Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Política

- Publicada em 31 de Agosto de 2017 às 15:50

Funcionalismo gaúcho reage contra parcela de R$ 350,00

Servidores consideraram "ultrajante" primeira parcela dos vencimentos

Servidores consideraram "ultrajante" primeira parcela dos vencimentos


SINDCAIXA/DIVULGAÇÃO/JC
Marcus Meneghetti
"Já passei meus filhos do colégio particular para o público, suspendi o curso de línguas deles e revi o transporte escolar. Com essa parcela, vou ter que escolher as contas que vou pagar neste mês", relatou o enfermeiro Elpidio Borba - que, assim como a esposa (também servidora), conta com o vencimento de cerca de cinco salários-mínimos para sustentar as despesas com a casa e os três filhos.
"Já passei meus filhos do colégio particular para o público, suspendi o curso de línguas deles e revi o transporte escolar. Com essa parcela, vou ter que escolher as contas que vou pagar neste mês", relatou o enfermeiro Elpidio Borba - que, assim como a esposa (também servidora), conta com o vencimento de cerca de cinco salários-mínimos para sustentar as despesas com a casa e os três filhos.
Nesta sexta-feira - dia em que o governo José Ivo Sartori (PMDB) depositou apenas R$ 350,00 do salário dos servidores públicos -, Borba participou do protesto em frente ao Palácio Piratini contra o 19º atraso consecutivo no pagamento do funcionalismo público. Na mesma situação que o enfermeiro, dezenas de servidores se aglomeravam na Praça da Matriz, aguardando a chegada de outro grupo que fazia uma marcha pelo Centro.
Um deles era o aposentado do Instituto-Geral de Perícias Pedro Reis - que utiliza o vencimento de pouco mais de três salários-mínimos para sustentar a casa, onde reside com a esposa e filho. "Por conta do parcelamento do mês passado, estou com as contas de luz e condomínio atrasadas. Além disso, fiquei devendo para o Banrisul cerca de R$ 700,00. Hoje, recebi a primeira parcela do salário: R$ 350,00 da primeira parte do vencimento deste mês, mais R$ 300,00 do 13º salário parcelado no ano passado. Então vou continuar devendo ao banco a juros de 8,7% ao mês. Quem paga essa taxa sou eu", expôs. 
Borba - que também é um dos diretores do Sindicato dos Técnicos-Científicos do Rio Grande do Sul (Sintergs) - acrescentou que, além das despesas com os juros bancários, os servidores acumulam ainda uma perda salarial de cerca de 28%, por conta do congelamento do orçamento determinado pelo Piratini nos últimos três anos. A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), acumulou 23,69% no triênio.
Em meio aos manifestantes que seguravam cartazes com dizeres como "sem salário, não tem trabalho" e "Trabalhei, quero receber", o dirigente estadual da Central Sindical Popular (CSP Conlutas), Érico Correa, disse que é comum ouvir relatos como o de Borba ou de Reis. 
"A maioria dos servidores está atônita e assustada com a situação gravíssima de endividamento e juros cobrados pelo Banrisul. Isso gera, inclusive, divergências dentro do movimento dos servidores, que já está sendo atacado pelo governo. Por exemplo, hoje, parte do movimento foi para Expointer articular junto aos deputados, e a outra parte veio para cá", justificou Correa a baixa adesão ao protesto.
O líder da CSP Conlutas chamou atenção ainda para o risco de acúmulo de duas folhas em um único mês. "O Estado anunciou que vai integralizar a folha de agosto no dia 21 de setembro. Ou seja, uma semana antes de começar a pagar a folha de setembro. Então, o acúmulo de duas folhas em outubro é uma possibilidade real", alertou. Segundo a Secretaria Estadual da Fazenda, a folha deve ser paga até o dia 13 de setembro, mas as consignações bancárias, até 22 do mesmo mês. 
Por volta do meio-dia, quando chegaram os servidores que marcharam até a Praça da Matriz, todos fizeram coro às palavras de ordem: "Sartori, canalha! Não rouba quem trabalha!". Em seguida, os sindicalistas se pronunciaram no carro de som estacionado em frente ao Piratini.
"Nosso salário está sendo usado para criar pânico e justificar à opinião pública as medidas de austeridade, as privatizações e a entrada do Estado no Regime de Recuperação Fiscal", analisou o vice-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (Sindsepe), Luiz Augusto Ferreira.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO