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Eleições

- Publicada em 22 de Outubro de 2017 às 18:40

Boca de urna indica vitória da aliança de Macri

Aumento do custo de vida em 40% no atual governo pesou no voto

Aumento do custo de vida em 40% no atual governo pesou no voto


/EITAN ABRAMOVICH / AFP/JC
Os argentinos foram às urnas ontem para renovar metade da Câmara dos Deputados (127 vagas) e um terço do Senado (24 vagas). As eleições legislativas são consideradas um termômetro para medir a popularidade do presidente Mauricio Macri - que, em dezembro, completa metade de seu mandato - e da ex-presidente Cristina Kirchner, sua antecessora e principal rival política.
Os argentinos foram às urnas ontem para renovar metade da Câmara dos Deputados (127 vagas) e um terço do Senado (24 vagas). As eleições legislativas são consideradas um termômetro para medir a popularidade do presidente Mauricio Macri - que, em dezembro, completa metade de seu mandato - e da ex-presidente Cristina Kirchner, sua antecessora e principal rival política.
Dados preliminares de boca de urna divulgados pelo canal TN (do Grupo Clarín) apontam para uma ampla vitória da coalizão governista Frente Cambiemos (Mudemos), de Macri, que, desde 2015, governa o país com minoria no Congresso. Com isso, ele deve aumentar sua base de apoio e suas chances de disputar a reeleição em 2019. A participação ontem foi de 78% do eleitorado, composto por 33 milhões de eleitores.
Na província de Buenos Aires, onde a competição para o Senado esteve mais acirrada, ainda segundo a boca de urna, o ex-ministro da Educação de Macri, Esteban Bullrich, estaria à frente de Cristina por uma margem pequena de votos. Apesar de estar sendo processada pela Justiça por corrupção e "traição à pátria", Cristina ainda pode ser eleita senadora pela Unidad Ciudadana (Unidade Cidadã), uma dissidência do Partido Justicialista (Peronista) que ela transformou em partido.
Na quinta-feira, a descoberta de um corpo, no rio Chubut, na Patagônia argentina, antecipou o fim da campanha eleitoral. Governistas e opositores suspenderam os comícios, enquanto o país aguardava para saber se o corpo era de Santiago Maldonado, um artesão de 28 anos, desaparecido há 80 dias. Segundo testemunhas, ele foi visto pela última vez sendo arrastado pela Gendarmeria (Polícia Militar de fronteira), que reprimiu um protesto dos índios Mapuche.
Durante quase três meses, a família do artesão, movimentos sociais e organizações de direitos humanos realizaram manifestações e campanhas pelas redes sociais, cobrando do governo a "aparição com vida" de Maldonado, que passaram a chamar de "desaparecido da democracia" .
Na Argentina, onde a população até hoje exige Justiça pelos 30 mil desaparecidos da ditadura (1976-1983), o caso ganhou dimensão nacional e internacional, colocando o governo na defensiva. No sábado, o corpo foi identificado como sendo de Maldonado. A autópsia não apontou sinais de golpes ou ferimentos, e ele pode ter morrido afogado. Mas a família considera a Gendarmeria "responsável por sua morte" e prometeu "continuar investigando". 

Maior desafio do presidente é conter a alta na inflação de dois dígitos

Segundo o analista político Roberto Bacman, o caso Maldonado não deve impactar nos resultados. "Para Macri, uma boa eleição, mesmo sem conseguir maioria no Congresso, representa um voto de confiança dos argentinos na sua capacidade de cumprir as promessas de campanha", argumentou. "Mas o maior desafio, nessa segunda metade do mandato, será a economia".
Na campanha para presidente, Macri prometeu baixar a inflação de dois dígitos que herdou de Cristina. "Mas o custo de vida aumentou 40% no governo dele e deve superar 25% neste ano", lembrou.
A seu favor Macri tem a retomada do crescimento econômico, após três anos de recessão, e a rejeição de 40% do eleitorado a Cristina, que ocupou a residência presidencial de Olivos durante 12 anos. Ela morou lá durante quatro anos como primeira-dama e outros oito como sucessora do marido, o ex-presidente Nestor Kircher. O desafio da ex-presidente, segundo Bacman, vai ser unir os peronistas, que hoje estão divididos em três facções, dando ao governo de Macri mais uma vantagem.