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investigação

- Publicada em 26 de Fevereiro de 2018 às 19:01

Jaques Wagner é alvo de busca e apreensão pela PF

Ex-governador é acusado de levar R$ 82 milhões em propina e caixa-2

Ex-governador é acusado de levar R$ 82 milhões em propina e caixa-2


YASUYOSHI CHIBA/AFP/JC
A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã de ontem, mandados de busca e apreensão no apartamento do ex-governador da Bahia e possível candidato à presidência pelo PT Jaques Wagner, que governou o estado entre 2007 e 2014. As buscas foram feitas no âmbito da Operação Cartão Vermelho, que investiga supostas irregularidades nos serviços de demolição, reconstrução e gestão do estádio da Fonte Nova para a Copa do Mundo de futebol de 2014.
A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã de ontem, mandados de busca e apreensão no apartamento do ex-governador da Bahia e possível candidato à presidência pelo PT Jaques Wagner, que governou o estado entre 2007 e 2014. As buscas foram feitas no âmbito da Operação Cartão Vermelho, que investiga supostas irregularidades nos serviços de demolição, reconstrução e gestão do estádio da Fonte Nova para a Copa do Mundo de futebol de 2014.
Sete endereços foram alvo de buscas autorizadas pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), para obtenção de provas complementares do desvios de dinheiro público. Um deles é o apartamento de Wagner, no Corredor da Vitória. Segundo a PF, o inquérito policial apurou a existência de irregularidades como fraude em licitação, superfaturamento, desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro.
As investigações da PF apontam que a licitação que resultou na parceria público-privada para construção e gestão do estádio teria sido direcionada para beneficiar o consórcio Fonte Nova Participações, parceria entre OAS e Odebrecht. A obra, segundo laudo pericial, teria sido superfaturada em pelo menos R$ 450 milhões, em valores corrigidos. Parte dos recursos teria sido destinada ao financiamento de campanhas eleitorais.
A delegada da Polícia Federal Luciana Matutino Caires, responsável pela Operação Cartão Vermelho, afirmou que Wagner recebeu "boa parte" do valor desviado do superfaturamento do estádio Arena Fonte Nova, em Salvador. O ex-governador petista teria levado cerca de R$ 82 milhões em propina e caixa-2, segundo a investigação. Segundo a PF, também houve doações eleitorais de R$ 3,5 milhões declaradas feitas pelo Grupo Petrópolis, a pedido da Odebrecht, que beneficiaram a campanha do hoje governador da Bahia Rui Costa (PT). 
"Em razão das delações da Odebrecht e de material apreendido na OAS, nós verificamos que, de fato, o então governador recebeu uma boa parte do valor desviado do superfaturamento para pagamento de campanha eleitoral e de propina. Havia dois intermediários, seja pela OAS, seja pela Odebrecht, que também foram alvo de busca nesta data (ontem). Um destes intermediários é o atual secretário da Casa Civil do governo do estado da Bahia e outro é um empresário muito próximo do então governador e também foi alvo de busca nesta data", afirmou a delegada. A Policia Federal vasculhou o gabinete de Jaques Wagner na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo do estado, pasta comandada pelo petista. O chefe da Casa Civil do governo da Bahia, Bruno Dauster (PT), também foi alvo de buscas.
A PF também pediu a prisão de Wagner, Dauster e do empresário citado, mas as solicitações foram negadas pelo TRF-1. O advogado Pablo Domingues, que defende o ex-governador da Bahia, afirmou que o petista está "absolutamente tranquilo". O criminalista classificou as suspeitas da Polícia Federal na Operação Cartão Vermelho como "factoides" e "inverdades".
"A gente ainda não teve acesso integral ao inquérito. Do que a gente tem conhecimento é que esses valores são valores feitos de modo aleatório, há uma fragilidade na elaboração dessas contas. São factoides, são inverdades. Ele está muito tranquilo com relação a isso, porque jamais houve essa situação. Está absolutamente tranquilo em relação a isso", afirmou Domingues. 

Não existe superfaturamento em parceria público-privada, diz Wagner

O ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) negou ter recebido recursos ilícitos de empreiteiras e afirmou que não houve superfaturamento obras de reconstrução da Arena Fonte Nova, em Salvador. "Repilo a ideia de receber propina. Nunca pedi nem nunca recebi propina. Eu não peço e não autorizo ninguém a pedir qualquer tipo de reciprocidade por obras feitas", disse o petista.
Segundo a Polícia Federal, Wagner teria recebido R$ 82 milhões das empreiteiras OAS e Odebrecht pelo superfaturamento do contrato de reconstrução e gestão do estádio da Fonte Nova. As suspeitas fazem parte do inquérito da Polícia Federal, que cumpriu na manhã desta segunda-feira mandados de busca e apreensão em sete endereços em Salvador no âmbito da Operação Cartão Vermelho.
Jaques Wagner afirmou que há uma incompreensão da Polícia Federal e do Tribunal de Contas do Estado da Bahia do que é uma PPP (Parceria Público-Privada). "Em PPP, não existe a figura do superfaturamento, como se está se insistindo em falar", disse o ex-governador, ressaltando que a parceria foi precedida de consulta pública.
O ex-governador baiano afirmou ser uma "aberração" a Polícia Federal afirmar que houve direcionamento por causa da exigência de expertise em demolição. E disse "estranhar" o fato de a operação da Polícia Federal acontecer cinco anos depois do início do inquérito.
 

Para PT, ação reflete 'perseguição'; Rui Costa disse confiar na 'lisura' do petista

A cúpula do PT classificou as buscas da Polícia Federal na casa do ex-governador da Bahia Jaques Wagner como "mais um episódio da campanha de perseguição" contra o partido, e acusou abuso de autoridade de "setores" do Judiciário. Wagner é o nome mais cotado, até agora, para ser candidato do PT ao Palácio do Planalto caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja impedido de concorrer por causa da Lei da Ficha Limpa.
"A escalada do arbítrio está diretamente relacionada ao crescimento da pré-candidatura do ex-presidente Lula nas pesquisas, nas manifestações populares, nas caravanas de Lula pelo Brasil", escreveu a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, em nota divulgada ontem. "Quanto mais Lula avança, mais tentam nos atingir com mentiras e operações midiáticas."
No texto, Gleisi afirma ainda que "a sociedade brasileira está cada vez mais consciente de que setores do sistema judicial abusam da autoridade para tentar criminalizar o PT e até os advogados que defendem nossas lideranças e denunciam a politização do Judiciário".
O atual governador da Bahia, Rui Costa (PT), também afirmou ontem, em entrevista à imprensa, que confia na lisura de Wagner e do contrato de parceria público-privada firmado entre o governo baiano e a Fonte Nova Participações, empresa formada por OAS e Odebrecht. "Tenho absoluta confiança na lisura de tudo que foi feito. Tenho absoluta confiança, porque conheço o ex-governador há 35 anos e sei da sua lisura. A investigação comprovará essa lisura", afirmou Costa em um evento na governadoria. 

'Confio na lisura de Wagner', diz governador da Bahia

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou ontem, em entrevista à imprensa, que confia na lisura do ex-governador Jaques Wagner (PT) e do contrato de parceria público-privada firmado entre o governo baiano e a Fonte Nova Participações, empresa formada por OAS e Odebrecht.
"Tenho absoluta confiança na lisura de tudo que foi feito. Tenho absoluta confiança, porque conheço o ex-governador há 35 anos e sei da sua lisura. A investigação comprovará essa lisura", afirmou Costa em evento na governadoria. O governador baiano defendeu a parceria público-privada e disse que o Estádio da Fonte Nova foi o mais barato entre os 10 estádios erguidos para a Copa do Mundo.
Costa também queixou-se da operação da Polícia Federal, a quem acusou de agir de forma midiática. E criticou o fato de uma equipe da TV Bahia, afiliada da TV Globo, ter chegado aos locais onde a operação foi deflagrada antes da Polícia Federal. "Acho que essas medidas de exceção precisam ter limite da própria Justiça. Não precisam ser feitas de forma midiática, a TV chegar antes", afirmou.

PF pediu prisão temporária do petista e TRF-1 negou solicitação

A Polícia Federal (PF) pediu a prisão do ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT), do secretário de Casa Civil do estado, Bruno Dauster (PT), e de um empresário. As solicitações foram negadas pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), responsável pelos mandados que deflagrou nesta segunda-feira a Operação Cartão Vermelho.
O superintendente da Polícia Federal na Bahia, Daniel Justo Madruga, afirma que os investigadores, inicialmente, queriam a condução coercitiva dos três suspeitos. Como a medida está suspensa desde dezembro, por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal requereu a prisão temporária.
"Nós entendíamos que, neste momento, seria importante a condução coercitiva dos investigados para que eles depusessem hoje sem a possibilidade de combinar nenhum tipo de resposta, mas, por decisão do Supremo Tribunal Federal, as conduções coercitivas estão suspensas. Não se pode adotar esse tipo de medida. Nós entendíamos que era necessária a condução. Não havendo a possibilidade de condução, alternativamente se pediu a prisão temporária, que foi negada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região", afirmou Daniel Madruga.