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Automação

- Publicada em 07 de Dezembro de 2017 às 09:21

De olho na cadeia de suprimentos

Correa destaca eficácia das tecnologias desenvolvidas pela Parson

Correa destaca eficácia das tecnologias desenvolvidas pela Parson


/OXFORD PORCELANAS/DIVULGAÇÃO/JC
Acompanhar um produto desde a sua produção até chegar ao consumidor. A lei brasileira não exige que essa estrutura seja adotada, mas, cada vez mais, empresas estão atentas à necessidade de investir em rastreabilidade como forma de eliminar custos, otimizar processos e, principalmente, garantir a qualidade dos produtos para o cliente final. O primeiro passo rumo à adoção desses mecanismos passa pela automação e padronização de processos. Foi o que fez a Oxford Porcelanas, com unidades fabris em Santa Catarina e no Espírito Santo, que escolheu a radiofrequência (RFID, na sigla em inglês) para monitorar cada item que sai da indústria.
Acompanhar um produto desde a sua produção até chegar ao consumidor. A lei brasileira não exige que essa estrutura seja adotada, mas, cada vez mais, empresas estão atentas à necessidade de investir em rastreabilidade como forma de eliminar custos, otimizar processos e, principalmente, garantir a qualidade dos produtos para o cliente final. O primeiro passo rumo à adoção desses mecanismos passa pela automação e padronização de processos. Foi o que fez a Oxford Porcelanas, com unidades fabris em Santa Catarina e no Espírito Santo, que escolheu a radiofrequência (RFID, na sigla em inglês) para monitorar cada item que sai da indústria.
Quando o processo era manual, das cerca de 4 mil entregas mensais, 110 retornavam por problemas de expedição. "Quando se trabalha com grande quantidade de produtos, um código anotado errado muda toda a informação sobre o que está na caixa", explica o gerente de Logística da Oxford, Marcelo Correa. O fato é que o custo para trazer de volta um pedido errado entregue a milhares de quilômetros de distância era muito alto.
Em parceria com a Parson, startup especializada em tecnologia, a indústria de porcelanas começou a testar o uso de etiquetas inteligentes em 2015. "Adaptamos o serviço às necessidades e realidades da Oxford, levando em conta o alto nível de engenharia", conta Roberto Cordeiro Moreira, diretor executivo e sócio da Parson. De teste-piloto, as tags (como são chamadas as etiquetas inteligentes de radiofrequência) ganharam posição de destaque dentro do processo industrial.
Em 2017, todas as expedições da unidade catarinense foram realizadas dentro do sistema de RFID. Resultado: não houve devolução. "Tivemos registro zero de produto embarcado errado", comemora Correa, que pretende finalizar o processo de automação da fábrica do Espírito Santo em 2018. A decisão de levar o sistema para 100% do processo produtivo se baseia nos resultados alcançados até agora.
A medida exigiu que todo o estoque fosse etiquetado com as tags de radiofrequência. Ao todo, a Oxford emite 300 mil caixas por mês na unidade de Santa Catarina, todas identificadas por radiofrequência. Nas duas fábricas, são confeccionadas 6 milhões de peças por mês, que precisam ser reunidas e embaladas conforme os conjuntos oferecidos no portfólio da companhia. "Precisávamos ter mais eficiência nos processos internos e não deixar que o erro chegasse ao cliente", justifica Correa.
Assim, dois portais foram implementados: um na saída da produção e outro na expedição. As equipes envolvidas deixaram as planilhas e canetas de lado para digitar tudo direto no sistema. A partir daí, os responsáveis pela coleta e embarque dos produtos passaram a checar as informações de forma automatizada. "A interface desenvolvida pela Parson é interativa, ou seja, não precisamos de treinamento", diz Correa, ao destacar que a única necessidade foi a de encontrar o equilíbrio entre as boas práticas e o jeito de trabalhar da Oxford.
Em 12 meses, os R$ 400 mil destinados para automatizar a fábrica de Santa Catarina foram pagos com a economia gerada. Essa marca levou a Oxford a atingir o Retorno sobre o Investimento (ROI) em identificação por radiofrequência e a apresentar o case de sucesso em Phoenix, nos Estados Unidos, durante o evento anual RFID Journal Live, junto com empresas como Walt Disney Co., Nasa e Universidade de Massachusetts. A Oxford também recebeu, neste ano, o Prêmio Automação, na categoria RFID, concedido pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil.
Para Correa, embora haja curiosidade das empresas brasileiras a respeito da tecnologia, muitas ainda têm receio de implementar a radiofrequência. "Mas podemos afirmar que o investimento se paga", comemora, citando o exemplo da Oxford. "O tempo vai quebrar esse paradigma, e o RFID terá um boom no Brasil", sentencia o executivo.
 

Como funciona a radiofrequência

Sistema de radiofrequência

Sistema de radiofrequência


/Parson Serviços em Tecnologia/Reprodução/JC
Um sistema de RFID (sigla para Radio Frequency Identification, em português Identificação por Radiofrequência) é composto, basicamente, de uma antena, um transceptor, que faz a leitura do sinal e transfere a informação para um dispositivo leitor, e também um transponder ou etiqueta (tag), que deverá conter o circuito e a informação a ser transmitida. Essas etiquetas podem estar presentes em pessoas, animais, produtos, embalagens, enfim, em equipamentos diversos.
Assim, a antena transmite a informação, emitindo o sinal do circuito integrado para levar suas informações para o leitor, que por sua vez converte as ondas de rádio do RFID para informações digitais. Agora, depois de convertidas, elas poderão ser lidas e compreendidas por um computador para então ter seus dados analisados.

Perecíveis acompanhados de ponta a ponta

Código bidimensional GS1 Databar é uma das ferramentas utilizadas

Código bidimensional GS1 Databar é uma das ferramentas utilizadas


/GS1/DIVULGAÇÃO/JC
Frutas, legumes e verduras, o chamado trio FLV, começam a ter seu caminho rastreado desde o plantio até chegar ao prato dos brasileiros. Somente no ano passado, o Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (Rama), da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), permitiu o acompanhamento de 1,2 milhão de toneladas. No primeiro semestre deste ano, o total chegou a 618 mil toneladas, um acréscimo de 12% sobre igual período de 2016. O programa, que começou nos supermercados de Santa Catarina, ganhou outros estados brasileiros. Em outubro, foi a vez de o Rio Grande do Sul aderir, com o apoio da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas).
Um dos atrativos, aponta a Agas, é o incentivo às boas práticas agrícolas, acompanhando as tendências mundiais do setor varejista na atenção à segurança dos alimentos oferecidos aos seus consumidores, e tem adesão voluntária pelos supermercadistas. As empresas participantes têm acesso a um conjunto de informações que permite a orientação e o desenvolvimento consciente de seus fornecedores para a promoção e a comercialização de alimentos de qualidade.
O Rama conta com o apoio da Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil) para a utilização de tecnologia avançada de identificação. A adoção de padrões globais do sistema GS1 (Global Standart One) permite que os participantes da cadeia de abastecimento tenham maior eficiência na comunicação por meio da identificação de informações do controle de qualidade graças à identificação via código de barras.
O GS1 Databar, código bidimensional de dimensões reduzidas e maior capacidade de armazenar dados, permite o controle do lote e da validade de cada item. Além disso, no caso de frutas, legumes e verduras, possibilita a identificação em espaços limitados, com melhor desempenho de leitura e facilmente identificados. A outra tecnologia utilizada no programa é o GS1-128, usado na cadeia logística para monitorar caixas e pallets, e que pode conter todas as informações variáveis, como números de série, data de validade, medidas e o número de lote de produção.
Esse padrão soma a integração entre o pedido do supermercado, a rastreabilidade do fornecedor e a identificação do produto, o que apoia a eficiência de qualidade e logística da operação, auxiliando no melhor desempenho desde a colheita até a entrega do produto. Quanto melhor e mais rápida a entrega, melhor a qualidade do produto e menor a probabilidade de desperdício. A melhoria da qualidade pode ser percebida com o resultado de redução de perdas nas lojas. De 2015 para 2016, o índice de perdas de FLV nos supermercados passou de 6,8% para 6,2% (chegando a R$ 1,9 bilhão), totalizando uma redução de 8% das perdas do setor.

Programa permite monitorar agrotóxicos

O Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (Rama), realizado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), busca, além da rastreabilidade e conexão da cadeia produtiva de alimentos, monitorar Frutas, Legumes e Verduras (FLV). A Paripassu é a empresa responsável pelas coletas e análises técnicas para verificar a presença de resíduos de agrotóxicos. Assim, é possível verificar, com mais precisão, possíveis problemas no uso excessivo ou incorreto de agrotóxicos na produção dos fornecedores das lojas participantes que aderem ao Rama. No total, são 81 produtos monitorados (dos 290 rastreados) constantemente. 
Uma das redes a aderir ao Rama, o Carrefour comemora os resultados obtidos. O grupo francês apostou na expertise da brasileira Paripassu, especializada em soluções para o campo, e adaptou as ferramentas disponíveis à sua rotina.  O Check List de Inspeção e Controle de Qualidade (Clicq), desenvolvido para ler códigos padrão GS1,  permite fazer a análise de todo o sistema. "O fornecedor tem acesso a esses resultados em tempo real", destaca Daniel Coelho Figueiró, coordenador de controle de qualidade do Carrefour, ao explicar que a mesma ferramenta, adaptada, possibilita rastrear os produtos.
A eficácia levou a rede francesa a expandir o monitoramento. Além do trio FLV, outros setores de perecíveis são rastreados, como açougue e peixaria, por exemplo. "Ao automatizar os oito centros de distribuição espalhados pelo Brasil, reduzimos custos e aumentamos a qualidade de acompanhamento desses alimentos", afirma Figueiró. De acordo com o executivo, o tempo hoje é destinado ao controle de qualidade, e não mais ao preenchimento de planilhas. Com essa medida, a empresa reduziu em 96% a utilização de papel. Além disso, houve melhora significativa no relacionamento com os fornecedores graças aos dados automatizados.

Redução do desperdício

Dentro de uma visão sistêmica, em que o Programa Rama envolve todos os elos da cadeia de abastecimento, Rama 2020.
O Programa Rama tem como meta cinco pilares básicos, a serem trabalhados até o ano de 2020:
1. Aumentar o número de varejos participantes em 30% do faturamento Ranking Abras;
2. Aumentar a participação do FLV no faturamento total do setor varejista para 12%;
3. Reduzir o desperdício do FLV para 5,1%;
4. Expandir a adoção do padrão GS1 de automação logística:
5. Capacitar fornecedores e supermercadistas por meio da Escola Nacional de Supermercados da Abras.
Números
- 46 empresas (redes) varejistas participantes (até junho/2017).
- Empresas com faturamento de FLV, acima da média de mercado, evoluíram 67% acima das demais.
- 95 produtos monitorados, com análises realizadas (tabela anexa ao material).
- Total de 20 estados brasileiros com coletas de amostras realizadas.
- Um total de 2.571 amostras realizadas desde 2012 até jun/2017.
Fonte: Abras
 

Tendência é de crescimento do uso da tecnologia

Buso diz que a meta é melhorar os controles entre os elos envolvidos

Buso diz que a meta é melhorar os controles entre os elos envolvidos


/PARIPASSU/DIVULGAÇÃO/JC
O interesse quanto ao controle do produto e o caminho que ele percorre na cadeia de abastecimento é cada vez mais crescente no País. A Paripassu, empresa especializada em soluções para a gestão do campo, a rastreabilidade de alimentos, o controle de qualidade dos produtos e processos, e a análise estratégica do negócio, é uma prova disso. Quando iniciou as atividades, em 2005, a companhia tinha 10 clientes. Hoje, são mais de 300, número que deve continuar crescendo, estima o diretor comercial, Giampaolo Buso.
JC Logística - A rastreabilidade vem ganhando mais espaço no Brasil?
Giampaolo Buso - Sim, as pessoas estão mais cientes da necessidade do controle sobre o produto e seu caminho ao longo da cadeia de abastecimento.
Logística - Quais são os benefícios para a empresa que adota a rastreabilidade?
Buso - Para rastrear de forma correta, é necessário organizar a empresa, implementar controles e processos estruturados. Como resultado temos a rastreabilidade. O principal benefício é trazer gestão para o negócio.
Logística - Quais são as principais ferramentas de rastreabilidade desenvolvidas pela Paripassu?
Buso - O sistema rastreador Paripassu funciona de forma simples, podendo ser integrado a outros controles e sistemas já utilizados pela empresa. Nossa solução evoluiu para um Sistema de Gestão de Processo nas estruturas de indústria e beneficiamento de alimentos perecíveis.
Logística - No caso da parceria com o Carrefour, como funciona o processo e quais são os ganhos para rede varejista, fornecedores e consumidores?
Buso - O processo funciona integrado, conectado entre as partes, agilizando a leitura dos dados, possibilitando uma troca organizada de informação, incentivando a transparência na relação, pois os resultados são compartilhados para o desenvolvimento conjunto, de todos os integrantes da cadeia de abastecimento.
Logística - De que forma o aplicativo Clicq foi adaptado para o Carrefour? Quais caraterísticas foram levadas em conta?
Buso - O Clicq (Check List de Inspeção e Controle de Qualidade) foi desenvolvido para ler o padrão GS1, no recebimento do produto nas Centrais de Distribuição, já com as referências de qualidade dos produtos (fichas técnicas) disponíveis para consulta no aplicativo, em tempo real, indicando limites acordados, registro de imagens e comunicação em tempo real ao término da aplicação da inspeção de qualidade. GS1 e Paripassu, juntas, vêm, ao longos dos últimos quatro anos, investindo na mensagem da importância da adoção dos padrões para a comunicação entre a cadeia primária. Ainda temos um caminho grande a desenvolver, pois o desafio é multiplicar o uso dos padrões da entidade para a eficiência da cadeia.
Logística - Quais são as tendências na área de rastreabilidade?
Buso - Precisamos manter o caminho de capacitação, orientação e aplicação prática do conceito e soluções de rastreabilidade. É preciso também ter muita clareza do que estamos chamando de rastreabilidade. Agentes do mercado, público e privado, muitas vezes, confundem conceitos e dificultam o correto alinhamento da teoria com a prática. Precisamos de um legislação definida para a rastreabilidade e a expansão de um padrão convergente, que permita melhorar, e não complicar, os controles entre cada elo da cadeia produtiva.