Como muitas outras fazendas na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, a terra dos Ayub era rica em gado e arroz. Até que a descoberta da vocação vitivinícola da região despertou na família o desejo de diversificar.
No começo dos anos 2000, sob a coordenação da matriarca, Hortência, e com a ajuda das duas filhas, foram plantados os primeiros vinhedos do que viria a ser o projeto da vida dessas mulheres: a vinícola Campos de Cima.
"É uma empresa feminina e familiar. Nosso objetivo sempre foi fazer vinhos com a máxima qualidade, em uma proposta de butique", revela Hortência, que ainda hoje administra a vinícola ao lado das filhas.
Foi com as mãos fortes dessas mulheres que a empresa enfrentou a adaptação das plantas, trazidas da Itália e da França, a falta de mão de obra qualificada e o ingresso em um mercado muito competitivo. Nos primeiros anos, toda a produção era vinificada na Embrapa Uva e Vinho ou em vinícolas parceiras. Até que, em 2014, a sede própria foi inaugurada - o projeto, mais uma vez, veio das mãos femininas da arquiteta Manuela Candelária, uma das filhas dos proprietários.
Para garantir a qualidade superior que a família desejava, o francês Michel Fabre foi contratado como consultor e enólogo responsável pelos rótulos. Além dele, dois outros profissionais residentes cuidam dos detalhes do vinhedo e da vinificação, para que os produtos expressem, cada vez mais, a vocação do terroir da Fronteira.
Um dos rótulos mais queridos pela família e pelos consumidores é o rosé Irene Antonieta, um corte de merlot e cabernet sauvignon jovem e frutado, batizado assim em homenagem à avó materna de Hortência. Lançado recentemente, outro destaque é o tinto 3 Bocas - uma alusão às três mulheres à frente do projeto, cujos gostos e desejos são expressos nos principais vinhos. Resultado da mistura das uvas ruby cabernet, cabernet sauvignon e tannat, chegou ao mercado neste ano e já revelou sua personalidade marcante e sua grande estrutura.
Como não deixaria de ser em um projeto liderado por mulheres, uma das marcas da Campos de Cima, segundo Hortênsia, é a paixão. "Ainda estamos descobrindo muito do que podemos fazer aqui. Estamos muito felizes, motivadas, apaixonadas por esse projeto", completa.