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Conjuntura

- Publicada em 11 de Setembro de 2017 às 21:15

Imóveis menores ganham terreno

Yourban é considerado de pequeno porte para os padrões

Yourban é considerado de pequeno porte para os padrões


OSPA/OSPA/DIVULGAÇÃO/JC
A população de Porto Alegre se acostumou, nos últimos anos, a ver surgirem novos edifícios que se destacam pelo porte e pela altura, sejam residenciais ou comerciais. Mas não só de prédios altos e grandes condomínios será feito o futuro das construções da cidade. Dentro de bairros mais tradicionais ou mais próximos do Centro, por exemplo, as incorporadoras e os escritórios de arquitetura têm encontrado espaço para construções menores, apostando em imóveis direcionados a nichos específicos do mercado, inclusive com projetos premiados internacionalmente.
A população de Porto Alegre se acostumou, nos últimos anos, a ver surgirem novos edifícios que se destacam pelo porte e pela altura, sejam residenciais ou comerciais. Mas não só de prédios altos e grandes condomínios será feito o futuro das construções da cidade. Dentro de bairros mais tradicionais ou mais próximos do Centro, por exemplo, as incorporadoras e os escritórios de arquitetura têm encontrado espaço para construções menores, apostando em imóveis direcionados a nichos específicos do mercado, inclusive com projetos premiados internacionalmente.
Esse movimento decorre da escassez de terrenos maiores disponíveis nas áreas mais próximas aos bairros centrais. Assim, a busca por localizações mais valorizadas também envolve soluções mercadológicas e arquitetônicas diferentes do modelo de condomínio-clube, por exemplo. Um caso é o projeto Yourban, um prédio em construção em uma área de 753 metros quadrados no cobiçado bairro Menino Deus. Com previsão de 2,3 mil metros quadrados de área construída, o prédio é considerado de pequeno porte para os padrões de Porto Alegre. "As pequenas construtoras têm investido nisso, de aproveitar dois ou três terrenos juntos, por exemplo, em localizações específicas", explica Gustavo Stefanini, sócio da ST4 Incorporações, realizadora da obra.
Com lançamento previsto ainda para 2017, o Yourban terá 13 apartamentos distribuídos em oito andares. "Será um prédio mais enxuto em infraestrutura. Tem um salão de festas e um bicicletário, mas não tem piscina ou salão gourmet, por exemplo", esclarece Stefanini. Além da localização, também vai influir no valor do imóvel a possibilidade de os clientes escolherem configurações internas personalizadas. "A ideia é colocar no apartamento o que o cliente quer. Há quem faça adaptações depois de o apartamento estar pronto. Mas aí é mais um custo para o cliente e são mais resíduos para a cidade", explica Stefanini.
O projeto arquitetônico - um dos vencedores do International Property Awards Americas 2016 - é outro diferencial do prédio. Para o melhor aproveitamento do espaço, optou-se por apartamentos duplex no último andar e por sacadas dispostas de forma alternada. O salão de festas envidraçado estará no térreo, com a proposta de garantir mais segurança tanto interna quanto externamente, graças à conexão visual com a rua. "Os dois lados estão se vendo. As pessoas estão percebendo que ver e ser visto dá mais segurança", explica a arquiteta Ellen Bernardi, líder do projeto e sócia do escritório OSPA.
Outro dos sócios da OSPA, Lucas Obino, conta que o escritório trabalha em outros projetos de dimensões semelhantes em bairros como Cidade Baixa, Três Figueiras e Chácara das Pedras. Todos, de alguma forma, buscam uma proximidade maior com o ambiente externo. "Há um movimento no urbanismo de os centros urbanos se voltarem às ruas. O Brasil foi vanguarda do movimento modernista, que era urbanismo do pós-guerra, tudo tinha escala industrial. Era um mundo dentro de um prédio. Hoje, a preocupação é com a colocação do prédio na rua", analisa Obino.
Projetos assim poderão ganhar ainda mais destaque em um futuro próximo, devido às próprias mudanças no comportamento do público. Ellen e Obino revelam que há uma procura crescente por apartamentos menores, com 20 a 60 metros quadrados. E as novidades da tecnologia e da vida urbana poderão determinar a diminuição ou mesmo a ausência de vagas de garagem em projetos futuros - na medida em que parte do público começa a substituir o automóvel próprio pelo uso de serviços particulares, como o Uber. "Um sinal disso é que já começa a haver demanda por projetos com porte-cochère (entrada coberta na fachada) em vez de garagem", diz Obino.

Profissionais criticam estratégias oficiais

Instabilidade política ainda freia o desenvolvimento, diz Wollmann

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JONATHAN HECKLER/JONATHAN HECKLER/JC
A conjuntura econômica e política não é o único fator a trazer dificuldades ao mercado da construção. Além de identificar a retração sofrida quanto aos investimentos e ao nível de empregos, entidades de áreas como a engenharia e a arquitetura sustentam que o desenvolvimento da área construtiva passa também por decisões estratégicas do poder público.
Uma constatação imediata é a perda de vagas. O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio Grande do Sul (Senge-RS) contabilizou um número crescente de rescisões de contratos nos últimos anos. O total anual, que em 2014 seria próximo de 200 rescisões, aumentou para 478 em 2015 e ficou em 437 em 2016. Nesse contexto, 2017 parece sinalizar uma recuperação - até a primeira quinzena de agosto, foram 166 rescisões. "Isso abrange todas as áreas da engenharia, mas é especialmente pela construção civil", afirma Alexandre Wollmann, vice-presidente do sindicato.
Wollmann acredita que a instabilidade política nacional ainda é o principal freio ao desenvolvimento e aos novos investimentos, e está relacionada com erros estratégicos da atual gestão. "A reforma trabalhista, do jeito que foi imposta, deixou incertezas. Até o Judiciário tem dúvidas. Por que não se discutiu as reformas política e tributária primeiro? Os governos só enxergam despesa, não pensam em melhorar a receita", observa.
Nas empresas de arquitetura, também houve reduções. Mesmo sem números detalhados, a divisão gaúcha da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA) reconhece que o mercado encolheu. "Os escritórios fizeram cortes, inclusive da associação", relata Paulo Henrique Rodrigues, presidente da entidade no Rio Grande do Sul.
Rodrigues ressalta a necessidade de um planejamento público mais consistente para que a construção civil possa se desenvolver em todas as áreas, especialmente na Região Metropolitana. "Em Porto Alegre, está começando um deslocamento para outros centros", analisa. "O ideal seria o poder público garantir transporte, segurança e infraestrutura em áreas mais afastadas", acrescenta Rodrigues.