Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Geral

- Publicada em 29 de Agosto de 2017 às 22:35

Laudos não apontam tuberculose em cervos

Legislação faculta ao empreendedor a possibilidade do abate, tanto por questões sanitárias quanto de natureza comercial

Legislação faculta ao empreendedor a possibilidade do abate, tanto por questões sanitárias quanto de natureza comercial


LISANDRO PAIM/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
A reportagem do Jornal do Comércio teve acesso aos laudos dos testes de tuberculose realizados em cervos do Pampas Safari, em Gravataí, ocorridos entre o segundo semestre de 2016 e janeiro deste ano. O material foi anexado à ação integrada da deputada estadual Regina Becker (Rede), da Fundação de Meio Ambiente de Gravataí (FMMA) e do Ministério Público Estadual contra o sacrifício dos animais. No final da semana passada, a 16ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre concedeu liminar interrompendo o processo de abate, que havia sido autorizado pela superintendência gaúcha do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A reportagem do Jornal do Comércio teve acesso aos laudos dos testes de tuberculose realizados em cervos do Pampas Safari, em Gravataí, ocorridos entre o segundo semestre de 2016 e janeiro deste ano. O material foi anexado à ação integrada da deputada estadual Regina Becker (Rede), da Fundação de Meio Ambiente de Gravataí (FMMA) e do Ministério Público Estadual contra o sacrifício dos animais. No final da semana passada, a 16ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre concedeu liminar interrompendo o processo de abate, que havia sido autorizado pela superintendência gaúcha do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Nos documentos, são listados os resultados de mais de 330 exames, assinados pelo médico veterinário Estanislau S. da Silva, os quais mostraram que os cervos testados não estavam infectados. Segundo os proponentes da interrupção, a documentação demonstra que não existem indícios de uma possível contaminação em massa, alegada pelo Ibama e por órgãos públicos de saúde e de meio ambiente. A tuberculose que atinge os cervídeos pode, em teoria, ser contraída por humanos. 
Também ontem, a Promotoria de Justiça de Defesa Comunitária de Gravataí instaurou inquérito civil para apurar possíveis irregularidades no processo. Segundo o Ministério Público, a promotora Carolina Barth Loureiro Ingracio solicitou documentos ao Ibama e ouviu veterinários sobre a questão. Em sua visão, as informações sobre o caso são "contraditórias" e é preciso "garantir a segurança dos animais e também da população que habita o entorno".
Segundo o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama (Cetas), a legislação faculta ao empreendedor a possibilidade do abate, tanto por questões sanitárias quanto de natureza comercial. Assim, embora tenha importância, a presença da doença não seria decisiva para a autorização dos procedimentos. Em abril, os proprietários do Pampas Safari solicitaram que fosse efetuado o abate dos cerca de 350 cervos do parque, e pediram liberação para comercializar a carne dos animais que não estivessem doentes.
Conforme o coordenador do Cetas, Paulo Wagner, a judicialização interrompeu o processo de abate organizado e sem sofrimento animal que estava em curso. Um frigorífico licenciado já tinha sacrificado pelo menos 20 cervos, quatro deles fêmeas prenhes. "O empreendedor encaminhou a solicitação, dizendo que não podia dar mais atendimento aos animais, e tem autonomia em casos como esse (envolvendo espécies exóticas). Se os grupos de pressão política consideram a lei absurda, deveriam ir aos congressistas pedir um projeto que a modifique", diz Wagner. Segundo ele, agora cabe ao Ibama apenas "observar" as ações dos grupos que acionaram a Justiça, já que o órgão federal não está entre os arrolados na ação.
O impasse é o destino final dos animais. Segundo Regina Becker, uma pessoa física, que possui um santuário para animais no Centro do País, já teria manifestado interesse em ficar com todos os exemplares. A prefeitura de Gravataí estuda, segundo o presidente da FFMA, Jackson Müller, um plano de relocação dos animais que não estiverem infectados. "Podemos doá-los para outro empreendimento, por exemplo. Não é um procedimento barato, mas é possível buscar alternativas para bancar os custos." Uma primeira reunião, na segunda-feira, trouxe poucos avanços para a questão.
No momento, não há certeza sobre quantos espécimes vivem no Pampas Safari. Um levantamento do Ibama, de 2013, dava conta de 636 animais, fora aves silvestres típicas da região. A área não recebe visitantes desde o fim do ano passado, quando os responsáveis alegaram impossibilidade de cumprir as exigências de funcionamento. Os proprietários do parque não responderam às tentativas de contato da reportagem.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO