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Opinião

- Publicada em 24 de Outubro de 2017 às 18:30

Uma casa para a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre

Décadas atrás, quando estava no exterior, o escritor gaúcho Erico Verissimo, certa vez, foi questionado sobre o lugar onde vivia no Sul do Brasil. Como era, afinal, Porto Alegre? O autor de O Tempo e o Vento saiu-se com uma resposta que até hoje é lembrada: "Eu venho de uma cidade que tem uma orquestra sinfônica".
Décadas atrás, quando estava no exterior, o escritor gaúcho Erico Verissimo, certa vez, foi questionado sobre o lugar onde vivia no Sul do Brasil. Como era, afinal, Porto Alegre? O autor de O Tempo e o Vento saiu-se com uma resposta que até hoje é lembrada: "Eu venho de uma cidade que tem uma orquestra sinfônica".
Sinal de cultura e civilização, a Ospa foi fundada em 1950 e, de fato, é uma das riquezas da capital gaúcha. Ao longo desses 67 anos, fez inúmeras apresentações, levando música de boa qualidade ao público e promovendo a educação de muita gente que é introduzida ao erudito em seus concertos.
Sua agenda inclui a interpretação da obra de compositores consagrados, como Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven, mas também leva ao palco músicas mais populares, caso do fim de semana passado, quando o Auditório Araújo Vianna lotou em dois dias para o espetáculo da Orquestra Sinfônica que interpretou trilhas sonoras de filmes conhecidos.
Quanta gente não terá tido seu primeiro contato ao vivo com a música clássica em uma exibição da Ospa? Quantos concertos memoráveis desde os tempos do maestro pioneiro Pablo Komlós - regente húngaro que dirigiu a instituição por 28 anos - até os mais recentes?
Instituição consagrada e querida de todos os gaúchos, a Ospa, incrivelmente, aos 67 anos, não tem uma casa para chamar de sua. E o ousado projeto da Sala Sinfônica no Parque da Harmonia, lançado há uma década, estava parado, sem perspectiva de conclusão. O contrato com a empreiteira contratada foi rompido e havia entraves burocráticos.
A novela da busca por um espaço fixo para exibições parece estar chegando ao fim, embora com um desfecho diferente do esperado. Como informou o Jornal do Comércio, a nova sede da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre será em uma área a ser reformada no Centro Administrativo do Estado.
A informação foi confirmada pelo titular do Ministério da Cultura (Minc), Sérgio Sá Leitão, que esteve na Capital na segunda-feira, quando repactuou o convênio do Minc com o governo do Estado. Com isso, a atual sala de ensaios será transformada na Casa da Música da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, com capacidade para 1,1 mil pessoas.
No terreno do Parque da Harmonia, junto à Câmara Municipal, resta o estaqueamento que já havia sido feito e será aproveitado em uma construção de menor porte, que irá acomodar Teatro Aberto, Museu da Ospa e um espaço para o projeto social da Escola de Música da sinfônica.
Ao invés dos 12 mil metros quadrados da sala sinfônica, o novo espaço no Centro Administrativo tem quase 2 mil m2 e foi cedido pela Secretaria de Modernização Administrativa e dos Recursos Humanos. A obra custará R$ 3 milhões e a expectativa é que fique pronta até março de 2018.
Desde 2008, quando deixou o Teatro Leopoldina na avenida Independência - mais conhecido por Teatro da Ospa -, a orquestra está sem teto. Chegou a ensaiar no Palácio Piratini, nos armazéns do Cais do Porto, na Usina do Gasômetro, até receber a sala de ensaios no Centro Administrativo. As apresentações são em diferentes palcos, nem todos com a qualidade acústica exigida para o concerto de uma sinfônica.
A nova casa é uma boa notícia, que pode dar novo fôlego à orquestra a partir da temporada do ano que vem. Deve servir de estímulo para que o poder público, a iniciativa privada e a sociedade gaúcha renovem o apoio à Ospa, para que essa referência de Porto Alegre - como demonstra o depoimento de Erico Verissimo - se fortaleça cada vez mais, irradiando cultura e boa música.
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