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Teatro

- Publicada em 30 de Novembro de 2017 às 22:20

A exuberante fada do flamenco

Eva Yerbabuena veio ao Brasil pela segunda vez. Apresentou Lluvia, que ela diz ser a respeito do amor e da melancolia. Pode ser que seja, mas, salvo os primeiros momentos do espetáculo, não foi bem isso que, por certo, toda a plateia admirou. Trata-se de um espetáculo acima de toda e qualquer expectativa, seja pela qualidade da criação coreográfica, quer pela sua execução - e não apenas pela solista e diretora do grupo - quanto pelo conjunto de elementos que continuem todo o trabalho. De tirar o fôlego. Daqueles espetáculos que, quando terminam, a gente quer mais. Aliás, jamais vira, em Porto Alegre, o público aplaudir sapateando no ritmo flamenco, por alguns minutos, como ocorreu com a artista espanhola. Mas isso bem disse do agrado, do respeito e da admiração granjeados por ela e seu conjunto.
Eva Yerbabuena veio ao Brasil pela segunda vez. Apresentou Lluvia, que ela diz ser a respeito do amor e da melancolia. Pode ser que seja, mas, salvo os primeiros momentos do espetáculo, não foi bem isso que, por certo, toda a plateia admirou. Trata-se de um espetáculo acima de toda e qualquer expectativa, seja pela qualidade da criação coreográfica, quer pela sua execução - e não apenas pela solista e diretora do grupo - quanto pelo conjunto de elementos que continuem todo o trabalho. De tirar o fôlego. Daqueles espetáculos que, quando terminam, a gente quer mais. Aliás, jamais vira, em Porto Alegre, o público aplaudir sapateando no ritmo flamenco, por alguns minutos, como ocorreu com a artista espanhola. Mas isso bem disse do agrado, do respeito e da admiração granjeados por ela e seu conjunto.
Logo na abertura, a bailarina entra por uma lateral da sala, atravessa o espaço da plateia e só então sobe ao palco. Lá, nas companhias de Christian Lozano (excepcional), Fernando Jiménez (tão bom quanto), Maise Márquez e Maria Moreno (precisas e seguras, mesmo ao lado da maestra) temos um quarteto de intérpretes que é simplesmente fantástico. O espetáculo se completa com o violão de Paco Jarana, os cantaores Enrique El Extremeño e Jonatan Reyes, e a percussão de Rafael Heredia. Os dois cantaores mereceriam espaço à parte, tal as suas personalidades.
A cenografia vem assinada por Vicente Palacio - ela é a criadora dos espaços idealizados pela ideia original, direção e coreografia de Eva Yerbabuena - transformadora, transfiguradora do flamenco tradicional, dando-lhe outra projeção, nem melhor nem pior, mas diferente, com outra personalidade, com a criação e direção musical do mesmo Paco Jarana, iluminação de Florencio Ortiz e figurinos de López de Santos. O grupo parece uma unidade profunda, que traduz certamente muitas horas de ensaios e um diálogo absolutamente respeitoso e criativo.
No programa entregue à imprensa, temos referência a oito composições, de El sin fin de la vida a Llanto. Na verdade, o espetáculo está dividido em duas grandes partes. Na primeira, todo o conjunto se apresenta, inclusive com a participação, numa espécie de coro, dos técnicos e demais integrantes da equipe, que entram em cena junto com os bailarinos e retornam com eles ao final do espetáculo. Eles como que fazem o pano de fundo e dão o clima coletivo de uma apresentação popular do flamenco em terras de Andaluzia. Mas depois de um quadro hilariante, que reproduz uma cena do século XIX, com vistosos figurinos, tudo muda.
A segunda etapa centra-se em Eva Yerbabuena e assim vai, quase que apenas solos, até o final, para gáudio de todos nós. O trabalho, então, se torna mais tenso e denso, aqui, talvez, se encontre a justificativa para o seu título, quando a intérprete pode exercitar e evidenciar toda a sua potencialidade. Que é imensa. Eva, na verdade, leva o flamenco a transcender sua própria base tradicional para projetar-se como um espetáculo de dança original e desafiador, profundamente emocionante para todos os que a assistam.
O trabalho de equipe é absolutamente preciso. O ritmo está em toda a parte e em todo o momento, na entrada e saída dos bailarinos, na presença dos músicos, na performance estupenda dos cantaores - cujas projeções vocais surpreendem e entusiasmam - e, enfim, no resultado final de todo o espetáculo. São quase duas horas de surpresa e encantamento que não dão um segundo de folga aos sentidos dos espectadores. Passa-se de uma peça para outra com absoluta naturalidade, como se uma fosse o desdobramento da outra. Raras vezes se assistiu, em Porto Alegre, a um espetáculo tão bem idealizado e tão bem realizado.
Lluvia foi um momento supremo da arte da dança. Para mim, o melhor espetáculo desta temporada, entre todos, absolutamente todos a que tive oportunidade de assistir neste ano. Abençoados os que experimentaram a oportunidade de comparecer ao Teatro do Bourbon Country. Esta noite se tornou inesquecível, mágica, definitiva.
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