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- Publicada em 22 de Setembro de 2017 às 19:29

Para amar Clarice Lispector

Detalhe da capa do livro

Detalhe da capa do livro


REPRODUÇÃO/JC
Para amar Clarice - como descobrir os aspectos mais inovadores de sua obra (Faro Editorial, 158 páginas), de Emilia Amaral, doutora em Literatura, professora e autora, entre outros, de Novas Palavras, mostra porque Clarice Lispector tornou-se clássica e ensina os leitores a conhecerem mais a autora e os traços fundamentais de sua escrita, bem como suas escolhas temáticas e os aspectos que tornaram sua obra tão importante e perene, no Brasil e no exterior.
Para amar Clarice - como descobrir os aspectos mais inovadores de sua obra (Faro Editorial, 158 páginas), de Emilia Amaral, doutora em Literatura, professora e autora, entre outros, de Novas Palavras, mostra porque Clarice Lispector tornou-se clássica e ensina os leitores a conhecerem mais a autora e os traços fundamentais de sua escrita, bem como suas escolhas temáticas e os aspectos que tornaram sua obra tão importante e perene, no Brasil e no exterior.
O livro faz parte da série Para Amar, da Editora Faro, que idealizou-a para que os leitores se aproximem das obras naquilo que elas têm de mais essencial. Não se trata de resumo de obras dos escritores, mas, sim, um guia para o olhar do leitor entender a narrativa dos autores a partir do conjunto de suas obras, servindo como um roteiro para que qualquer pessoa seja capaz de observar os aspectos mais relevantes dos trabalhos dos autores enfocados.
No caso especialíssimo de Clarice, Emilia Amaral encontra elementos fortes: a individualidade, a voz dos que não têm espaço, o inconsciente, a narrativa desordenada, a busca existencial, a metafísica, o caos interno e a visão psicanalítica. Utilizando trechos da obra de Clarice, de livros como A hora da estrela; Laços de família; A paixão segundo G.H.; e Perto do coração selvagem, a autora mostra como Clarice buscava a profunda densidade dos mistérios humanos e como seu incrível tom de conversa ligeira tinha refinamento metafísico.
Essas características e as questões abordadas em seus livros lhe conferem destaque entre os autores mais importantes da literatura brasileira. O volume de Emilia Amaral se inicia com um perfil de Clarice. Depois fala da voz do que é silenciado, da ficção como exercício da aventura humana, da cumplicidade entre narrador e personagens; da arte de tocar o inexpressivo; da desmontagem da tradição, da escrita caleidoscópica ou de como (não) se tocar a coisa com a palavra e o capítulo final tem o título Como amar mais Clarice. Traz várias obras e sua produção de literatura infantil.
Clarice, num forte pacto com os leitores, pôs a literatura a serviço da nossa existência. "Enquanto eu tiver perguntas e não respostas... continuarei a escrever." Clarice foi cedo, aos 57 anos, deixou enigmas, mistérios, perguntas, visões, contos, crônicas e romances tratando das epifanias do cotidiano, deixou palavras e silêncios. Nos deixou um muito e entregou, como dizia, sua coisa mais última: a solidão.

lançamentos

  • Heróis de 77 - A história do maior campeonato gaúcho de todos os tempos (AGE Editora, 286 páginas), é do procurador de Justiça Daniel Sperb Rubin, que, na imortal tarde de 25 de setembro de 1977, estava no Olímpico, sentado atrás da goleira onde André Catimba fez o gol do título. Daniel pesquisou um ano e meio em jornais e revistas e retrata o ambiente tenso e complexo. Textos jornalísticos e depoimentos de atletas, treinadores e dirigentes estão na obra.
  • Era uma vez... E o destino mudou (StudioClio e Libretos, 114 páginas), contos organizados por Francisco Marshall, traz Gabriel de Deus, Paula Martins, Mateus H. Araújo, Marcos Schulz, Jayme Copstein, Janaína Azevedo Lopes, Helenice Trindade de Oliveira, Delmar Bertuol Alves da Silva, Fernanda Mellvee, Jorá Ribeiro Machado, Jussara Maria Kircher, Lucas Barbosa e Luiz Cabel com contos do Troféu Senalba-RS Literatura 50 anos. Apresentação de Antônio Johann.
  • Pas de politique Mariô! Mario Pedrosa e a Política (Ateliê Editorial, 296 páginas), de Dainis Karepovs, o maior conhecedor do trotskismo brasileiro e diretor do Centro de Documentação do Movimento Operário Mario Pedrosa, é a biografia de Mario Pedrosa, intelectual, escritor e um dos fundadores do PT. Depoimentos de Cláudio Abramo, Fulvio Abramo, Enio Bucchioni, Plinio Mello, Hélio Pellegrino e Júlio Tavares são a cereja do bolo do livro editado por Plinio Martins Filho.

Semana Farroupilha, gaúchos e rio-grandenses

Com o brilho e o garbo habituais, comemoramos mais uma Semana Farroupilha, evento estadual aprovado em lei e que, além dos CTGs e do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), envolve os rio-grandenses de todas as querências, dessa terra que é um grande e rico mosaico cultural.
Por certo temos que ter orgulho de nossas façanhas, que podem/devem servir de modelo para toda a terra e, claro, temos orgulhos de nossas modelos que, igualmente, servem de modelo e façanhas para toda a terra. Gisele Bündchen, Ieda Vargas, Iolanda Pereira e Deise Nunes, entre outras, mostram que somos campeões em Miss Brasil e que os sangues mesclados de índios, negros e europeus geraram as mulheres mais bonitas do planeta, modéstia às favas.
Nesse momento de festa, podemos até aproveitar para pensar criticamente sobre nossas origens e sobre nossas divisões políticas, regionais, futebolísticas, culturais, comerciais e industriais. Já pensamos em Pacto pelo Rio Grande na Assembleia Legislativa, a ADVB lançou uma simpática campanha Rio Grande do Sim, mas seguimos muito grenalizados e isso acaba nos prejudicando. Precisamos dialogar, ficarmos unidos em favor das causas maiores do Rio Grande.
Em meio ao milhão de pessoas que circulam pelo Acampamento Farroupilha e a tantos números que nos orgulham, especialmente os 1.700 CTGs do Estado, o embaixador aposentado e escritor porto-alegrense Fernando Cacciatore de Garcia lançou a importante obra A origem do gaúcho e outros ensaios (Buenas Ideias, 128 páginas). Cacciatore, entre outras obras sobre história e arte, redigiu Como escrever a História do Brasil e A arquitetura neoclássica em Porto Alegre. O autor nos fala, com apoio em muitas leituras, pesquisas e reflexões, sobre a palavra gaúcho sua história e origem, os "gaúchos antigos", o aparecimento do gaúcho e, igualmente, fala do preconceito que muitos brasileiros de outros estados têm com os gaúchos.
Nos outros ensaios do livro, Cacciatore fala da impossível Linha de Tordesilhas, de Dona Leopoldina iluminista, de iluministas e anti-iluministas e o caso da Academia Brasileira de Belas Artes, dos Brasis de Borges. O autor desmonta lendas como a de que os gaúchos têm origem na Argentina e, com grande erudição e sem medo de opinar, fala de nossas origens e de livros sobre gaúchos. Como se sabe, o tema comporta dúvidas, polêmicas e ainda está em aberto. Quem é o gaúcho? De onde veio a palavra e como se desenvolveu sua história de séculos no pampa? Ser gaúcho é um destino?
Eduardo Bueno, na apresentação, escreve: "Gaúchos são sombras numa correnteza de grama, com um pé no estribo e um pé na estrada. No ensaio que abre o livro, Cacciatore dispôs-se a dissipar algumas dessas sombras, tingi-las de outras cores e dar-lhes esqueleto - mesmo que para isso fosse preciso tirar alguns do armário".

a propósito...

Dizem que gaúcho é sinônimo de rio-grandense, mas penso que é melhor o adjetivo rio-grandense. Ele comporta os gaúchos de todas as querências e não só os mais ligados ao pampa. Rio-grandenses estão desde o Chuí até Iraí, de Torres a Três Passos, passando por Santa Maria e na direção de Pelotas e Rio Grande, Bento Gonçalves e Caxias. Rio-grandenses são índios, negros e brancos, raça humana única. Somos todos rio-grandenses, parte do mosaico maravilhoso de paisagens, pessoas, história, arte e cultura. Sonho com uma grande festa rio-grandense. Nada contra festas nas cidades e nas regiões, que devem continuar. Tudo a favor de mais diálogo e união. Disso muito precisamos, que a coisa tá feia.