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Infraestrutura

- Publicada em 04 de Março de 2018 às 19:11

Irrigação e armazenagem no horizonte de negócios

Atualmente, menos de 1% da área plantada com soja e milho no Rio Grande do Sul conta com fornecimento artificial de água

Atualmente, menos de 1% da área plantada com soja e milho no Rio Grande do Sul conta com fornecimento artificial de água


/PEDRO REVILLION/PALÁCIO PIRATINI/JC
Além da tradicional procura por novas tecnologias em máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, dois segmentos do agronegócio devem se destacar na edição deste ano da Expodireto e ao longo de 2018. Por diferentes razões - uma boa e uma ruim - deve crescer neste ano a procura por irrigação e armazenamento. Enquanto pivôs e outras formas de irrigação tendem a ganhar mercado devido à estiagem e a prejuízos, especialmente na Metade Sul do Estado, a armazenagem pode conquistar mais espaço nas propriedades rurais graças aos constantes aumentos de produção de grãos no Brasil.
Além da tradicional procura por novas tecnologias em máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, dois segmentos do agronegócio devem se destacar na edição deste ano da Expodireto e ao longo de 2018. Por diferentes razões - uma boa e uma ruim - deve crescer neste ano a procura por irrigação e armazenamento. Enquanto pivôs e outras formas de irrigação tendem a ganhar mercado devido à estiagem e a prejuízos, especialmente na Metade Sul do Estado, a armazenagem pode conquistar mais espaço nas propriedades rurais graças aos constantes aumentos de produção de grãos no Brasil.
Nos dois casos, vale ressaltar, os produtores brasileiros exibem números irrisórios se comparados a outros países com os quais o Brasil compete por mercados, como Estados Unidos e Argentina, dizem especialistas. Segundo o presidente da Comissão de Irrigantes da Farsul, João Augusto Telles, atualmente menos de 1% da área plantada com soja e milho no Rio Grande do Sul conta com fornecimento artificial de água às plantas feito, por exemplo, com pivôs e gotejamentos. A estratégia de investimento na área, porém, deve ir muito além de um forma de combate à estiagem. De cerca de 5 milhões de hectares cultivados com grãos (excetuando-se a área de arroz, predominantemente já feita com esse recurso), apenas entre 230 mil e 250 mil hectares são irrigados.
"Os investimentos em irrigação serão estimulados pela falta de chuva na Metade Sul e podem ter reflexo na Expodireto. Mas o produtor não deve pensar nisso como solução somente para períodos de estiagem. A irrigação deve ser uma estratégia de produtividade constante", alerta Telles, que conta com cerca de 200 hectares irrigados de um total de 500 hectares em que cultiva grãos.
De acordo com o representante da Farsul, os agricultores deveriam ter ao menos 30% de suas áreas irrigada como forma de segurança contra quebras por razões climáticas e para aumentar ganhos. A mesma estratégia é recomendada por Pedro Oliveira, proprietário da Irriga Sul, de Dom Pedrito, que estará na Expodireto. O empresário afirma que áreas irrigadas costumam render cerca de 30 sacas a mais de soja por hectare. "Dez sacas a mais pagam o investimento, e 20 sacas são de ganhos. Mas o produtor gaúcho ainda é pouco empreendedor neste sentido e segura muito os investimentos", critica Oliveira.
Para Telles, um dos limitadores do avanço da irrigação no Estado é a energia, cujo fornecimento é precário em algumas regiões e com custo elevado. Outro entrave, diz Telles, ainda é a questão do licenciamento - que, apesar de ter sido acelerado a partir de 2016, tem limitações no Norte do Estado em razão da grande presença de áreas de mata atlântica. "Isso limita e dificulta a formação de barragens", diz Telles, lembrando, porém, que esse empecilho é reduzido na Metade Sul, devido ao bioma diferente, e que tende a ampliar os investimentos na área.
Semelhante à defasagem de zonas irrigadas no Brasil é a capacidade de armazenagem de grãos em todo o País. De acordo com Andrea Hollmann, coordenadora do Grupo de Armazenagem da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, o Brasil tem um déficit de capacidade de armazenagem de 70 milhões de toneladas. E, como as safras têm sido crescentes nos últimos anos, a necessidade tende a aumentar. "Hoje, temos condições de armazenar cerca de 150 milhões de toneladas. É muito pouco. Vale lembrar que na última safra, 2016/2017, foram colhidas quase 240 milhões de toneladas. E o cenário é ainda pior se pensarmos que o número de fazendas que têm local para secar e guardar grãos dentro da propriedade é baixíssimo", alerta Andrea.
Um dos indicadores que a executiva da Abimaq diz que apontam para uma demanda maior por armazenagem neste ano é que os recursos do Bndes para essa linha de financiamento se esgotaram rapidamente neste ano. "Em janeiro, já não havia mais disponibilidade, o que não é comum", destaca Andrea. O rápido esgotamento pode indicar que o Brasil está reduzindo suas fraquezas em relação a outros players importantes, mesmo que ainda falte muito para se fazer. Nos Estados Unidos, exemplifica Andrea, cerca de 65% das propriedades contam com silos e armazéns; na Argentina, chega a 40%; e no Brasil, a apenas 16%. No Canadá, alcança 80%.
Andrea diz ainda que, apesar de o Rio Grande do Sul ter uma rede ampla de armazenagem em cooperativas, diferentemente de outras regiões produtoras, o ideal é que o agricultor tenha suas próprias estruturas. Além do custo menor com logística, as perdas também são reduzidas com locais para guardar grãos dentro da porteira. "Com o recurso dentro da propriedade, é possível ter certificações e rastreamento, por exemplo, o que, em um modelo conjunto, não dá - além de proporcionar melhor aproveitamento de grãos quebrados para alimentar animais, o que, na entrega para um cerealista ou cooperativa, pode ser descontado do valor a receber", afirma Andrea.

Preste atenção

  • O produtor que incorrer na prática considerada mais danosa ao ambiente - o desvio do curso de um rio para irrigar terras - ficará sujeito a multa de até R$ 50 mil por hectare.
  • Ana Pellini, secretária do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, alerta ainda que a prática tende a levar a conflitos sociais e com vizinhos de propriedade, prejudicados pelo ato.