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Opinião

- Publicada em 29 de Agosto de 2017 às 16:23

Marchezan exclui direito da periferia

O transporte público da Capital vem perdendo passageiros. Repetida à exaustão, a frase esconde uma realidade dura: as pessoas de baixa renda é que perderam as condições de acesso ao sistema. Pesquisas mostram: a renda é a principal variável relacionada à mobilidade. Nas famílias com até quatro salários-mínimos, 50% dos deslocamentos são a pé.
O transporte público da Capital vem perdendo passageiros. Repetida à exaustão, a frase esconde uma realidade dura: as pessoas de baixa renda é que perderam as condições de acesso ao sistema. Pesquisas mostram: a renda é a principal variável relacionada à mobilidade. Nas famílias com até quatro salários-mínimos, 50% dos deslocamentos são a pé.
Quem não consegue acessar o ônibus, fica limitado à bicicleta, a caminhar ou mesmo à imobilidade. Nas periferias, é comum ver pessoas ociosas em casa, desempregadas, sem condições de se deslocar à procura de trabalho. Com a crise, é lógico que o transporte coletivo perca passageiros. As medidas do prefeito Marchezan Júnior (PSDB) para reverter o quadro, porém, vão na contramão. Ele afirma que o sistema está quebrado, mas propõe cortes que atingem diretamente quem mais depende do serviço.
O fim de isenções e da segunda passagem gratuita vai expulsar mais gente do sistema. Cria-se um critério cruel de contratação: o efeito imediato será a demissão de quem mora longe do trabalho. O patrão escolherá quem custe só uma passagem. Por outro lado, Marchezan omite outras fontes de receita previstas na licitação de 2015. A comercialização de espaços publicitários e os rendimentos da bilhetagem eletrônica são exemplos. Estima-se que a câmara de compensação movimente quase R$ 20 milhões por mês, gerando aplicações rentáveis. Dados mantidos numa caixa-preta, sob o controle das empresas.
A taxação do transporte individual privado, percentuais sobre multas de trânsito, recursos das zonas públicas de estacionamento são fontes que a prefeitura poderia buscar. Em Nova Iorque, o prefeito Bill de Blasio vai criar um imposto sobre os mais ricos (0,8% da população) para fazer obras no metrô e reduzir a tarifa para pessoas de baixa renda. Por aqui, entre salvar o sistema ou a população, Marchezan opta por garantir o lucro das empresas, nem que seja necessário expulsar quem mais precisa do ônibus. Com crueldade irônica, sugere o Uber como alternativa, incentivando o uso do carro, o que ampliará os congestionamentos. Porto Alegre segue na contramão.
Vereador de Porto Alegre (PT)
 
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