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Cinema

- Publicada em 28 de Janeiro de 2018 às 19:58

Notícias verdadeiras

Hélio Nascimento
Steven Spielberg provavelmente passará à história do cinema como aquele que melhor soube mesclar as leis do espetáculo destinado ao mais amplo dos públicos com o nobre objetivo de colocar na tela temas indispensáveis ao conhecimento da época em que vivemos. Ele foi capaz, em sua trajetória, de realizar a mais bela narrativa sobre a ausência do pai e a reconstrução da família humana no conto infantil E.T. e os impressionantes relatos sobre a brutalidade e a violência - e também sobre a resistência a tais forças - em A lista de Schindler e O resgate do soldado Ryan. Em muitos de seus filmes as duas tendências se mesclam, como nas narrativas de aventuras e nos trabalhos em que a fantasia predomina. Mesmo que algumas de suas obras possam ser questionadas ninguém, certamente, pensará em retirar o nome do diretor da lista dos mais notáveis cineastas surgidos nas últimas décadas. Agora, mais uma vez trabalhando com o ator Tom Hanks, que esteve presente em três filmes anteriores do cineasta, ele reconstitui fatos ocorridos no início da década de 1970, e volta ao lado realista de sua obra, oferecendo ao público um filme que olha para o passado, ao mesmo tempo em que coloca na tela temas cuja atualidade é evidente. Mas Spielberg não se deixa seduzir pelo discurso fácil, aquele proferido para agradar plateias e enganar ingênuos e desinformados. Ao falar sobre questões como liberdade de imprensa e as dificuldades enfrentadas por uma mulher num cenário dominado por homens, o cineasta volta ao seu tema preferido: a busca pela integridade e o equilíbrio num universo dominado por ações movidas pela intolerância. O diretor, de certa forma, repete o que havia feito no notável Ponte dos espiões.
Steven Spielberg provavelmente passará à história do cinema como aquele que melhor soube mesclar as leis do espetáculo destinado ao mais amplo dos públicos com o nobre objetivo de colocar na tela temas indispensáveis ao conhecimento da época em que vivemos. Ele foi capaz, em sua trajetória, de realizar a mais bela narrativa sobre a ausência do pai e a reconstrução da família humana no conto infantil E.T. e os impressionantes relatos sobre a brutalidade e a violência - e também sobre a resistência a tais forças - em A lista de Schindler e O resgate do soldado Ryan. Em muitos de seus filmes as duas tendências se mesclam, como nas narrativas de aventuras e nos trabalhos em que a fantasia predomina. Mesmo que algumas de suas obras possam ser questionadas ninguém, certamente, pensará em retirar o nome do diretor da lista dos mais notáveis cineastas surgidos nas últimas décadas. Agora, mais uma vez trabalhando com o ator Tom Hanks, que esteve presente em três filmes anteriores do cineasta, ele reconstitui fatos ocorridos no início da década de 1970, e volta ao lado realista de sua obra, oferecendo ao público um filme que olha para o passado, ao mesmo tempo em que coloca na tela temas cuja atualidade é evidente. Mas Spielberg não se deixa seduzir pelo discurso fácil, aquele proferido para agradar plateias e enganar ingênuos e desinformados. Ao falar sobre questões como liberdade de imprensa e as dificuldades enfrentadas por uma mulher num cenário dominado por homens, o cineasta volta ao seu tema preferido: a busca pela integridade e o equilíbrio num universo dominado por ações movidas pela intolerância. O diretor, de certa forma, repete o que havia feito no notável Ponte dos espiões.
O estudo produzido por Daniel Ellsberg sobre a atuação dos Estados Unidos no Vietnã e a publicação do mesmo, primeiro pelo The New York Times, em parte, e, depois, pelo The Washington Post, terminou provando que a opinião pública havia sido enganada por todos os governos norte-americanos, desde Eisenhower até Nixon. O vazamento de tal estudo e o drama que ele terminou causando na redação e na administração do jornal da capital norte-americana é, agora, reconstituído em The Post - A guerra secreta. A habilidade e a competência de Spielberg está presente em toda a narrativa, inclusive na perfeita reconstituição de época, que permite ao público acompanhar o cotidiano de uma redação de jornal naquele período. Mas não são os aspectos formais que mais interessam no filme. Eis uma obra que não trata apenas da liberdade de informar, e sim de um filme que exalta virtudes como a coragem e a dignidade, assim como contempla o grande desafio de enfrentar o estado e tomar posição contrária a qualquer tipo de controle de informação. Não se trata, aqui, de defender a livre circulação de ideias, mas de ressaltar a questão essencial: aquela que se relaciona com a necessidade de a verdade não ser oculta. Liberdade não é apenas o direito de externar opiniões e divulgar fatos. Ela é também - e principalmente - ter pleno conhecimento do que é necessário para uma sociedade. Eis a forma mais elevada de jornalismo, algo que o filme exalta e defende de maneira correta e emocionante.
Spielberg ressalta tal temática ao concluir a narrativa com uma espécie de homenagem a outro filme, Todos os homens do presidente, realizado por Alan J. Pakula em 1976, reconstituindo outra atuação do jornal editado por Ben Bradlee, a que resultou na renúncia de Nixon, após ser provada a culpa presidencial no assalto à sede do Partido Democrata. O caso Watergate foi, de certa forma, a parte dois do filme ora em exibição. Na realidade, o que aconteceu depois evidenciou a importância da liberdade de informação. A crise que resultou na renúncia do presidente, antes que ele fosse afastado do cargo, terminou evidenciando que a ação anterior do Post também estava correta. E, ao colocar em primeiro plano a figura de Katharine Graham, a proprietária do jornal, Spielberg ressalta o papel exercido no processo por uma mulher que percebeu que fidelidade a certos princípios são bens indispensáveis na construção de algo sólido. O novo filme de Spielberg tem muitos méritos, entre eles, o de ser uma lição de dignidade.
 
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