Porto Alegre, ter�a-feira, 22 de agosto de 2017. Atualizado �s 23h52.

Jornal do Com�rcio

COMENTAR | CORRIGIR

ENTREVISTA

Not�cia da edi��o impressa de 23/08/2017. Alterada em 22/08 �s 23h57min

Ant�nio Cesa Longo: foco na ind�stria local e no consumidor

Conforme Ant�nio Cesa Longo, presidente da Agas, para obter sucesso no setor � preciso vivenciar o varejo

Conforme Ant�nio Cesa Longo, presidente da Agas, para obter sucesso no setor � preciso vivenciar o varejo


JONATHAN HECKLER/JC
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, está à frente da entidade há 15 anos. Nesse período, o País enfrentou - e enfrenta ainda - crises políticas e econômicas. Mas apesar do cenário muitas vezes adverso, ele sempre manteve o otimismo e a confiança no setor supermercadista gaúcho.
Hoje, a Agas congrega mais de 70 mil pessoas anualmente em seus eventos e qualifica mais de 6 mil gestores e colaboradores de supermercados por ano, com cursos teóricos e práticos nas mais diferentes áreas. Oferece também um trabalho técnico de assessoramento aos associados através dos Comitês (Jurídico, TI, Centrais de Negócios, Meios de Pagamento, RH, Prevenção de Perdas e Relações Institucionais), e o engajamento de sucessores do setor através das atividades do Agas Jovem. Outra bandeira da gestão de Longo é o reconhecimento da Expoagas como maior feira de varejo do Cone Sul.
Nesta entrevista, o dirigente aborda a atual situação do setor, a expectativa com a reforma trabalhista e o desafio de atender um consumidor exigente como é o gaúcho.
Jornal do Comércio - A previsão para 2016 era de que não haveria aumento de vendas. Essa tendência se confirmou? Como o setor fechou o ano passado? Foi melhor que 2015, ano que apresentou a primeira queda real em 13 anos?
Antônio Cesa Longo - O setor conseguiu registrar um crescimento real de 3,4% em 2016, um resultado positivo, mas conquistado sobre uma base ruim de 2015. O setor está buscando um crescimento contínuo e sustentável, sempre tentando privilegiar a indústria local e atender aos anseios dos consumidores.
JC - O ano está entrando na reta final. A previsão de otimismo se confirmou ou a crise política ainda segue impedindo a retomada do crescimento do País?
Longo - O cenário político-econômico refreia o consumo dos brasileiros, este é um desafio que foge ao controle do setor. Entretanto, o varejo nunca recorreu aos governos para construir seu crescimento e, novamente, estamos otimistas com o trabalho que está sendo feito para mantermos este patamar de crescimento ao final de 2017. A Expoagas e as festas de fim de ano serão pontos decisivos para os resultados neste ano, por isso, ainda é cedo para perspectivas mais concretas de balanço.
JC - O setor supermercadista gaúcho sempre teve uma posição de destaque no cenário nacional. Mesmo com a crise econômica pelo qual passa o Estado, como está o desempenho do setor local?
Longo - O Rio Grande do Sul possui empresas de vanguarda no cenário varejista brasileiro, e continuamos com este predicado. O consumidor gaúcho é o mais exigente do Brasil, e isto faz supermercados mais eficientes para o atendimento desses clientes. Algumas das empresas supermercadistas mais admiradas do País estão no Estado, na Capital e no Interior.
JC - O que mais pode ser feito para incentivar a retomada do crescimento? Quais as principais dificuldades enfrentadas pelos empresários?
Longo - Há muitos entraves para o setor, mas certamente uma definição completa do panorama político contribuiria para o desenvolvimento econômico do País. O consumidor está receoso e sem saber se terá emprego na semana seguinte, isto refreia o consumo e provoca uma reação em cadeia significativa. A complexidade tributária também precisa ser melhorada, bem como os investimentos em infraestrutura.
JC - Em sua opinião a reforma trabalhista irá beneficiar empresários e trabalhadores do setor? De que forma?
Longo - Comungamos da opinião de nossa entidade-mãe, a Associação Brasileira de Supermercados, que vê neste texto da reforma trabalhista uma modernização das relações entre empresas e empregados. Estaremos debatendo seu impacto durante a Expoagas 2017, mas há muitas amarras que estão sendo flexibilizadas e irão oportunizar desenvolvimento às empresas. O empresário precisa ser incentivado a contratar, as empresas são a mola propulsora do País. O trabalho intermitente será a grande conquista para ambas as partes. Nosso setor tem a necessidade e oportunidade de contratações para trabalhos nos fins de semana de até 3 horas/dia.
JC - O ramo supermercadista ainda é um bom nicho de negócio? Para quem pensa em investir em um supermercado, qual a sua dica?
Longo - O setor trabalha com margens cada vez mais apertadas e muito foco no giro dos produtos. É um ramo que demanda paixão, em que não há fim de semana ou feriado. Quem trabalha com varejo precisa viver o varejo, esta é a chave do sucesso.
JC - Em tempos em que a experiência de consumo tem muito valor, como os supermercadistas estão lidando com essa tendência?
Longo - A ideia de oportunizar uma experiência diferenciada de compra é uma tendência mundial para qual o varejo gaúcho está atento. Cada vez mais vemos ações pontuais e inovações de empresas do setor nesse sentido, e mesmo os pequenos mercados estão apostando nesses diferenciais para fidelizarem os clientes. O consumidor quer se identificar com o seu local de compra e, neste cenário, as empresas regionais têm alguma vantagem sobre as grandes multinacionais. O consumidor quer ter uma relação de fidelidade com o seu supermercado e o varejo local normalmente está muito inserido dentro da sua comunidade, participando dos seus problemas e das suas soluções.
JC - Mesmo com essa mudança de comportamento dos clientes, o preço baixo prevalece sobre o atendimento e qualidade das lojas?
Longo - Esta máxima não é uma regra. Há diferentes públicos e, para cada público, um conceito a ser trabalhado. Em geral, o consumidor está em busca do melhor custo-benefício. O preço normalmente é o fator número 1 na decisão de compra, sobretudo nestes últimos três anos, em que 40% dos produtos sofreram tradedown, mas o varejista que conseguir enxugar seus custos sem prejudicar seus serviços estará um passo à frente na sobrevivência do mercado.
JC - Qual o papel da Agas como defensora dos interesses dos seus associados? Hoje, quais são as ações mais relevantes promovidas pela entidade?
Longo - A Agas é a voz do segmento supermercadista junto aos diferentes poderes e entes públicos. Participamos continuadamente de diálogos com os governos e suas autarquias, em busca de melhores condições não apenas para o varejo, como para toda a cadeia e, sobretudo, para o consumidor final. Não existe crescimento sustentável se todos os elos da economia não crescerem juntos. É nisso que acreditamos.
JC - Há 15 anos à frente da entidade, quais as ações que o senhor destaca mais importantes? Quais seus projetos para o futuro?
Longo - A trajetória de sucesso da Agas confunde-se com a história de crescimento do setor no Estado, e o trabalho que estamos realizando hoje é fruto dos esforços de muitas pessoas que acreditaram nas ações da Agas ao longo dos seus quase 50 anos. Hoje, a entidade desenvolve um trabalho modelar para o País na capacitação profissional, através de cursos de gestão e cursos operacionais, muitos deles com a nossa Escola Móvel que percorre o Interior levando aulas todas as semanas. Além disso, a Expoagas está consolidada como a grande feira varejista do Cone Sul, a nossa política de interiorização é exitosa e configura-se no principal segredo da mobilização do setor em todo o Estado, e as relações institucionais da Agas com o poder público e com outras entidades nos garante diálogo aberto para que sigamos em busca de novos desafios.
COMENTAR | CORRIGIR
Coment�rios
Seja o primeiro a comentar esta not�cia
Antiga p agina Inicial

Acesse o caderno especial online