A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) foi fundada em 14 de agosto de 1937, em uma época de incertezas com a decretação do Estado Novo, e sempre caracterizou a sua atuação pela união na promoção e defesa dos interesses do setor industrial e do desenvolvimento gaúcho. Quando foi criada, a Fiergs representava 21 sindicatos setoriais filiados e, um ano depois, passou a integrar o grupo das primeiras federações organizadas no Brasil, formando juntamente com São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais, a base da Confederação Nacional da Industrial (CNI). Carlos Tannhauser, que presidia o Centro da Indústria Fabril (Cinfa), que mais tarde adotou a atual denominação de Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (Ciergs), foi também o primeiro dirigente da Fiergs. A partir de 1937, com a criação da Federação, é eleito um presidente para as duas entidades, que igualmente passaram a ter uma trajetória de coesão.
Foi a preocupação com a situação da economia, agravada pela Revolução de 1930, que reuniu industriais em torno da formação de uma entidade. Dessa forma, surgiu o Centro da Indústria Fabril, em 7 de novembro de 1930, e que teve A. J. Renner como primeiro presidente. Com o apoio do Cinfa foram organizados novos sindicatos industriais até que, em 1937, criaram a Federação das Indústrias. Nessas oito décadas, a Fiergs mantém a liderança do processo de industrialização do Estado e exerce o protagonismo em diversas questões que envolvem desde a infraestrutura até a inserção internacional dos produtos "made in RS". Da sua história fazem parte episódios marcantes como o anúncio do Plano de Eletrificação do Estado, antiga reivindicação dos industriais, feito pelo governador Walter Jobim em 1948, durante uma reunião-almoço da entidade. Esses encontros ao meio-dia, depois viraram tradição na Fiergs, reunindo não apenas industriais, mas autoridades, políticos, profissionais liberais, executivos e jornalistas na sede localizada no edifício Formac, na Travessa Leonardo Truda.
Com o tempo, porém, o espaço ficou acanhado e foi preciso pensar grande. Como resultado, ocorreu o lançamento da pedra fundamental da futura sede em 1983 e, em 1987, a Fiergs e o Ciergs passaram a ocupar o novo endereço, na avenida Assis Brasil, que simboliza a modernidade do setor e a convergência de atividades que marcam o século XXI. Nesse mesmo ano, a Fiergs teve uma atuação firme na Constituinte e levou a Brasília mais de 33 mil assinaturas de uma emenda popular que liderou com o Movimento pela Liberdade Empresarial.
Em 2010, a entidade também enfrentou com firmeza uma divergência interna, quando o diretor das Empresas Randon, Astor Schimitt, entrou na disputa pela presidência, contrariando a tradição de chapa única. Ele não obteve o apoio esperado e retirou a candidatura. O sucessor de Paulo Tigre foi Heitor José Müller, como já estava previsto.
Nas lembranças dos ex-presidentes, porém, o que importa é a trajetória da entidade ao lado dos industriais. Müller, ao transmitir o cargo para o atual presidente Gilberto Petry, frisou que liderou duas gestões diferentes, enfrentando o crescimento da economia e depois o declínio, agravado pela crise política. Mas, mesmo em meio às turbulências, destacou que "atuamos sem cessar, diariamente, para promover e defender os interesses da indústria. Seria ilógico trabalhar distante da realidade das fábricas. Seria um contrassenso a Fiergs não estar sempre junto dos industriais."
Paulo Vellinho enaltece o conteúdo "variável, diversificado e instigador do patriotismo" da entidade e destaca o "dogma que cada um de nós diretores levava no peito: servir sem servir-se!". Sérgio Schapke considera que o desafio dos dias atuais é colaborar para "quebrar a tendência de atraso do Rio Grande do Sul", enquanto Luiz Carlos Mandelli destaca a união das diferentes entidades empresariais em defesa de pleitos comuns ocorrida na sua gestão. Seu sucessor, Dagoberto Lima Godoy, ressalta o papel da Fiergs em congregar os industriais, especialmente os de médias e pequenas empresas, para identificar questões do interesse coletivo e fornecer informações e recursos para o crescimento dessas empresas.
Renan Proença, por sua vez, faz referência à construção da nova sede como um marco para efetiva união dos diferentes segmentos industriais que ali encontram estrutura e respaldo para o encaminhamento de seus projetos de desenvolvimento. A união da casa em torno de princípios comuns também é apontada por Paulo Tigre como a principal característica e o segredo da longevidade da Federação.