Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Opinião

- Publicada em 14 de Agosto de 2017 às 18:21

O lixo no Guaíba e a água que abastece Porto Alegre

Um fenômeno climático provocou grande recuo nas águas do rio Guaíba no fim de semana. O forte vento nordeste, causador da mudança, também foi registrado em outras cidades, especialmente litorâneas, como diversas praias no Uruguai - onde houve até mesmo temor de um tsunami (onda gigante).
Um fenômeno climático provocou grande recuo nas águas do rio Guaíba no fim de semana. O forte vento nordeste, causador da mudança, também foi registrado em outras cidades, especialmente litorâneas, como diversas praias no Uruguai - onde houve até mesmo temor de um tsunami (onda gigante).
Seria mais um registro a ser estudado por especialistas e comentado por institutos de meteorologia, mas em Porto Alegre, foi diferente. É claro que chama a atenção o fato de que o inverno é o período mais chuvoso do ano na cidade e que a baixa levou o nível do Guaíba a atingir 0,23 metro, índice semelhante ao da seca do verão de 2005, e isso em pleno agosto, um mês de cheia.
Mas isso tudo ficou em segundo plano: o que chocou a todos mesmo foi a montanha de lixo que estava submersa e foi desvelada com o recuo das águas. A faixa de areia que se formou na praia poderia ter sido uma oportunidade para se fazer registros fotográficos inéditos ou mesmo uma simples contemplação de pontos turísticos da capital gaúcha por um ângulo diferente, casos do Museu Iberê Camargo, praia de Ipanema ou até mesmo o Anfiteatro Pôr-do-Sol, com os icônicos edifícios da Usina do Gasômetro ou da Catedral Metropolitana ao fundo.
Entretanto, a paisagem na orla da capital gaúcha e nas ilhotas que se formaram era de terra arrasada, com toda sorte de resíduo descartado irregularmente, uma visão nada agradável para os porto-alegrenses, que são, afinal, os responsáveis pela triste paisagem que emergiu: muitos sacos plásticos, garrafas PET, restos de roupas, móveis e muita sujeira.
No domingo, o vento virou e o rio começou a voltar ao normal. O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) aproveitou para recolher o lixo - o maior acúmulo de resíduos é na região central.
Além de símbolo de Porto Alegre, cantado em verso e prosa, o Guaíba tem uma importância fundamental por ser a fonte de abastecimento de água de toda a população. Poderia ser mais aproveitado para o lazer, entretanto, só é balneável no Belém Novo e Lami, no restante, está poluído.
É verdade que três dos rios que desaguam por aqui estão entre os 10 mais poluídos do Brasil: Caí, Sinos e Gravataí. Também se pode dizer que os problemas do Guaíba não são de hoje, ocorrem há décadas, com despejo de resíduos industriais e esgoto doméstico. E é inegável que o Programa Socioambiental ampliou os índices de tratamento na cidade.
Mas a quantidade de lixo encontrada neste fim de semana não deixa dúvidas de que ainda estamos longe de tratar bem o nosso manancial. Os resíduos que chegaram lá são responsabilidade da prefeitura, mas também dependem da ação de todos.
Pioneira na coleta seletiva, Porto Alegre até hoje separa uma parcela ínfima dos resíduos recicláveis. Os contêineres para lixo orgânico instalados na região central da cidade recebem toda ordem de material - desde lixo doméstico reciclável até móveis velhos, restos de obra entre outros.
A destinação correta do lixo é responsabilidade de toda população: moradores, empresas, organizações da sociedade civil, catadores e prefeitura. Já temos bons exemplos na iniciativa privada, como a Safeweb, responsável por manter a Ecobarreira instalada no Arroio Dilúvio, que retém toneladas de lixo que iriam para o Guaíba.
É preciso mais exemplos como esse. Que a tragédia ambiental evidenciada neste fim de semana pelo recuo do Guaíba sirva para conscientizar a todos de que devemos tratar melhor o ambiente. Afinal, trata-se da água que todos nós bebemos.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO