Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Vinhos e Espumantes

- Publicada em 23 de Novembro de 2017 às 20:18

A magia do vinho onde ele nasce

A região italiana da Toscana é a que mais arrecada com o enoturismo no mundo, cerca de US$ 200 por visitante, seguida por Vale do Napa (Estados Unidos) e Douro (Portugal)

A região italiana da Toscana é a que mais arrecada com o enoturismo no mundo, cerca de US$ 200 por visitante, seguida por Vale do Napa (Estados Unidos) e Douro (Portugal)


/WIKIMEDIA.ORG/DIVULGAÇÃO/JC
Um vinho nunca é somente aquilo que está na taça, diante dos nossos sentidos. Até pode ser, se estivermos degustando a bebida em casa ou no restaurante. Mas ele pode ser infinitamente mais. Em seu local de origem, cercado pelo terroir e pelos costumes, culturas e sabores presentes à sua volta, um vinho passa a ser um momento, uma experiência, uma vivência única e singular. Da taça, ele extravasa não somente os sentidos, mas marca a nossa vida de forma profunda e inesquecível. E a relação que criamos com aquela bebida nunca será apenas uma nota aromática, uma nuance de sabor ou uma cor inesperada. Assim como vivemos o vinho em seu ambiente, ele e seu entorno viverão em nós. Esse é o verdadeiro sentido da maior tendência no universo da vitivinicultura mundial: o enoturismo.
Um vinho nunca é somente aquilo que está na taça, diante dos nossos sentidos. Até pode ser, se estivermos degustando a bebida em casa ou no restaurante. Mas ele pode ser infinitamente mais. Em seu local de origem, cercado pelo terroir e pelos costumes, culturas e sabores presentes à sua volta, um vinho passa a ser um momento, uma experiência, uma vivência única e singular. Da taça, ele extravasa não somente os sentidos, mas marca a nossa vida de forma profunda e inesquecível. E a relação que criamos com aquela bebida nunca será apenas uma nota aromática, uma nuance de sabor ou uma cor inesperada. Assim como vivemos o vinho em seu ambiente, ele e seu entorno viverão em nós. Esse é o verdadeiro sentido da maior tendência no universo da vitivinicultura mundial: o enoturismo.
O conceito é simples e antigo. Visitar os sítios produtores, adentrar as vinícolas e conhecer, na origem, a trajetória das nossas bebidas preferidas. Observar as condições climáticas e de solo, além de experimentar a cultura que envolve determinada região, é o que dá sentido à vivência enoturística. Durante anos, fazer esse tipo de viagem significava, basicamente, percorrer o interior da vinícola e, depois, partir para alguma degustação. Hoje, muitas empresas se esforçam para ampliar este conceito e oferecer, de forma abrangente e criativa, uma verdadeira experiência com o vinho.
Esta mudança na abordagem dos turistas enófilos tem surtido um efeito positivo. Segundo levantamento feito pela Great Wine Capitals (GWC), uma das mais importantes associações ligadas ao enoturismo e que congrega sete das principais capitais vinícolas do mundo, o percentual das receitas das empresas com a atividade é de 19,45%. A mesma pesquisa mostra que, em 2015, 25% dos visitantes foram jovens com menos de 35 anos e que, entre os turistas, 45% foram mulheres. O gasto médio por pessoa costuma ser alto. Quem mais arrecada é a região italiana da Toscana, com US$ 201 por pessoa, em média. Em seguida vêm o Vale do Napa, na Califórnia, com US$ 188; e a região portuguesa do Douro, no norte do país, com um gasto de US$ 108. Os turistas que visitam nossos vizinhos em Mendoza, Argentina, deixam uma média de US$ 94. No Brasil, esses valores ainda não foram contabilizados.
O levantamento traz ainda outro dado impressionante: para 32% das empresas que integram as regiões vinícolas em França, Itália, Portugal, Espanha, Estados Unidos, África do Sul e Argentina, a venda direta ao consumidor é a principal estratégia comercial. Ou seja, o canal de acesso do cliente aos produtos das vinícolas é o varejo instalado na área receptiva dos turistas.
Essa tendência se repete por aqui. Muitas empresas, especialmente no Vale dos Vinhedos (RS), que é o principal destino enoturístico do Brasil, concentram no varejo próprio o maior esforço de vendas. "O enoturismo é tão importante para o nosso negócio que tem empresas dentro dos roteiros que vendem sua produção exclusivamente para os turistas", revela o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Dirceu Scottá. De acordo com o gerente de promoção da entidade, Diego Bertolini, a serra gaúcha recebeu cerca de 1,6 milhão de turistas no ano passado, com grande parte desse contingente tendo passado pelo menos um dia no Vale dos Vinhedos. Com cerca de 120 vinícolas abertas aos visitantes no Vale e em seu entorno, o enoturismo torna-se uma importante fonte de renda e desenvolvimento para a região. "Esta é uma atividade essencialmente coletiva, já que não existe enoturismo com uma vinícola só. Quando um empreendimento dá certo, todos no seu entorno dão certo também", comenta.
O segredo para atrair os visitantes é realmente mergulhá-los em experiências com o vinho. A presidente da Associação Internacional de Enoturismo (Aenotur), Ivane Fávero, lembra que, há alguns anos, a oferta receptiva das vinícolas era semelhante, mas isso está se transformando. "Enoturismo não é só o que está dentro da garrafa, pois as pessoas não viajam só para beber vinho. Elas desejam viver a cultura e a paisagem locais." Por meio de estudos e parcerias com entidades como o Sebrae e universidades, a cadeia enoturística da Serra vai se qualificando para modernizar suas estratégias receptivas. "Outras regiões enoturísticas brasileiras também estão se preparando para as oportunidades que a atividade cria", afirma.
Imergir no mundo do vinho pode ser tão fascinante que, para muita gente, praticar o enoturismo convencional é apenas o começo de uma grande aventura. Fundada há dois anos, a unidade gaúcha da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-RS) já formou 120 profissionais e deve fechar este ano com 150. A procura pelos cursos é sempre grande, com turmas fechadas em 15 ou 20 dias e com uma constante lista de espera para o próximo. No entanto, segundo o vice-presidente da entidade, Orestes Andrade Jr., menos de 10% dos alunos que fazem os cursos pretendem, realmente, trabalhar como sommeliers profissionais. A maioria é de enófilos com outras atividades que querem adquirir mais conhecimento e aprofundamento sobre o tema. "Muitos dos alunos que recebemos são de fora do Estado e são atraídos pelos módulos que realizamos dentro das vinícolas da Serra. Isso revela o quanto o enoturismo é estratégico para a conquista de adeptos ao vinho brasileiro", ressalta Andrade.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO