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PREVIDÊNCIA

- Publicada em 08 de Fevereiro de 2018 às 00:17

Governo quer votar texto da reforma até o dia 28

Ribeiro (e) e Arthur Maia apresentaram ontem a nova proposta

Ribeiro (e) e Arthur Maia apresentaram ontem a nova proposta


/MARCELO CAMARGO/ABR/JC
Depois de uma série de idas e vindas, a versão final - ao menos até o Carnaval - da reforma da Previdência foi apresentada ontem. O texto foi redigido pelo relator da PEC (Proposta de Emenda à Constituição), Arthur Maia (PPS-BA), mas apresentado pelo líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). A proposta vai embasar uma emenda aglutinativa, texto oficial que será concluído em plenário, após discussão com os parlamentares.
Depois de uma série de idas e vindas, a versão final - ao menos até o Carnaval - da reforma da Previdência foi apresentada ontem. O texto foi redigido pelo relator da PEC (Proposta de Emenda à Constituição), Arthur Maia (PPS-BA), mas apresentado pelo líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). A proposta vai embasar uma emenda aglutinativa, texto oficial que será concluído em plenário, após discussão com os parlamentares.
Novas alterações só serão aceitas se vierem casadas com promessa de votos. O governo planeja votar o texto até o dia 28 de fevereiro. A ideia é tentar liquidar o assunto neste mês. Caso não haja votos suficientes para aprovar, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não quer nem levar o texto a plenário, e pretende engavetá-lo.
Agora, pela primeira vez, Ribeiro reconheceu que o texto pode ir para a gaveta. "Essa matéria, seria uma irresponsabilidade, o País se submeter, num momento como este, em que tivemos um downgrade de rating brasileiro, exatamente em função dessa perspectiva. O mercado teve essa percepção antecipadamente. Seria um atentado ao Estado brasileiro colocar uma matéria sabendo que não aprovará. Por isso, vamos fazer todo o esforço", disse. Se não for possível aprovar a reforma, o líder afirmou que novas propostas econômicas serão discutidas em conjunto com o Congresso.
Como Arthur Maia já havia antecipado na terça-feira, a nova proposta de texto traz apenas uma alteração prática em relação à versão que havia sido divulgada no final do ano passado. Para cumprir a promessa feita pelo governo, retirou-se oficialmente qualquer menção à aposentadoria de trabalhadores rurais, medida que já havia sido anunciada no final de 2017.
Para conquistar alguns votos da bancada da bala, foi incluído o pagamento integral da pensão para viúvos e viúvas de policiais mortos em combate. No entanto, como a aposentadoria de militares não está sendo tratada nesta PEC, a medida não inclui, por exemplo, os policiais militares.
A alteração contempla apenas, segundo o relator, policiais civis, federais, rodoviários federais e legislativos. Com isso, parte deles poderá, inclusive, furar o teto previdenciário, de R$ 5.645,80. "Achamos muito significativo, simbólico mesmo, fazer esta concessão às famílias dos policiais que venham a morrer em combate", afirmou Arthur Maia. O relator não soube informar o número de policiais mortos em serviço nem o impacto financeiro da nova regra, mas disse que o custo não é "significativo".
Os representantes do governo negaram que a alteração seja contraditória ao discurso do Planalto de que a reforma vai garantir isonomia e acabar com privilégios. "Não está havendo um recuo", insistiu Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder do governo na Câmara.
Para aprovar a reforma da na Câmara, o governo precisa conseguir, no mínimo, 308 votos favoráveis em duas votações. Hoje, governistas reconhecem ter menos de 270. O Planalto e o comando da Câmara sabem que as chances de se aprovar a reforma são mínimas, e ambos já preparam, inclusive, discursos para o eventual engavetamento da nova Previdência. 
 

Principais pontos da nova versão

SERVIDORES:
Havia uma expectativa de que o texto entregue por Arthur Maia tivesse uma regra de transição para servidores, mas isso não ocorreu. Os parlamentares vinham discutindo uma fase de adaptação às mudanças mais benéfica para os servidores que ingressaram na carreira antes de 2003. Essa transição teria duração de 10 anos a contar dos 60 anos de idade.
O texto final, no entanto, não incluiu essas mudanças. Arthur Maia explicou que essas concessões ficaram de fora do texto final, porque não havia garantias de que facilitariam a aprovação da reforma.
A pressão era para que os servidores públicos que ingressaram na carreira antes de 2003 mantivessem o direito à integralidade (último salário da carreira) e paridade (mesmo reajuste dos ativos) sem exigência de idade mínima (de 65 anos, no caso de homens e 62 anos, mulheres).
TRABALHADOR RURAL:
Pelo relatório da comissão, as regras iriam mudar para trabalhadores do campo sem carteira assinada, agricultura familiar e pescadores artesanais. Hoje, basta ter 55 anos (mulher) ou 60 anos (homem), e comprovar 15 anos de atividade rural. Eles seriam obrigados a contribuir por 15 anos para ter direito a aposentador. Já no ano passado, no entanto, o governo os tirou da reforma. A ideia era facilitar a aceitação da reforma, especialmente entre a população mais pobre.
BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS:
O texto aprovado na comissão especial no ano passado previa mudança nos benefícios assistenciais (concedidos a idosos ou deficientes de baixa renda), com elevação da idade dos atuais 65 anos para 68 anos. No entanto, para se contrapor ao discurso de que os mais pobres seriam prejudicados, eles também foram retirados da reforma.
POLICIAIS MORTOS EM SERVIÇO:
O governo tinha sinalizado, e a mudança foi confirmada no texto final desta quarta-feira, que vai conceder aposentadoria integral para policiais mortos em serviço. Essa medida, no entanto, só vale para policiais federais, policiais rodoviários federais e policiais civis. PMs e bombeiros não estão na reforma da Previdência, porque são de responsabilidade dos estados.
IDADE MÍNIMA:
O texto da reforma prevê idade mínima para aposentadoria, de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, de forma gradativa. Acaba com a aposentadoria só por tempo de serviço no INSS . Para quem se aposenta por idade no INSS, o tempo mínimo de contribuição foi mantido em 15 anos. Na proposta inicial, subia para 25 anos. 

Centrais sindicais pedem a Rodrigo Maia que votação não ocorra neste ano

Representantes das centrais sindicais reuniram-se ontem com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, para pedir que a reforma da Previdência não seja votada este ano. A previsão é que a matéria comece a ser discutida no dia 19.
As centrais pedem que a questão seja bem discutida com a sociedade nas eleições e que fique a cargo do próximo governo. A reunião ocorreu na residência oficial de Maia em Brasília.
"Na medida em que (a reforma) tiver uma derrota acachapante na Câmara, com certeza, as bolsas vão cair, o dólar vai subir, será muito ruim para a economia. É bom para o Brasil que a discussão seja feita nas próximas eleições", defendeu o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (SD-SP).
"Não há possibilidade nenhuma de esse assunto, que a maioria da sociedade ainda não compreendeu direito, e quem compreendeu sabe que será prejudicial se for votado. É preciso retirar da pauta e fazer um amplo debate com a sociedade", disse a vice-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Carmen Helena Ferreira Foro.
Participaram da reunião, além da Força Sindical e da CUT, representantes da Nova Central Sindical de Trabalhadores, UGT (União Geral dos Trabalhadores) e CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros). De acordo com os participantes, Maia reforçou o que já havia dito à imprensa que colocará a reforma para votação caso haja votos suficientes para a aprovação. 

Planalto sondou influenciadores digitais para defender mudanças

O governo Michel Temer (PMDB) sondou influenciadores digitais em redes sociais para que eles defendessem a reforma previdenciária.Nesta quarta-feira, dois usuários do LinkedIn, rede profissional focada em negócios e projetos, afirmaram que recusaram a abordagem feita por agências de publicidade que atuam para a gestão federal.
Com 255 mil seguidores, o jornalista e palestrante Murillo Leal escreveu em sua página on-line ontem que recebeu um telefonema com um convite para que escrevesse a favor da proposta. "Não acreditei, chequei e era real. Estão investindo em publicidade. Obviamente, este dinheiro alto seria bem vindo na minha conta. Claro, não aceitei", disse.
No mesmo dia, o especialista em marketing digital Matheus de Souza, com 85,6 mil seguidores, escreveu que recebeu um convite do governo federal na terça-feira. "Eu não usarei tua grana para falar sobre algo que não domino para uma instituição que não confio", escreveu.
Em nota, a equipe de marketing do governo afirmou que é "uma prática comum do mercado de comunicação utilizar-se de porta-vozes para transmitir mensagens à sociedade".
"É pratica usual de empresas que oferecem esse tipo de serviço atuarem proativamente e apresentarem propostas comerciais para marcas e governos. Para isso, consultam antecipadamente os possíveis contratados para saber de sua disponibilidade em participar ou não com tais depoimentos", disse.
A equipe ressaltou, contudo, que não solicitou aos influenciadores digitais os contatos dos usuários da rede social e que a proposta apresentada "não foi autorizada" pelo governo federal. O valor oferecido a eles não foi informado.

Partidos de esquerda formam frente contra o projeto de mudanças

Os partidos de esquerda, como PT, PDT, PCdoB e PSOL, que juntos somam 95 deputados na Câmara, vão adotar uma estratégia conjunta para tentar impedir a aprovação da reforma da Previdência. Reunidos ontem, o grupo decidiu que irá lançar, no próximo dia 20, data em que está marcada a votação, um manifesto contra as mudanças nas regras da aposentadoria. "Queremos que a reforma seja pautada, porque nós vamos derrotá-la", disse o líder do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo (CE).
Além da Previdência, os partidos também irão formar uma frente que envolva os pré-candidatos à Presidência de cada legenda. A ideia é traçar pautas conjuntas, mas sem se comprometer com uma aliança eleitoral em torno de um único nome. "Será uma união de atuação, não significa uma união eleitoral", afirmou Figueiredo.
Com a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os partidos que costumavam apoiar o PT nas eleições trabalham para lançar seus próprios candidatos. No PDT, o nome é Ciro Gomes. O PCdoB já lançou a deputada estadual Manuela d'Ávila. E o PSOL espera a filiação do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.