O terceiro trimestre decepcionou, e a reação que o mercado imobiliário brasileiro esboçou no segundo trimestre deste ano não se confirmou entre julho e setembro, apontam dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) divulgados ontem. Os lançamentos caíram 12,2% no terceiro trimestre, ante os três meses anteriores, nas 22 regiões avaliadas. As vendas recuaram 7,4%. "Até o segundo trimestre, achávamos que 2017 seria no mínimo melhor que 2016. Agora, achamos que será no máximo igual", diz José Carlos Martins, presidente da Cbic.
Não há perspectiva de crescimento para o último trimestre do ano. "Outubro, novembro e dezembro são meses bem mais curtos para o mercado, com muitos feriados", diz Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara, responsável pelo estudo.
Em relação ao terceiro trimestre de 2016, no entanto, os lançamentos saltaram 14,7%, e as vendas avançaram 4,2%. Houve também redução da oferta final - unidades em construção ou prontas não vendidas -, que caiu 4% na comparação com o segundo trimestre e 3,4% ante 2016. Ao fim de setembro, havia 120,2 mil imóveis não comercializados, 52% deles ainda sendo construídos.
O desempenho das regiões estudadas, porém, se mostra desigual. Na comparação do trimestre ano contra ano, 12 regiões registraram aumento nos lançamentos, mas sete reduziram.
A maior alta (1.029%) aconteceu na Região Metropolitana de Curitiba. A queda mais expressiva (-100%) foi em Manaus. Na mesma base, houve crescimento de vendas em nove cidades - 233% na Grande Maceió - e queda em oito, sendo o maior recuo para Belo Horizonte/Nova Lima (-78%).
Em Porto Alegre, segundo a Cbic, houve redução de 33% nos lançamentos no terceiro trimestre de 2017 em relação ao mesmo período de 2016. Em comparação com o segundo trimestre deste ano, a queda foi de 7,7%.
Em relação às vendas, a capital gaúcha registrou redução de 34% de julho a setembro ante igual período do ano passado, e queda de 4,7% em comparação com o segundo trimestre de 2017.
Das unidades lançadas no País no terceiro trimestre, 65,3% tinham dois quartos. A tipologia representou 60,8% dos imóveis vendidos no período.
Para a Cbic, com a crise e a dificuldade de acesso ao crédito, houve migração da demanda por apartamentos de três dormitórios para unidades de dois quartos. "São distorções no mercado. Essa participação de dois e três dormitórios já foi quase meio a meio. Os preços desses imóveis maiores podem explodir", diz Martins.