Para celebrar seus mais de 40 anos de trajetória artística, o cantor e compositor Daniel Torres não subirá sozinho ao palco do Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº) amanhã, às 21h. Com ele, estarão convidados que testemunharam e participaram desta caminhada musical, como os cantores Dante Ramon Ledesma, Sergio Rojas, Elton Saldanha e Serginho Moah, além do cantor argentino Nino Zannoni. Ingressos entre R$ 35,00 e R$ 80,00 na bilheteria do local.
No show Daniel Torres canta América, o intérprete de voz marcante percorre mais de quatro décadas de uma significativa e simbólica trajetória musical ligada ao folclore, relembrando seus grandes sucessos, como Paraguaita (Galileu Arruda), Solo le pido a Dios (León Gieco), Nosso canto (Daniel Torres, Aroldo Torres e Janete Urtazum), Mercedita (Ramón Sixto Ríos) e Yolanda (Pablo Milanés), entre outras. No espetáculo, que promete surpresas e muita emoção relacionada ao passado, ele estará acompanhado de uma banda formada pelos músicos Diogo Barcelos (piano), Lucas Araújo (violão), Marcio Rosado (guitarra semi-acústica), Djalmo Oliveira (bateria), Elmer Fagundes (acordeão), Costa Lima (contrabaixo), Douglas Umabel (violino) e Carlos Perez (percussão). A ocasião será inusitada: apesar de tanto tempo de atuação no Estado e de todo o reconhecimento na área artística, será a estreia solo do cantor no palco do Theatro São Pedro, aos 59 anos. Por isso, o espetáculo está sendo preparado com o devido cuidado, há cerca de quatro meses.
Intérprete e compositor brasileiro de música nativista gaúcha e sul-americana, Torres nasceu no município gaúcho de Santa Vitória do Palmar - de pai chileno e mãe argentina - e cresceu no Uruguai. Alfabetizado em espanhol, retornou ao Rio Grande do Sul já adolescente e só então começou a falar em português. Ainda guri, fugia de casa para ouvir grupos de músicos no Chuí; aos nove anos estudou música em Montevidéu, e, de repente, aos 13, estava em Horizontina, no Interior, onde começou a cantar em grupos de baile.
Da infância, no país vizinho, ao lado dos pais, que eram artistas de circo e também trabalhavam no rádio como atores, o artista recorda as primeiras apresentações em conjuntos, até chegar em Porto Alegre, em 1982, quando deu início a uma vitoriosa carreira, registrada em nove discos lançados, mais de 50 prêmios como melhor intérprete em festivais e cerca de 300 músicas gravadas, além de um público fiel e muitos amigos/parceiros conquistados.
Foi aos 24 anos que resolveu tentar a sorte na Capital. Cantou na Cervejaria Barril em espanhol um repertório de músicas românticas e latino-americanas. Um dia, foi ouvido pelo cantor Leopoldo Rassier, que o convidou para integrar um grupo do qual participavam Airton Pimentel e Antonio Augusto Fagundes.
Daniel Torres se define como um cantor, independente de gênero ou estilo: "Canto aquilo que gosto e me transmita alguma coisa que possa fazer refletir e levar uma mensagem para alguém, como o amor pela nossa terra e ao ser humano". O intérprete transita entre rock'n'roll e temas italianos e latinos, como já fez na juventude: "O folclore já vem no meu sangue. A música tradicional é aquela originada da tradição de cada povo, e temos a milonga e o chamamé que vêm de quatro fronteiras: Paraguai, Uruguai, Argentina e Chile."
Para o artista, não há necessidade de rótulos na produção artística. "Tem que ser bem bonita, sofisticada. Com uma mensagem que toque, que diga algo, ela não tem fronteiras e não tem idade. Como tem muitas pessoas dos 60 aos 70 anos que gostam do meu trabalho, também há crianças, e isso para mim é fundamental", avalia sobre seu ofício.
Em 1989, Daniel Torres foi indicado ao Prêmio Sharp de cantor revelação de música regional. Em 1997, recebeu o troféu Vitória de melhor intérprete do Rio Grande do Sul, concedido pelo governo do Estado. Representou o Rio Grande do Sul no Festival Mundial de Folclore na Guiana Francesa; no Japão; nos Estados Unidos; em Portugal; em Viena, na Áustria; além de Argentina e Uruguai.
O primeiro disco, Daniel Torres, saiu pela gravadora Discoteca, de Porto Alegre, em 1985. Em seguida, recebeu uma proposta da Continental (que, depois, veio a se tornar Warner) para gravar meu segundo LP, Nosso canto (1987). Depois, vieram Simplesmente Latino (1987) e Daniel Torres canta o Rio Grande (2001). Pela Orbeat Music, gravou em espanhol Grandes Clássicos da Música Latina - Ao vivo (2004) e Volver a empezar (2006). O trabalho mais recente, com muito canto e violões, é Daniel Torres entre amigos, com a participação de parceiros de longa data e também de nomes da nova geração do nativismo. O trabalho já está finalizado, esperando um momento especial a ser lançado, para garantir a presença desses convidados, a partir de maio de 2018.