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Cooperativismo

- Publicada em 18 de Dezembro de 2017 às 16:08

Cooperativas de crédito driblam desafios

Um dos poucos segmentos que falam sem medo de que não temem as crises, o cooperativismo de crédito comemora o encerramento do ano com números positivos e projeta um 2018 semelhante. Apesar de um cenário político bastante impreciso, os representantes de algumas das mais importantes instituições do setor projetam um ano com crescimento em torno de 10%.
Um dos poucos segmentos que falam sem medo de que não temem as crises, o cooperativismo de crédito comemora o encerramento do ano com números positivos e projeta um 2018 semelhante. Apesar de um cenário político bastante impreciso, os representantes de algumas das mais importantes instituições do setor projetam um ano com crescimento em torno de 10%.
De modo geral, diz o presidente da Federação Nacional das Cooperativas de Crédito (FNCC), Wanderson de Oliveira, o cooperativismo de crédito avançou mais do que o sistema bancário tradicional. Além da cobrança de taxas mais baixas sobre transações bancárias, juros, manutenção de contas e outros, a qualidade no atendimento é outro grande diferencial para que essas organizações continuem se expandindo, principalmente no interior dos estados.
Em 2018, Oliveira espera que aspectos como a projeção de crescimento em torno de 2,5% do PIB, o melhor desenvolvimento da atividade industrial e a queda nos índices de desemprego estimulem o mercado de crédito. Apesar da Copa do Mundo e das eleições presidenciais, a expectativa é que "a população retome aqueles projetos adiados devido a dificuldades financeiras e, também, regularizem algumas pendências".
O setor poderá contar, ainda, com a possibilidade de captar depósitos de prefeituras e de outros entes públicos. O Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 157, aprovado neste mês, aguarda a sanção presidencial. Conforme a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em 564 cidades brasileiras, a única instituição bancária é uma cooperativa.
Já o presidente da Unicred-RS, Rodrigo Borges, se mantém mais cauteloso, principalmente ao avaliar o cenário gaúcho. O sistema, que conta com 34 cooperativas e cerca de 180 mil cooperados em 10 estados brasileiros, 50 mil deles apenas no Rio Grande do Sul, afirma que, mesmo com um comportamento diferente da maior parte das empresas nos últimos anos, é preciso manter-se conectado à realidade. "As projeções nacionais, como a queda na taxa de juros, realmente são animadoras. Mas no Estado ainda aguardamos a concretização de uma série de medidas cruciais", ressalta Borges.
Segundo informações da OCB, as cooperativas de crédito, instituições financeiras sem fins lucrativos, reguladas e fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil, reúnem mais de 9 milhões de cooperados, com ativos, em 2017, na ordem de
R$ 220 bilhões, depósitos de R$ 103 bilhões e empréstimos de R$ 81 bilhões, estando presentes e devidamente estruturadas em aproximadamente 95% dos municípios, com mais de 5,5 mil pontos de atendimento.
"Mesmo tendo evoluído muito, a nossa participação no sistema financeiro nacional é relativamente baixa. Temos de evoluir ainda mais", salienta o presidente da federação.

Desafio das organizações é se popularizar nos grandes centros urbanos do Estado

As cooperativas de crédito já caíram nas graças dos gaúchos há muito tempo, por diversos fatores. A primeira do Brasil e, também, a pioneira entre as instituições financeiras privadas do País foi criada em Nova Petrópolis, em 1902. Esta serviu como embrião do Sicredi, hoje com mais de 1,6 milhão de associados e presente em 453 municípios, cobrindo 92% do Estado.
O Estado é responsável por 20% de todo o cooperativismo de crédito entre todas as cooperativas brasileiras (valor de associados, da carteira de crédito e dos ativos). Contudo as grandes cidades ainda são um território difícil de conquistar.
O fato de o Rio Grande do Sul contar com grande número de municípios com menos de 10 mil habitantes é um dos fatores decisivos para que o cooperativismo seja tão forte, alega o vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port. As cooperativas de crédito são as principais financiadoras da agricultura familiar. O desafio, agora, é expandir os números de associados na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Para ampliar o raio de abrangência e atrair mais associados, as cooperativas vêm investindo em tecnologia da informação, focando principalmente no público mais jovem, e em ações informativas sobre o funcionamento do modelo. Esse é um movimento em comum entre as instituições
O Sicredi lançará, em 2018, uma nova versão do aplicativo para smartphone da rede, através do qual as pessoas poderão, inclusive, associar-se à cooperativa sem a necessidade de ir a uma agência. "As cooperativas de crédito já contam com todos os produtos e serviços que o cidadão irá precisar, como os bancos tradicionais. Precisamos, agora, dar visibilidade a isso", determina Port.
Para Port, as cooperativa vivem um momento profícuo com a disseminação de novas formas de viabilizar um projeto e de movimentar a economia além dos sistemas tradicionais. "Felizmente, hoje temos uma geração aberta, que procura angariar recursos de forma coletiva e um pouco avessos àquela visão tradicional de como tudo deve funcionar. O cooperativismo na prática é um grande crowdfunding", descreve Port.
Além disso, complementa Wanderson de Oliveira, presidente da Federação Nacional de Cooperativas de Crédito (FNCC), há uma tendência de fusões para garantir a sustentabilidade das cooperativas, principalmente aquelas menores. "Esse movimento vem ocorrendo no segmento, bem como já ocorreu nos bancos, e é incentivado inclusive pelo Banco Central", diz o dirigente.
O processo de fusões e incorporações busca mantê-las competitivas em um mercado com um volume crescente de regulação e fiscalização, e de bastante concorrência. "No futuro, teremos um número bastante reduzido de cooperativas, mas maiores, mais fortes, mais competitivas, para continuar no mercado", prevê o representante de 15 cooperativas nacionais.