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Empresas & Negócios

- Publicada em 14 de Fevereiro de 2018 às 14:04

Artesanato permite resgatar manufatura, renda e estima


ASSOCIAÇÃO REDEIRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Pedro Carrizo
Gerador de renda e de autonomia, o artesanato desenvolvido no Rio Grande do Sul prova ser, além de um resgate da cultura do Estado, uma oportunidade promissora de trabalho. Entre a primeira década deste século e o início da segunda, instituições públicas e privadas investiram na prática em regiões onde a matéria-prima era abundante e mal aproveitada, visando ao empreendedorismo nessas localidades.
Gerador de renda e de autonomia, o artesanato desenvolvido no Rio Grande do Sul prova ser, além de um resgate da cultura do Estado, uma oportunidade promissora de trabalho. Entre a primeira década deste século e o início da segunda, instituições públicas e privadas investiram na prática em regiões onde a matéria-prima era abundante e mal aproveitada, visando ao empreendedorismo nessas localidades.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS) e a Fundação Bradesco fazem parte da lista dos investidores em capacitação o trabalho artesanal feito no Rio Grande do Sul. O apoio impulsiona as atividades e, por consequência, estimula a valorização dos artesãos - em sua grande maioria, mulheres -, o reconhecimento nacional de peças manufaturadas no Estado e a divulgação da cultura gaúcha.
A Associação Redeiras, localizada na Colônia de São Pedro, região pesqueira de Pelotas, é um exemplo de que as parcerias rendem bons frutos. Fundada em 2008 por meio da capacitação do Sebrae-RS, transforma redes para pesca do camarão, utilizadas ao longo de cinco safras, em bolsas, chapéus, carteiras, pulseiras e xales. Das escamas de peixe surgem braceletes, brincos e colares, além de pulseiras banhadas a prata que compõe a coleção. O trabalho manufaturado permitiu às mulheres da Redeiras conhecer o País e formar uma agenda com clientes em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Pernambuco e Santa Catarina.
"O trabalho na Associação Redeiras é a coisa mais importante na minha vida. Claro que trabalhamos porque precisamos da remuneração, mas também a satisfação é muito grande", diz a presidente da entidade, Karine Portela, também responsável pelo tear das peças. Como a maioria dos moradores da região trabalha direta ou indiretamente com a pesca, a ideia foi de valorização da prática. "Na minha casa, o artesanato é praticamente metade da renda total. A outra metade vem da pesca", conta ela. As peças manufaturadas podem ser adquiridas pelo site www.redeiras.com.br e no Mercado Público de Pelotas.
A Ladrilã, também de Pelotas e capacitada pelo Sebrae-RS, em 2010, é formada por 15 mulheres e um homem que transformam a lã ovina em itens para a casa, repaginando o uso da matéria-prima normalmente destinada para ponchos e cobertores, produtos que podem ser conferidos no site http://artesol.org.br/membros/ladrila. "Nossa região é produtora de ovelha, mas pouquíssimas pessoas que trabalhavam com a lã conseguiam ganhar dinheiro", diz a presidente da entidade, Tânia Furtado. O resgate histórico do artesanato em lã unido à inovação trazida nas peças valorizaram o produto no mercado nacional, que vai de luminárias em formato de anêmonas, adornos de mesa e tapetes com compartimentos para esquentar os pés.
Para a presidente da Ladrilã, a maior dificuldade são os recursos para o grupo estar presente nas feiras voltadas ao artesanato. "Fica muito caro para o artesão bancar hospedagem, alimentação e o estande, que normalmente é o mais caro. Mas, quando conseguimos ir, vendemos muito bem", diz. A presidente ressalta a importância da Ladrilã na valorização da mulher no campo e no incentivo à produção de ovinos. "Temos uma função muito importante para região, e três dos 16 membros dependem exclusivamente do artesanato." 
Mais de 300 quilômetros separam a Ladrilã do grupo Pampa Caverá, localizado em Rosário do Sul, na Região da Campanha. Fundado em 2011 com capacitação da Fundação Bradesco, 11 pessoas participam do grupo, a maioria mulheres. A ideia do projeto é a valorização do bioma Pampa por meio do artesanato em lã e algodão, em peças que imprimem a fauna e flora característicos da região. Até o momento, foram lançadas três coleções da marca. Em 2012, o Pampa Caverá conquistou o Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato, reconhecimento nacional que alavancou significativamente a renda do grupo.
 "Os artesãos conseguem se manter com este trabalho", comemora Mary Anne Izolani do Amaral, artesã do projeto. As coleções da Pampa Caverá podem ser adquiridas no site http://pampacavera.blogspot.com.br, a última delas intitulada "Bichos do Brasil".
Cursos profissionalizantes do Senar-RS, Emater-RS e Sebrae-RS deram origem ao Grupo Araucária para o trabalho artesanal em lã, na região de São Francisco de Paula. Sem níveis hierárquicos entre as oito artesãs participantes, as manufaturas servem como fonte alternativa de renda para as produtoras rurais. "O processo é bem intuitivo e democrático, nos reunimos e decidimos as peças juntas", diz a artesã Cleonice Vieira Cardoso.
O grupo busca o ciclo sustentável do trabalho, que vai desde a criação da ovelha até o tingimento natural da lã, passando também pelo resgate da tecelagem: prática ancestral que foi se perdendo com os anos, de acordo Cleonice. "O trabalho nos traz empoderamento e vitalidade. Ver a peça final do que produzimos desde a criação dos carneiros é muito gratificante", diz a artesã. O Grupo Araucária expõe na Feira do Pinhão em São Francisco de Paula, mas já participaram de feiras em Gramado, Canela e São Paulo. Seus produtos também estão disponíveis no blog da marca.
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