Bitcoin - o que aprender com os elefantes

"Se o elefante soubesse a força que tem, seria dono do circo." Não se trata exatamente de "saber". Na real, é mais uma questão de propósito e comodismo. Todo mundo deseja autonomia, não estar sob ordens, restrições ou constrangimentos, principalmente em se tratando de dinheiro.

Surge o bitcoin, essa tecnologia que reproduz digitalmente as principais propriedades do dinheiro e possibilita o que todos sempre quiseram: controlar suas finanças de maneira segura, eficiente e mais simples que qualquer internet banking. Ainda assim, olham o bitcoin com desconfiança. Questionam seus fundamentos e garantias, justamente porque não é controlado pelo governo ou Banco Central. Como alguém pode invocar tal argumento?

Deve ser dissonância cognitiva ou dissociação de personalidade. Os mesmos que reclamam das tarifas e juros de bancos e cartões de crédito, dos impostos e do governo, questionam a legitimidade do bitcoin porque nenhuma dessas instituições o garante ou controla. Por estranho que pareça, a maioria das pessoas se sente confortável entregando o controle da sua vida financeira a empresas e instituições contra as quais mais tarde vai protestar e das quais vai tentar se livrar. Seria uma pandemia de Síndrome de Estocolmo? Ou reminiscências da infância fazendo as pessoas pensarem que não podem fazer nada sem a orientação ou supervisão de adultos?

Somos supostamente mais inteligentes que elefantes, mas menos coerentes. Eles se comportam de acordo com o que parece ser seu destino e possibilidades: sobrevivência do indivíduo e perpetuação da espécie. Não foram criados para viver em circos. Nós também não, mas na verdade vivemos. Há notícias de elefantes voltarem à selvageria, destruindo tudo e fugindo, geralmente por ferimentos e maus tratos.

E a propósito, já não fomos suficientemente maltratados pelo sistema financeiro?