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América do Sul

- Publicada em 06 de Agosto de 2017 às 17:28

Crise se aprofunda na Venezuela

Guarda Nacional e opositores se confrontaram na cidade de Valencia

Guarda Nacional e opositores se confrontaram na cidade de Valencia


RONALDO SCHEMIDT/RONALDO SCHEMIDT/AFP/JC
O fim de semana foi de aprofundamento da crise política pela qual a Venezuela passa. Depois de o Mercosul ter decidido pela suspensão do país do bloco regional, um forte militar foi atacado na madrugada de sábado para domingo.
O fim de semana foi de aprofundamento da crise política pela qual a Venezuela passa. Depois de o Mercosul ter decidido pela suspensão do país do bloco regional, um forte militar foi atacado na madrugada de sábado para domingo.
Diosdado Cabello, o número dois do governo de Nicolás Maduro, afirmou que "terroristas" atacaram uma instalação militar em Valencia, no Norte da Venezuela, a 180 quilômetros de Caracas. "Na madrugada, terroristas entraram no Forte Paramacay em Valencia, atacando nossa Fanb (Força Armada Nacional Bolivariana). Vários terroristas foram presos", escreveu Cabello em sua conta no Twitter.
Vice-presidente do partido do governo de Nicolás Maduro e membro da Assembleia Constituinte, que, no sábado, destituiu a procuradora-geral Luisa Ortega Diaz, Cabello afirmou que tropas foram mobilizadas após o ataque "para garantir a segurança". Quem também falou sobre a ação foi o ministro da Defesa, general Vladimir López. "Eles não puderam com a Fanb. Agora, pretendem agredi-la com ataques terroristas. Não poderão!"
O incidente foi divulgado nas redes sociais, com um vídeo gravado supostamente por um destacamento militar de Valencia da 41ª Brigada Blindada, em um homem se apresenta como "capitão" e se declara em "rebeldia" contra o governo. Ao lado dele, 15 outros homens são vistos com armas e camuflagem.
Mais tarde, Lopez disse que o grupo era formado por civis vestindo uniformes militares, com exceção de um ex-tenente do exército.
Horas antes, no sábado, duas notícias sacudiram o país. A primeira foi a destituição da procuradora-geral, Luisa Ortega, pela nova Assembleia Constituinte. Durante a votação unânime pela saída de Ortega, gritos de "traidora" e "a justiça chegou" irromperam dos 545 delegados pró-governo. Ortega apoiou Maduro por muitos anos, mas rompeu com o presidente em meio à escalada dos protestos contra o governo em abril.
A segunda foi a decisão do Mercosul de suspender a Venezuela do bloco por rompimento da ordem democrática, após a escalada da crise no país e a instalação da Constituinte, convocada por Maduro. A decisão foi anunciada durante reunião dos chanceleres de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, em São Paulo. O país já estava suspenso por não ter internalizado em sua legislação um conjunto de normas básicas de funcionamento do bloco. Agora, a suspensão em razão da "cláusula democrática" é um reconhecimento formal do Mercosul de que o governo de Nicolás Maduro rompeu com os princípios democráticos.
O processo para suspensão começou em abril, quando foi convocada uma reunião emergencial de chanceleres após o Judiciário venezuelano ter encampado os poderes do Legislativo, de maioria opositora. Em agosto, com a eleição da Constituinte, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai decidiram realizar uma nova reunião para discutir a suspensão. Pelo Protocolo de Ushuaia, as consultas são a etapa anterior às sanções. Ao punir Caracas, o Mercosul se torna uma plataforma de pressão contra Maduro.

Secretariado da OEA apoia decisão do Mercosul

O secretariado-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) expressou ontem apoio à decisão de suspender a Venezuela do Mercosul. "Democracia e direitos humanos são princípios inalienáveis nas Américas, e a sua defesa e fomento são valores fundamentais para a comunidade de Estados que fazem parte da OEA", diz o secretariado em um comunicado.
A declaração ainda afirma que a decisão adotada pelos governos do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai "é uma afirmação exemplar em defesa dos princípios que unem nossos países e transmite uma mensagem de esperança e apoio aos venezuelanos".
O secretariado ainda reiterou seu pedido para o fim da repressão no país, o estabelecimento imediato de um calendário eleitoral que inclua eleições presidenciais em 2017, a abertura de um canal para assistência humanitária, a restauração de plenos poderes da Assembleia Nacional, a libertação de prisioneiros políticos, a anulação de todas as atividades da "fraudulenta assembleia nacional constituinte, e o respeito inequívoco pelas instituições democráticas do Estado".

Temer diz não haver espaço para 'alternativas não democráticas'

O presidente Michel Temer divulgou ontem, nas redes sociais, um vídeo de pouco mais de dois minutos em que trata da decisão do Mercosul de suspender a Venezuela.
"A situação naquele país vizinho vem se deteriorando ao longo do tempo. Prisões políticas, a repressão a manifestações que já resultaram em mais de uma centena de mortos, esvaziamento dos poderes do Legislativo, a convocação de assembleia constituinte tal como foi feita. Todos esses são elementos que nos causam crescente preocupação", afirmou Temer no vídeo. "Não há mais espaço para alternativas não democráticas na América do Sul, daí a decisão foi tomada", disse o presidente.
"Estamos e continuaremos ao lado do povo venezuelano", complementou o presidente brasileiro.

Maduro defende permanência no bloco regional

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, defendeu a permanência do país no Mercosul e criticou a posição de diversos líderes na América Latina, que estariam lutando contra governos populares. A crítica foi feita principalmente para os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e do Brasil, Michel Temer.
"Ninguém vai nos tirar do Mercosul e adotar medidas ilegais como as que estão sendo tomadas", disse ele à Radio Rebeld, emissora argentina. A entrevista, entretanto, foi gravada antes de o bloco anunciar sua decisão de expulsar o país.