e João Mattos/Arquivo/JC
O resultado do balanço orçamentário de 2017, entregue, na semana passada, pela Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) com um déficit de quase R$ 1,67 bilhão, deu prosseguimento a uma tendência de, pelo menos, meia década no Rio Grande do Sul. Foi o oitavo ano seguido com insuficiência de receitas para equilibrar as despesas, trajetória iniciada em 2010. Além disso, segundo a Sefaz, dos últimos 47 anos, em 40 deles, o cenário se repetiu - apenas em sete anos, portanto, a situação foi de superávit orçamentário.
O resultado do balanço orçamentário de 2017, entregue, na semana passada, pela Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) com um déficit de quase R$ 1,67 bilhão, deu prosseguimento a uma tendência de, pelo menos, meia década no Rio Grande do Sul. Foi o oitavo ano seguido com insuficiência de receitas para equilibrar as despesas, trajetória iniciada em 2010. Além disso, segundo a Sefaz, dos últimos 47 anos, em 40 deles, o cenário se repetiu - apenas em sete anos, portanto, a situação foi de superávit orçamentário.
Novo secretário da pasta, Luiz Antônio Bins argumenta que o percurso mostra que, embora os últimos anos tenham sido afetados pela recessão econômica do País, o Estado tem problemas estruturais. "Isso fica muito claro quando olhamos o período maior de tempo, pois não enfrentamos problemas só em momentos de crise", comenta Bins, que assumiu a Fazenda na semana passada, após a desincompatibilização do seu antecessor, Giovani Feltes.
O secretário afirma que essas dificuldades históricas ainda não estão bem resolvidas, mas defende que a atual gestão deu encaminhamento a parte delas. "Muita coisa foi feita, não só para este governo, mas para a situação fiscal do Estado como um todo, buscando construir algo com sustentabilidade", comenta Bins. Entre as iniciativas estão mudanças no sistema de Previdência e o que o titular da pasta classifica como "qualificação dos gastos". Segundo estimativa da pasta, apenas um programa de melhor gestão nas despesas, iniciado ainda no governo Tarso Genro, teria gerado uma economia acumulada até aqui de R$ 1 bilhão.
No lado das receitas, além do aumento na alíquota do ICMS, vigente desde 2016 e que resulta em um acréscimo em torno de R$ 2 bilhões anuais em arrecadação, Bins comemora a obtenção, no ano passado, de bons resultados em outras frentes de receitas. Foram atingidos R$ 3,2 bilhões provenientes de créditos tributários e outros R$ 2,2 bilhões de dívida ativa no ano passado, que ajudaram o Estado a diminuir o déficit - que, inicialmente, estava previsto em R$ 2,6 bilhões.
Somadas as renegociações quanto à dívida com a União, cujas parcelas estão suspensas ou descontadas desde o ano passado, o governo gaúcho celebra ter reduzido o déficit para todo o quadriênio da gestão. Em 2015, a previsão era de um déficit financeiro de R$ 25,4 bilhões para os quatro anos, estimativa agora reduzida para R$ 7,1 bilhões. "Em que pese ainda ser difícil, é um resultado muito melhor do que o previsto em 2015, ainda mais considerando a recessão que se seguiu", argumenta Bins.
A situação não deve mudar em 2018, ano em que a previsão orçamentária é de um déficit de R$ 6,9 bilhões, resultado que seria o pior do passado recente. O rombo, porém, não deve se concretizar, porque o documento previa o pagamento das parcelas do débito com o governo federal. Caso o pagamento se mantenha suspenso até o fim do ano, a projeção é de que o resultado negativo diminua praticamente pela metade.
Hoje paralisado por conta de uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a aposta do governo gaúcho para continuar sem pagar as prestações é a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). "Temos que resolver, enquanto sociedade, se queremos manter esses recursos aqui ou transferi-los para a União, considerando esse momento de extrema dificuldade", sustenta o secretário. A expectativa do Piratini é de assinar o pré-acordo em maio.
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Crise fiscal do Estado se arrasta há décadas; dívida com a União é considerada decisiva

Os déficits verificados pelo Rio Grande do Sul nos últimos anos, algo que deve se repetir em 2018, são cenários que comprovam que a crise fiscal do Estado é algo que se estende de longa data. Nos últimos 47 anos, o Estado fechou com déficits em 40 exercícios - apenas em sete anos a soma das receitas superou as despesas.
O ex-secretário da Fazenda Giovani Feltes (que, recentemente, deixou o cargo para concorrer à reeleição como deputado federal) sempre ressaltou que os problemas estruturais do Estado são históricos. Feltes destacou essas dificuldades quando o governo publicou o balanço orçamentário de 2015 (primeiro ano da gestão do governador José Ivo Sartori) que apontou déficit de aproximadamente R$ 4,9 bilhões. O valor representou uma variação nominal de 290% sobre o resultado negativo de cerca de R$ 1,26 bilhão apurado em 2014. O ex-secretário frisa que todos os maiores partidos do Estado já participaram, de alguma forma, de governos passados e sabem da realidade estadual. Uma crítica feita por Feltes aos seus antecessores foi o esgotamento dos saques do Caixa Único e do uso dos depósitos judiciais na tentativa de se alcançar um reequilíbrio das contas.
O secretário da Fazenda durante a gestão de Tarso Genro (2011-2014), Odir Tonollier, foi outro que reconheceu os problemas nas finanças do Estado, especialmente na capacidade de investimentos com recursos próprios. Tonollier já observava, em entrevista ao Jornal do Comércio em 2014, que desde o início do governo Tarso foi verificado que os recursos próprios seriam suficientes apenas para o pagamento de salários e custeio da máquina. Apesar das divergências políticas, tanto Tonollier como Feltes concordavam sobre a importância da renegociação da dívida com a União.