Apesar das adversidades impostas ao longo do caminho, conheça pessoas que as superaram e não deixaram de empreender

Meu negócio fechou e nem por isso desisti


Apesar das adversidades impostas ao longo do caminho, conheça pessoas que as superaram e não deixaram de empreender

Ofim de um negócio, no Brasil, ainda carrega estigma de fracasso. Porém, para algumas pessoas, é visto como um passo importante. 
Ofim de um negócio, no Brasil, ainda carrega estigma de fracasso. Porém, para algumas pessoas, é visto como um passo importante. 
Sabe aquela frase "todo fim é um recomeço"? Para Maricilda Soares, 49 anos, é um lema. E ela não está em sua segunda tentativa, não. A empreendedora se lançou, em 2017, na sexta experiência, dessa vez com a Esquina do Lanche, em São Leopoldo.
Natural do Paraná, Dona Mari - como é conhecida pelos clientes e amigos - conta que, após se aventurar em ramos como enfermagem, construção civil, limpeza, cuidados com crianças, transporte e varejo (teve um bazar por dois anos), se encontrou mesmo no segmento alimentício.
E nem sempre o fechamento de uma empresa está relacionado ao fracasso financeiro. Maricilda afirma que, no bazar, faltava sentimento de realização. Os números iam bem: quando assumiu a empreitada, havia menos de R$ 200,00 em mercadorias; quando saiu, acumulava mais de R$ 54 mil. 
Com os lucros, construiu uma lancheria (calma, pois ainda não é a Esquina do Lanche). "Serviu como uma escada para chegar onde eu queria", diz. Durou quatro anos, mas a equação de custos, demanda e funcionários não fechava. 
Se era hora de desistir? Que nada. Se mudou para o Litoral, depois Bento Gonçalves, até que voltou a São Leopoldo e à gastronomia com energia renovada. "No bar, você é amiga e psicóloga", justifica, satisfeita com as funções acumuladas.
E parece que as experiências lhe deram segurança. Inaugurada em novembro, a Esquina do Lanche já vai abrir uma segunda unidade. A sobrinha de Maricilda, Rosy Soares, 30 anos, entrará como sócia.
Agora, a "multiempreendedora" acredita que o amadurecimento adquirido representa um repertório necessário para a gestão do atual negócio. "Em um outro momento de vida, se consegue dar uma respirada e reverter uma situação que antes não conseguiria", entende ela.

Largou os vinhos, mas os vinhos não o largaram

Quem vê Junior Maroso, 34 anos, hoje em dia, com dois restaurantes funcionando em Porto Alegre, não imagina que ele já teve um negócio que não rolou como imaginava. Sua primeira empreitada no empreendedorismo foi como representante de uma marca de vinhos. Mas, segundo ele, o mercado é limitado no Brasil. 
Atualmente, Junior toca o Haus Burger e o Ovo Gastronomia ao lado da sócia e esposa, Juliana Dias, 32.  
Quando jovem, Junior, que é de São José do Herval, se mudou para Porto Alegre para trabalhar na venda das bebidas com o irmão. Em 2012, inclusive, se formou como sommelièr, pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), com intercâmbio na Itália.
Ele lembra que, mesmo antes de partir para o país europeu, estava receoso sobre as oportunidades no caminho que seguiria. Para o empreendedor, o mercado nacional de vinhos só se torna viável para quem possui grande capital para investimento, pois o consumo das pessoas não é diário.
Durante sua estadia no exterior, conheceu o conceito de burger bar. Já pensando em alternativas para sua carreira profissional, Junior percebeu que, nesses locais, era comum o consumo de vinho durante as refeições, inclusive lanches. "É isso que farei no Brasil", concluiu. Daí surgiu o Haus Burger, onde conseguiu aliar algo que ama a rendimentos mais certeiros.
O aprendizado com os vinhos não foi em vão. Atualmente, Junior produz dois tipos do produto, que são comercializados nos estabelecimentos que possui para harmonizar com os pratos.
"Eu consegui trazer de forma romântica o que gosto de fazer." Na gastronomia, Junior encontrou a inquietude que procurava. "Às vezes, esgota minha energia. Mas eu gosto disso", brinca. 
 

Virada: do bar que não abriu à venda do contêiner que o abrigaria

O porto-alegrense Rafael Possebon, 39 anos, é dono da Cobalto Containers, empresa que vende contêineres brutos ou customizados, trazidos de fora do País. Antes disso, ele teve uma operação de ensino à distância, uma gráfica em Rondônia e voltou ao Rio Grande do Sul com o desejo de abrir um pub. O projeto, no entanto, não saiu do papel devido a burocracia. Resultado: fez do problema uma solução.
Em 2013, quando decidiu virar dono de um bar num contêiner, ocorreu o acidente na Boate Kiss, em Santa Maria. Por conta disso, a emissão da licença de Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) ficou bastante dificultada.
A questão é que o contêiner já estava comprado. Para diminuir o prejuízo financeiro, pôs a estrutura metálica à venda.
Com a experiência anterior no trabalho em gráfica e publicidade, o empreendedor criou uma marca para realizar a comercialização da unidade. Em uma semana, várias pessoas o contataram. "Não tinha ninguém no ramo (vendendo contêineres). Entrei, sem querer", brinca.
Mesmo com a desconfiança dos conhecidos, que questionavam "vai vender isso para quem?", percebeu que aquela era a brecha que deveria explorar. E está na atividade até hoje.
A Cobalto, após quatro anos de mercado, vende uma média de 10 unidades por mês. O perfil de consumidor é quem quer agilidade e mobilidade na construção de lojas, escritórios ou projetos residenciais. Entre os clientes, há marcas conhecidas, como Darcy Pacheco e Unimed Montenegro.