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Mercado financeiro

- Publicada em 19 de Novembro de 2017 às 19:56

Corretoras e gestoras apostam no uso de robôs para atrair investidores

Sistema que utiliza algoritmos reproduz aplicações tradicionais

Sistema que utiliza algoritmos reproduz aplicações tradicionais


NELSON ALMEIDA/AFP/JC
Corretoras e gestoras têm apostado em robôs e algoritmos para tornar o ato de investir mais simples e barato. Elas estão de olho, sobretudo, nos pequenos investidores, muitos deles acostumados à poupança, que pensam em diversificar suas aplicações em um cenário de taxa de juros em queda.
Corretoras e gestoras têm apostado em robôs e algoritmos para tornar o ato de investir mais simples e barato. Elas estão de olho, sobretudo, nos pequenos investidores, muitos deles acostumados à poupança, que pensam em diversificar suas aplicações em um cenário de taxa de juros em queda.
Além de facilitar o acesso ao investidor e capturar um público mais jovem, as corretoras se beneficiam dos custos menores que essas plataformas propiciam. Sem uma estrutura física, conseguem oferecer taxas mais competitivas que os grandes bancos, que concentram a maior parte dos investimentos no País.
O investimento que usa robôs replica procedimentos de uma aplicação tradicional. No site das gestoras, o cliente responde a perguntas e, a partir disso, algoritmos calculam as estratégias de acordo com o perfil e os prazos estabelecidos pelo investidor para seus objetivos.
Para Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper, os robôs estão democratizando a gestão de investimentos. "Antes, esse era um serviço para grandes fortunas. Agora, outras pessoas começam a ter acesso a técnicas mais consistentes de gestão do portfólio", afirma.
Outra vantagem, para o planejador financeiro Cléber Américo, seria não identificar a volatilidade política e econômica brasileira, eliminando o "fator emocional". "O programa faz a ordem programada para obter o objetivo. O ser humano, às vezes, sai da aplicação por medo, sem atingir o que queria. Depois, o mercado se recupera, e a pessoa fica frustrada."
O distanciamento emocional dos robôs é visto com ressalvas. O caso JBS é citado como exemplo. Em 18 de maio, um dia após o vazamento da notícia da delação de Joesley Batista, o Ibovespa desabou 8,8%. Um robô poderia ter previsto isso? "Ele consegue analisar dados estatísticos do passado a seu favor, mas, de fato, a capacidade humana de entender cenários e projetar é algo que os robôs ainda não fazem e é chave para a transformação da indústria", diz Pedro Boesel, chefe comercial da Rico Investimentos.
Para Tito Gusmão, da gestora Warren, é possível aprimorar os algoritmos para enfrentar situações adversas. "Damos 'choques de estresse' no portfólio, com bolsa caindo, juros subindo. Conforme vai mostrando fragilidades, ajustamos", afirmou.
Para Américo, sem o fator humano, o robô não faz milagre. "Não dá para achar que vai colocar todos os recursos nesse sistema, esquecer o dinheiro por cinco anos e ficar milionário. O programa é útil, mas o poupador tem que ter claro o objetivo."

Empresas reduzem aportes para atrair investidor

Reduzir as aplicações iniciais para popularizar o investimento com uso de algoritmos e robôs é um dos focos. Na Warren, gestora que começou a funcionar neste ano, com R$ 100,00 é possível criar uma carteira com fundos que aplicam em títulos públicos e ações.
O perfil é definido após conversa com assistente virtual na qual o cliente fixa os objetivos - cada um terá uma estratégia representada por cotas nos cinco fundos distribuídos pela gestora. São oito perfis, 30 níveis de risco e três horizontes de tempo.
Com as informações e a ajuda de algoritmos, a Warren sugere a carteira. Se o investidor discordar, poderá fazer mudanças. Caso aceite, se cadastra no site, transfere o dinheiro para a gestora e se torna cotista do fundo. O desempenho é acompanhado na plataforma. A taxa de administração é de 0,8%.
Em parceria com a Alkanza, empresa de robôs-consultores do Vale do Silício, a Rico Investimentos oferece serviço similar. A gestora trabalha com Tesouro Direto e ETFs (fundos que replicam índices da Bolsa), mas estuda incluir CDBs (que são títulos emitidos por bancos). O investimento mínimo é R$ 5 mil. A taxa de administração é de 0,5% e também são cobradas corretagem e intermediação.
Em operação desde 2015, a Magnetis oferece CDBs, ETFs e letras de crédito, entre outros. Os algoritmos analisam mais de 15 mil ativos no mercado para sugerir a carteira ao cliente, diz Luciano Tavares, presidente da gestora. A Magnetis não é uma instituição financeira, então o cliente que se cadastra abre automaticamente conta na corretora Easynvest. A taxa da gestora é de até 0,4%, além dos custos da Easynvest. O investimento inicial é de R$ 10 mil.