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Cultura

- Publicada em 16 de Novembro de 2017 às 07:59

Teatro Sarcáustico comemorou os seus 13 anos de atividade

Teatro Sarcáustico estreia montagem Nós por nós

Teatro Sarcáustico estreia montagem Nós por nós


CLAITON DORNELLES /JC
Michele Rolim
Em julho deste ano, o Teatro Sarcáustico comemorou os seus 13 anos de atividade. Além de apresentar no Teatro Renascença Interrupções, espetáculo final do Laboratório de Montagem do grupo, também ocorreu o show beneficente 13: a sorte é nossa!, um encontro de artistas da Capital. Eles realizaram homenagens a todos os espetáculos e performances da história do Sarcáustico, com arrecadação de alimentos para a Casa do Artista Riograndense.
Em julho deste ano, o Teatro Sarcáustico comemorou os seus 13 anos de atividade. Além de apresentar no Teatro Renascença Interrupções, espetáculo final do Laboratório de Montagem do grupo, também ocorreu o show beneficente 13: a sorte é nossa!, um encontro de artistas da Capital. Eles realizaram homenagens a todos os espetáculos e performances da história do Sarcáustico, com arrecadação de alimentos para a Casa do Artista Riograndense.
No dia seguinte, Daniel Colin e Ricardo Zigomático reuniram-se e decidiram que precisavam desenvolver um projeto autoral (na época, estavam pensando em montar o livro Meia-noite e vinte, de Daniel Galera). "Estávamos comovidos com o show beneficente, ele só aconteceu por conta de uma rede afetos", esclarece Zigomático.
A partir desta premissa surgiu Nós por nós, espetáculo construído sobre o mote "O que te afeta e te faz resistir?". A obra se debruça sobre a compreensão dos afetos como possíveis formas de reação, revolução e resistência. "Tem muita gente querendo fazer muita coisa por conta do afeto", comenta Colin. O espetáculo tem sessões no sábado, às 21h, e domingo, às 18h, no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº). Os ingressos já estão à venda na bilheteria do teatro e custam entre R$ 20,00 e R$ 50,00.
A montagem conta histórias - mas, diferentemente de outros trabalhos do Sarcáustico, não faz uso da palavra. "A ideia de trabalhar com o espetáculo sem fala surgiu no próprio processo de construção da obra, pensando o quanto esse silêncio tinha a ver com esse nó na garganta que estávamos sentindo. Utilizamos o silêncio como ato de resistência", conta Colin.
Para a criação dessa dramaturgia cênica, o grupo foi se alimentando de histórias que trazem o afeto como arma de resistência a partir de processos autobiográficos dos performers e de como estes processos se afetam entre si. Também recorreram a referenciais diversos, como músicas, textos, matérias jornalísticas, filmes e obras de arte que tratam deste mesmo universo: atos de resistência que não fossem pela via da violência e, sim, pela do afeto.
Como a senhora de 70 anos que cobre mensagens nazistas em Berlim, ou o caso em que o coreógrafo Erdem Günduz parou na praça Taksim, em Istambul, em pé, em silêncio, sendo acompanhado por centenas de turcos, em uma espécie de protesto silencioso.
Ou, ainda, quando uma atriz entrou no metrô de São Paulo e pediu para que todos cantassem juntos a canção Evidências, de Chitãozinho e Xororó. Um vagão inteiro entoou a música e o vídeo no Facebook se tornou viral - em apenas dois dias somou mais de 1 milhão de visualizações, mesmo caso de um "beijaço" em protesto à agressão contra gays.
"Estamos em um momento em que uma extrema direita está mostrando as garras, depois de ter ficado durante muito tempo na penumbra. Nos últimos tempos, trabalhamos muito para dar visibilidade às minorias, a corpos e a vozes de pessoas que nunca tiveram essa chance. Agora, vem uma massa com grande força que tenta invalidar tudo que estávamos fazendo nas últimas décadas", comenta Colin.
No elenco, além de Colin e Zigomático, estão em cena Guadalupe Casal e Ursula Collischonn. Todos são acompanhados de uma performance sonora, assinada por Kevin Brezolin, que é executada ao vivo, enquanto capta os sons dos atores durante as cenas.
"Apesar da pobreza, apesar da limitação, apesar de um governo federal, estadual e municipal que não está nos apoiando em nada, muito pelo contrário, está nos atrapalhando, nós vamos continuar dando voz a esses corpos, a essas pessoas, as nossas vontades e isso é válido e não há o que possa nos calar", argumenta Colin. A atriz Guadalupe Casal complementa: "Esse momento é urgente não dá para se manter à margem fazendo de conta que não é com você". 
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