Elas são partículas minúsculas, chegam a ter a espessura até 10 mil vezes menor do que um fio de cabelo, mas possuem superpoderes: são nanopartículas de celulose, partes extremamente pequenas de matéria vegetal que têm se revelado como um dos maiores avanços tecnológicos dos últimos tempos.
Na Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo (USP), no Laboratório de Biocatálise e Bioprodutos, estão sendo pesquisados novas rotas de obtenção e aplicação destas nanopartículas a partir de fibras celulose - o polímero natural mais abundante na Terra, de fonte 100% renovável, e encontrado no bagaço da cana-de-açúcar e no eucalipto, por exemplo.
O diferencial das pesquisas realizadas na Escola de Engenharia é o desenvolvimento de tecnologia de base biotecnológica para processos escalonáveis. Avanços nesta área podem viabilizar que estas nanopartículas sejam utilizadas de novas maneiras, por exemplo, resultando em materiais com inúmeras possibilidades de aplicação.
A partir da celulose é possível obter dois tipos de nanopartículas: a celulose nanocristalina e a nanofibrilada. A celulose nanofibrilada fica disposta em feixes paralelos organizados "como macarrões espaguete na embalagem", enquanto a celulose cristalina (ou nanocristais) com aspecto de minúsculos bastonetes cristalinos "se assemelha a agulhas ou grãos de arroz, porém com espessura cerca de 200 mil vezes menor", exemplifica o coordenador do grupo de pesquisa, o professor Valdeir Arantes.
A nanocelulose, com sua alta performance e versatilidade, é uma aliança entre nanotecnologia, biotecnologia e matéria-prima renovável.
Os poderes da nanocelulose são decorrentes de uma combinação única de propriedades físicas, químicas e biológicas, como elevada resistência mecânica, leveza, alta área superficial, biodegradabilidade, biocompatibilidade, entre outras.