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Infraestrutura

- Publicada em 17 de Agosto de 2017 às 21:51

Altos da Colina volta a ter abastecimento do Dmae

Duas caixas d'água foram limpas e abastecidas nesta quinta-feira

Duas caixas d'água foram limpas e abastecidas nesta quinta-feira


CLAITON DORNELLES /JC
Quem sobe o morro do Altos da Colina, no bairro Jardim Carvalho, na Zona Leste de Porto Alegre, não imagina que algumas pequenas caixas espalhadas pelo trajeto são responsáveis pelo abastecimento de mais de 100 famílias. Isso porque as duas caixas d'água de 5 mil litros do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), localizadas no alto do morro, não eram abastecidas há três meses.
Quem sobe o morro do Altos da Colina, no bairro Jardim Carvalho, na Zona Leste de Porto Alegre, não imagina que algumas pequenas caixas espalhadas pelo trajeto são responsáveis pelo abastecimento de mais de 100 famílias. Isso porque as duas caixas d'água de 5 mil litros do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), localizadas no alto do morro, não eram abastecidas há três meses.
Os moradores, sem opção, dependem uns dos outros - alguns possuem motorzinhos individuais que, ligados a mangueiras, bombeiam o líquido para os demais. Outros carregam, em baldes, água fornecida pelos vizinhos. Na manhã desta quinta-feira, o Dmae realizou a limpeza das duas caixas d'água, e, à tarde, um caminhão-pipa subiu o morro para abastecê-las. A ação foi realizada depois de um acordo entre o vereador Roberto Robaina (PSOL) e o secretário de Serviços Urbanos da Capital, Ramiro Rosário. No entanto, os moradores afirmam que a quantidade de água não é suficiente para todas as famílias. "Não dá nem para um dia, tem muita coisa acumulada, louça, roupa", explica Daniele Toledo dos Santos, de 32 anos, moradora da região há 18.
A alternativa é racionar. "A gente regula, dá um banho de bacia, vai controlando. Não tenho condições de comprar, então, para tomar, fervo a água", conta a moradora Eliane da Silva de Souza, de 36 anos, mãe de três filhos e grávida de mais um. Entre a maioria dos moradores, há um consenso: se conseguem água para matar a sede, já não reclamam.
Além do abastecimento precário, as caixas d'água estavam bastante sujas. "A água sai da caixa e vai direto para a pia. Não tem como beber", alega Daniele.
A Secretaria de Serviços Urbanos, por meio do Dmae, informou em nota que o morro do "Altos da Colina é uma área de risco onde não é permitido colocar rede de água. O Ministério Público autorizou a colocação de reservatórios e a comunidade se responsabilizou em cuidar da rede e dos equipamentos. Está em avaliação no departamento uma solução técnica para o local".

Local é considerado de risco; desapropriação está em andamento

Comunidade se localiza embaixo de rede de alta tensão da CEEE

Comunidade se localiza embaixo de rede de alta tensão da CEEE


CLAITON DORNELLES /JC
Instalados na área dos Altos da Colina há mais de 30 anos, os moradores ainda correm o risco de ser despejados. O terreno onde vivem não deveria ser habitado, uma vez que se trata de uma Área de Preservação Permanente (APP) e próxima a uma rede de alta tensão de 230 mil volts da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). Por esse motivo, a empresa pede a desocupação do local, em função dos riscos à vida dos moradores.
No final de maio, duas famílias foram retiradas de suas casas. A reintegração de posse envolveu disparos de tiros de borracha e uso de gás lacrimogêneo. De acordo com as famílias, os moradores envolvidos na ação de reintegração sofrem represálias até hoje. "A polícia de choque trata todo mundo como lixo, como se fossem vagabundos. Atiraram contra crianças, idosos", conta o morador Márcio Almeida Pereira, de 43 anos.
Mesmo preocupados com a possibilidade de despejo, os moradores não se recusam a sair, caso lhes seja oferecida uma moradia em outro lugar. "Não temos para onde ir. Moro aqui há 14 anos e nunca ninguém veio dizer que não podia. Quando compramos, não tinha placa, não era cercado. Agora, querem nos tirar", reclama Rudinara Pereira, de 33 anos. Por enquanto, eles contam com o apoio da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul. Segundo eles, tudo que foi oferecido pela CEEE foi um caminhão para auxiliar na retirada dos pertences.
Procurando lutar pelo direito de permanecer no local, os residentes planejam protestos em frente à prefeitura de Porto Alegre, ainda sem data para ocorrer. De acordo com a moradora Tânia Beatriz, de 58 anos, a comunidade não vai desistir. "Se eu sair daqui, vai entrar outro. Se vão nos tirar, tem que cercar o lugar, tem que ser uma coisa concreta. Vamos lutar até o fim", promete.