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Indústria automotiva

- Publicada em 12 de Novembro de 2017 às 19:37

Montadoras puxam avanços do setor

Medidas de incentivo à indústria devem terminar em dezembro

Medidas de incentivo à indústria devem terminar em dezembro


/CESAR MANSO/AFP/JC
Com a produção de veículos no País crescendo a um ritmo de 28,5% nos 10 primeiros meses do ano - apenas em outubro, o salto nas linhas de montagem chegou a 42,2% ante igual mês de 2016 -, as montadoras de veículos vêm puxando a recuperação de uma série de outros segmentos industriais que, direta ou indiretamente, alimentam suas fábricas. Desde os fabricantes de autopeças até os produtores de borracha, plásticos, aço e alumínio, entre outros, esses ramos de negócios começam a respirar - uns mais, outros menos -, depois de quase três anos de perdas contínuas na produção do setor.
Com a produção de veículos no País crescendo a um ritmo de 28,5% nos 10 primeiros meses do ano - apenas em outubro, o salto nas linhas de montagem chegou a 42,2% ante igual mês de 2016 -, as montadoras de veículos vêm puxando a recuperação de uma série de outros segmentos industriais que, direta ou indiretamente, alimentam suas fábricas. Desde os fabricantes de autopeças até os produtores de borracha, plásticos, aço e alumínio, entre outros, esses ramos de negócios começam a respirar - uns mais, outros menos -, depois de quase três anos de perdas contínuas na produção do setor.
No primeiro semestre, por exemplo, as vendas da indústria de alumínio ao setor automotivo foram as que mais cresceram, entre os vários segmentos atendidos. As encomendas somaram 97 mil toneladas, 13% mais que no mesmo período de 2016. O que fez o faturamento das fabricantes de alumínio avançar 15%, chegando a R$ 30 bilhões no semestre, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Alumínio (Abal). A cadeia automotiva responde por 20% das receitas desses fabricantes no País, consumindo 16% do volume de alumínio produzido.
"De uma maneira geral, o primeiro semestre não foi bom, e a única exceção foram as vendas ao setor automotivo, que é o que está puxando a lenta recuperação do setor", avalia Milton Rêgo, presidente executivo da Abal.
Na cadeia do aço, a recuperação da produção nas montadoras também puxou a demanda: de janeiro a setembro deste ano, a produção de aços planos cresceu 13%, chegando a 10,1 milhões de toneladas. O setor automotivo representa 18% do consumo total do País, explica Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Aço Brasil, que reúne as siderúrgicas.
"É o terceiro setor mais importante para a indústria do aço, por isso, a recuperação da produção nas montadoras, impacta, mas não muito. O nosso maior mercado é a construção civil, que deve apresentar queda, neste ano, de até 5%", queixa-se o dirigente da Aço Brasil.
Já os fabricantes de autopeças também começam a respirar. Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, que é o sindicato das empresas de autopeças, confirma que houve uma recuperação expressiva na demanda por componentes no mercado doméstico brasileiro a partir de maio.
"As perspectivas são muito boas para o setor. Há uma melhora nos volumes de encomendas depois de abril. E isso deve se manter no próximo ano", acredita Ioschpe.
Segundo dados do Sindipeças, em agosto deste ano, último dado disponível do segmento, o nível de utilização da capacidade instalada nas fábricas atingiu 67%, voltando aos patamares de 2015. Em agosto do ano passado, as empresas tinham cerca de 48% das máquinas paradas.

Sindipeças projeta 164,5 mil empregados em 2017 e mais contratações para o próximo ano

Outro dado que mostra a recuperação da indústria de autopeças é o número de postos de trabalho. Em agosto, ocorreu crescimento de 1,63% no comparativo com agosto de 2016, e a expectativa do Sindipeças é que ao fim do ano tenha 164,5 mil pessoas empregadas no setor, alta de 1,5%. Para 2018, a estimativa é que a folha de pagamento chegará a 172,8 mil funcionários, um crescimento de 5%.
Na Eaton Automotive, fabricante de sistemas de embreagem e transmissão, as perspectivas são positivas para o curto e médio prazo, principalmente para a produção de automóveis e comerciais leves. Para Antônio Galvão, presidente da companhia, a melhora do consumo impulsionada pelos indicadores econômicos proporcionará um crescimento entre 10% e 12% nas vendas e na produção no próximo ano.
"É uma tendência de alta, e isso traz investimentos das empresas por aqui. Com relação às exportações, a Argentina continuará demandando fortemente. Em licenciamentos, a melhoria na economia vai puxar o consumo no Brasil, já estamos vendo isso neste ano", salientou Galvão.
O presidente da Cummins, fabricante de motores, Luiz Pasquotto, disse que atingirá, em 2017, alta de 28% na produção em relação ao ano passado, quando fabricou 27 mil unidades. Em 2018, para o mercado interno, a Cummins projeta um crescimento que pode variar entre 15% e 20%.
"Estamos muito otimistas. Coisas muito boas acontecerão no Brasil e em diversas regiões onde atuamos", diz Pasquotto.
O executivo leva em conta os indicadores econômicos, como inflação baixa, juros e inadimplência em queda, recuperação do emprego e o PIB. Ele avalia que as vendas de caminhões, neste ano, serão semelhantes às do ano passado, cerca de 50 mil unidades. Mas a recuperação dos últimos meses garantirá o tão esperado crescimento em caminhões em 2018, e as vendas de pesados só não crescerão em 2017 por causa do primeiro trimestre muito fraco.
A recuperação da indústria automotiva também é sentida na arrecadação combalida do governo. As receitas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre a venda de automóveis cresceram 83,13% em setembro, ante igual mês de 2016, de acordo com dados da Receita Federal, somando R$ 430 milhões.
"É um setor vital para a arrecadação federal, porque é muito demandante. Se as montadoras aumentam a produção, outros segmentos da economia vão a reboque. Podemos considerar que a arrecadação da cadeia foi muito maior e acabou contribuindo para o resultado final", diz Marcelo Gomide, do Divisão de Previsão e Análise da Receita Federal.