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Mineração

- Publicada em 30 de Novembro de 2017 às 00:04

Copelmi quer fornecer gás para térmica gaúcha

Faria diz que empreendimento opera a óleo pela escassez de gás natural

Faria diz que empreendimento opera a óleo pela escassez de gás natural


/CLAITON DORNELLES /JC
Apesar de ainda não ter iniciado as obras do complexo carboquímico que pretende desenvolver em conjunto com a sul-coreana Posco, a Copelmi já se articula para comercializar o Gás Natural Sintético (GNS) que produzirá a partir do carvão. Neste mês de novembro, executivos da empresa, acompanhados do secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, reuniram-se com o diretor executivo de Refino e Gás Natural da Petrobras, Jorge Celestino Ramo, para discutir a ideia de abastecer a termelétrica Sepé Tiaraju, que pertence à estatal e está localizada em Canoas.
Apesar de ainda não ter iniciado as obras do complexo carboquímico que pretende desenvolver em conjunto com a sul-coreana Posco, a Copelmi já se articula para comercializar o Gás Natural Sintético (GNS) que produzirá a partir do carvão. Neste mês de novembro, executivos da empresa, acompanhados do secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, reuniram-se com o diretor executivo de Refino e Gás Natural da Petrobras, Jorge Celestino Ramo, para discutir a ideia de abastecer a termelétrica Sepé Tiaraju, que pertence à estatal e está localizada em Canoas.
O diretor de Novos Negócios da Copelmi, Roberto Faria, enfatiza que a usina, devido à escassez de gás natural no Estado (se a térmica consumisse o combustível necessário para a sua operação, iria desbastecer outros segmentos, como o industrial), tem operado com óleo. Conforme o executivo, enquanto o MWh gerado pela usina com óleo custa R$ 698,14, com o gás natural sintético esse valor cairia para R$ 350,00. O empresário afirma que a troca de combustível significaria uma economia para os consumidores de energia elétrica do País na ordem de R$ 2 milhões ao dia.
"O Rio Grande do Sul é um caso único, tem duas térmicas a gás natural, uma parada (AES Uruguaiana) e outra funcionando com óleo (Sepé Tiaraju)", aponta Lemos. A substituição do óleo pelo gás natural sintético a partir do carvão, frisa o secretário, representaria gastos e impactos ambientais menores. A Sepé Tiaraju tem uma capacidade instalada para gerar até 248 MW (cerca de 6% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul). Tanto Lemos como o diretor da Copelmi consideraram a reunião na Petrobras como positiva, mas Faria adianta que questões contratuais e regulatórias, como a consolidação de uma nova lei do gás que está sendo debatida no Congresso nacional, precisam ser resolvidas antes de se chegar a um acordo.
O investimento na implantação do projeto carboquímico da Copelmi e da Posco é calculado em torno de US$ 1,7 bilhão, para uma geração de cerca de 2 milhões de metros cúbicos diários de gás. No momento, a iniciativa encontra-se em fase de pré-seleção de fornecedores de equipamentos. O mineral que será aproveitado na gaseificação será retirado do entorno dos municípios de Eldorado do Sul e Charqueadas. A demanda de carvão será na ordem de 3,5 milhões de toneladas ao ano, e o começo da operação é previsto para 2022. Faria e Lemos participaram ontem do seminário Alternativas Sustentáveis do Uso do Carvão: Oportunidades do Complexo Carboquímico no Brasil - Marco Regulatório para Atração de Investimentos, realizado na Fiergs.
Outro participante do evento foi o presidente da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), Edivilson Brum. A estatal está trabalhando com a Vamtec, uma empresa capixaba que tem parceria com a norte-americana Synthesis Energy Systems (SES), para transformar o carvão em gás e esse insumo em metanol, que será utilizado pela cadeia do biodiesel. O investimento inicial na planta de gaseificação será de US$ 500 milhões e o alvo é atender a todo o mercado da região Sul do Brasil.
Brum comenta que, atualmente, estão se buscando investidores para ir adiante com a iniciativa. O presidente da CRM estima que, conseguindo um grupo para aportar os recursos necessários, levará dois anos para que a unidade inicie as atividades. O dirigente ressalta que o evento de ontem permitiu que diversos empreendedores do setor do carvão tomassem conhecimento de que há segurança jurídica para investir nessa área no Rio Grande do Sul.

Empreendedores estão pessimistas quanto à leilão de energia

Quatro projetos termelétricos a carvão (sendo dois do Rio Grande do Sul, Ouro Negro, que será construído em Pedras Altas, e a Pampa Sul II, a ser instalado em Candiota) foram cadastrados no leilão de energia marcado pelo governo federal para o dia 20 de dezembro, contudo há pouca esperança de que algum empreendimento dessa natureza saia vencedor do certame. O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Extração de Carvão (Sniec) e dirigente da Copelmi, Cesar Faria, atribui esse negativismo ao fato do Bndes, que tem condições mais atrativas que os bancos privados, não ter aberto linhas de financiamentos para usinas alimentadas com essa fonte.
Faria revela que a questão da geração de eletricidade com carvão vem sendo discutida com o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e será encaminhado um documento para a Casa Civil para criar um grupo de trabalho interministerial para propor uma política de modernização do parque termelétrico nacional através de leilões. Ou seja, a ideia é substituir as atuais usinas a carvão por novos empreendimentos mais eficientes e com menor emissão. A Copelmi está envolvida em um projeto de uma termelétrica de cerca de 1 mil MW, a ser construída no Estado, com investimento próximo a US$ 2 bilhões, que pretende inserir em um desses certames. Essa ação tem a participação de um grupo de empreendedores japoneses, liderados pela companhia Tepco e que conta ainda com a PwC Japan e IHI. O dirigente acredita que talvez seja possível participar com esse projeto em alguma disputa ao final de 2018.
Outro assunto que movimenta o setor é a fusão da principal cliente da CRM, a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), com a Eletrosul. O presidente da CRM, Edivilson Brum, prevê que a medida terá reflexos positivos para a estatal, pois fortalecerá ambas as subsidiárias da Eletrobrás. Brum recorda que a CGTEE está se readequando a uma nova realidade. Em 2015, o contrato entre as empresas comtemplava o fornecimento de 3,5 milhões de toneladas ao ano de carvão, que vem baixando e chegará em 2018 a um patamar de 1,2 milhão de toneladas. O presidente da CRM atribui essa diminuição a questões técnicas, jurídicas e ambientais, com os fechamentos das fases A e B do complexo termelétrico da CGTEE em Candiota.